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quinta-feira, 29 de setembro de 2016

TÔ RYCA – Brasil, 2016 – Direção Pedro Antônio – elenco: Samantha Schmütz, Katiuscia Canoro, Fabiana Karla, Marília Pera, Marcelo Adnet, Marcus Majella, Mauro Mendonça, Anderson Di Rizzi, Marcelo Melo, João Camargo, João Côrtes – 110 min



Apesar da crítica em geral falar muito mal do filme, ele merece ser visto, pois tem bons momentos de comicidade e vale sim o ingresso. E por mais que o argumento pareça desgastado, é com satisfação que se percebe mais uma vez em cena, dessa vez com vigor renovado e discurso em sintonia com o momento atual. A trama é sobre uma moça pobre, frentista carioca sem qualquer sorte na vida, que descobre ser a única herdeira de uma fortuna de trezentos milhões de reais; porém, para que possa colocar as mãos no dinheiro, precisa vencer o desafio de, no prazo de trinta dias, gastar 30 (trinta) milhões de reais, com a única condição de gastar tudo isso sem acumular nada em seu próprio nome. Ao invés de investir em um time esportivo ou gastar cada tostão de modo irresponsável, a protagonista decide contra-atacar partindo para uma tática quase inesperada: lançando-se na política como candidata à Prefeitura do Rio de Janeiro.

TÔ RYCA consegue ser relevante por conta da habilidade do seu elenco, que cria personagens diferenciados e muito hilários. A Selminha, a protagonista, muito bem interpretada por Samantha Schmütz, é desbocada e intempestiva, porém não é uma qualquer de ser enganada, e estará em seu coração a chave para sua virada. Luane, a melhor amiga, papel de Katiuscia Canoro, vizinha e colega de trabalho da Selminha, com quem divide a bomba do posto de gasolina e as tristezas do cotidiano sem qualquer conforto, é outra figura satisfatoriamente real, que não se deslumbra com qualquer coisa e prefere manter o pé no chão antes de se meter em alguma roubada. Fabiana Karla como a fiscal do fiscal está ótima. Marília Pera, brilhante como sempre, num de seus últimos papéis antes de morrer, faz a estilista Madame Claude em grande estilo. Mauro Mendonça está muito bem como o advogado inescrupuloso. O filme se empenha bem em fazer uma crítica política, por meio do papel de Marcelo Adnet, como o candidato a Prefeito, Falácio Fausto, político conservador e religioso, que faz discursos contra homossexuais, negros, prostitutas etc em prol da família. O filme não apela para escatologias e nem humor rasteiro e isso é uma qualidade.


quarta-feira, 28 de setembro de 2016


O TESOURO (Comoara) Romênia, 2015 – Direção Corneliu Porumboiu – elenco: Toma Cuzin, Adrian Purcarescu, Nicodim Toma, Corneliu Cozmei, Radu Banzaru, Florin Kevorkian, Laurentiu Lazar, Dan Chiriac, Ana Maria Stegaru, Clemence Valleteau – 89 minutos




Uma visão bem lúdica, sem deixar de lado o realismo característico do cinema romeno. A temática do filme é um notável estudo sobre a solidão. É interessante como o filme insere em um universo adulto uma noção quase que infantil de busca ao tesouro. É curiosa a relação do personagem principal com seu filho. Ele conta uma história pesada para o menino, ao mesmo tempo que, em sua vida pessoal, investe em uma trama de sonhos. Situado num cenário de crise econômica, a narrativa se apresenta bastante realista mas prevalece a aura de fábula. Com um troque amargo e, às vezes, cômico, um funcionário público e um vizinho arruinado se unem para buscar um provável tesouro, que estaria enterrado na casa de campo do avô de um deles. O plano tinha tudo para dar errado, até porque estamos numa sociedade em que ninguém parece plenamente confiável, basta perceber que um ladrão arrombador é quem presta serviços para a polícia. O mais absurdo é que a história é baseada em lendas familiares da vida do avô do ator Adrian Purcarescu. Sua família, que era nobre, tinha terras em Islaz, região que viveu uma breve revolução em 1848. Décadas depois, as terras foram desapropriadas pelo governo comunista, mas com a queda do regime, foram requisitadas e devolvidas à família do ator. É interessante destacar que o funcionário público (brilhantemente interpretado por Toma Cuzin), é na verdade um assalariado romeno pai de família absolutamente comum numa versão de um dos heróis mais clássicos de todos os tempos – Robin Hood. 



