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sábado, 23 de setembro de 2017

ZABRISKIE POINT (Zabriskie Point) EUA, 1970 – Direção Michelangelo Antonioni – elenco: Mark Frechette, Daria Halprin, Paul Fix, G. D. Spradlin, Rod Taylor, Bill Garaway, Kathleen Cleaver, Harrison Ford, Tom Steele – 113 minutos

A devastadora inércia burguesa conduz ao deserto e ao abismo, e enquanto isso, o cinema e todas as artes seguem traduzindo as nossas pequenas inssurreições.

O nome do filme é uma homenagem à região árida localizada no oeste dos Estados Unidos, no Vale da Morte. Também árido é o tema principal abordado pelo filme: o movimento da Contracultura, que teve seu auge na década de 1960. E só tem uma palavra que pode definir a maneira como filme foi recebido pela crítica e pelo público da época: aridez. “Zabriskie Point”, do grande cineasta italiano Michelangelo Antonioni, é marcado pelo encontro de dois jovens. Ela, Daria, viaja de carro até Phoenix para encontrar seu chefe, um empresário que planeja construir um condomínio de luxo na Califórnia. Ele, Mark, jovem que está insatisfeito com o falatório das reuniões estudantis e decide que, muito mais do que discussão e reflexão, precisa de ação. Por isso, quando os protestos na universidade tornam-se violentos com a chegada da polícia, ele decide comprar um revolver e tomar atitudes práticas. No conflito entre estudantes do Campus e policiais, alguns alunos são atingidos por gás lacrimogêneo e um estudante é baleado. Neste momento, Mark saca a arma e aparece a cena de um policial sendo morto. O autor do tiro não é claramente definido, mas a atitude de Mark é fugir. Para isso, ele rouba um pequeno avião. No meio do deserto, os dois se encontram e a atração é imediata.

“Zabriskie Point” não é considerado o melhor trabalho do cineasta italiano Michelangelo Antonioni. O filme é o segundo de um contrato fechado por Antonioni para realizar três filmes em inglês, tendo feito “Blow Up” em1966 e “O Passageiro - Profissão: Repórterem 1975. O filme sofreu problemas com os produtores, até porque é bastante complicado tratar de temas polêmicos como o combate ao capitalismo, justamente dentro dos Estados Unidos. Por isso, foi duramente ressaltada a arrogância de um estrangeiro de vir criticar tão enfaticamente o país. Outra crítica feita foi em relação à atuação de Mark Frechette e Daria Halprin, que, inclusive, emprestaram seus nomes aos personagens. A escolha de atores amadores, no entanto, tem o mérito de filmar rostos novos e pessoas menos presas a “técnicas” de atuação pré-definidas. À época de seu lançamento, foi um fracasso de crítica e público: o filme aborda a contracultura dos anos 1960 e critica o capitalismo de forma um tanto forte – nos EUA do início dos anos 1970, tais temas se mostravam saturados ou incômodos demais, sobretudo quando emergiam sob o olhar de um forasteiro. Entretanto, o filme tem sido reavaliado depois de décadas, alcançando um status diferenciado quando recolocado fora do seu contexto de lançamento, releitura que pode ser sintetizada pela fala de David Fricke, editor da revista Rolling Stone: “Zabriskie Point foi um dos desastres mais extraordinários da história do cinema moderno”.


As viagens inusitadas das duas personagens e as vastidões das paisagens capturadas pela câmera aludem ao desejo de liberdade dos jovens, que se conhecem e fazem amor, em uma longa cena onde mais casais arrastam-se pelas areias do deserto em uma clara referência ao amor livre. Na hora de retornar, o avião de Mark é pintado ao estilo “flower power”, e ambos se despedem para nunca mais se ver, após conversas sobre a sociedade e o movimento estudantil, opiniões sobre a vida, drogas e ideologia. Mas os diálogos estão longe de serem o ponto onde o filme se foca. É nas imagens, com suas cores, planos e ângulos, que o diretor constrói suas ideias, a principal delas sendo um ataque ao capitalismo norte-americano através das citações aos outdoores e produtos do consumismo. “Zabriskie Point” foi alvo de censura, mas nenhuma maior que a interna. Muitas cenas foram cortadas pelo estúdio e, inclusive, a conclusão foi modificada. Um filme original e diferente principalmente em se tratando de uma obra do mestre da incomunicabilidade: Michelangelo Antonioni.  


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