Corneliu Porumboiu é um dos mais notáveis cineastas do atual cinema romeno, e reconhecido internacionalmente pelo seu senso de humor satírico e muito crítico em relação aos problemas sociais e econômicos do seu país. Basta lembrar de dois dos seus filmes mais aclamados: A LESTE DE BUCARESTE (2006) e POLÍCIA, ADJETIVO (2009), ambos premiados no Festival de Cannes. É curiosa a maneira como o diretor constrói o cenário por onde sua história acontece. Não há nenhuma pressa em relatar sua fábula, ele só deseja contar o que ele mesmo ouvia quando era criança. O filme, na verdade, torna-se um discurso arrojado de verdade, forte, contundente e, ao mesmo tempo, sublime, leve e sem catequeses. Promete pouco, mas apresenta muito mais do que o esperado ao longo do seu desenrolar. O desfecho é poético e significativo ao som da Banda iugoslava Laibach, com uma cena que vale o filme inteiro. Resumindo, há duas forças importantes que conduzem essa obra emblemática: a ficção-histórica, onde o contexto sócio-político passado e presente da Romênia é visitado, e a fantasia, onde a trama consuma o desejo de aproximação do pai para com seu filho. 

segunda-feira, 26 de setembro de 2016



HORAS DECISIVAS (The Finest Hours) EUA, 2016 – Direção Craig Gillespie – elenco: Chris Pine, Casey Affleck, Ben Foster, Eric Bana, Holliday Grainger, John Ortiz, Kyle Gallner, John Magaro, Graham McTavish, Michael Raymond-James, Beau Knapp – 117 minutos.



Com um elenco primoroso, encabeçado por Chris Pine, Casey Affleck (trazendo sua intensidade tradicional para o papel), Ben Foster, Eric Bana, entre outros, esta história real inspira um filme extremamente nostálgico, festejando a coragem, a amizade e o amor. É uma verdadeira homenagem às grandes fábulas de Hollywood. Com um roteiro inspirado no livro homônimo de Casey Sherman e Michael J. Tougias sobre a história real do então considerado resgate mais heroico da guarda costeira norte-americana, um feito que, desde 1952 até hoje, permanece intocado, o filme é o que promete: uma boa história de aventura, superação das adversidades e romance presentes nos filmes atemporais da Disney. Começa de modo pouco convencional tomando tempo considerável de tela para enfim jogar a ação da catástrofe que atinge o navio-tanque e, consequentemente, no resgate. 




A Crítica internacional e brasileira, de uma forma geral, torceu o nariz para o filme, considerando-o menor e sem grande qualidade. A verdade é que o filme realmente não é uma obra-prima, mas convence e é muito bem filmado, com uma história que prende o espectador e provoca grande interesse. Com imagens espetaculares e realistas, a tempestade retratada em todo o filme serve de ocasião para mostrar algo grandioso no homem. As tomadas são repletas de tensão e consegue emocionar quem está assistindo. O diretor de fotografia Javier Aguìrresarobe, que brilhou com os trabalhos em A ESTRADA (The Road - 2009) e OS OUTROS (The Others - 2001), desenvolve uma cinematografia impressionante, com imagens surpreendentes e arrebatadoras. Há que se destacar a direção de Craig Gillespie, que constrói ótimos momentos, além do excelente clímax. Só há uma pequena crítica a fazer, é com relação ao tempo de duração, que é um pouco longo, 90 minutos seria excelente. Assim mesmo, o filme vale o ingresso!!!!