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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

71º Lugar - ROSA DE ESPERANÇA (Mrs. Miniver) EUA, 1942



OS 100 MELHORES FILMES DE TODOS OS TEMPOS!!

71º Lugar - ROSA DE ESPERANÇA (Mrs. Miniver) EUA, 1942 – Direção de William Wyler – elenco: Greer Garson, Walter Pidgeon, Teresa Wright, Richard Ney, Dame May Whitty, Reginald Owen, Henry Travers, Henry Wilcoxon, Tom Conway, Christopher Severn, Brenda Forbes, John Abbott – 134 minutos.

É o mais famoso filme de propaganda, típico da época, sobre o esforço de guerra. Aclamado mundialmente como o clássico de guerra do mais sombrio, porém mais nobre, momento de uma nação! Uma formidável história que, na verdade, é uma extraordinária ode patriótica. Foi um sucesso estrondoso de público e de critica. Recebeu 12 indicações ao Oscar de 1943, ganhou seis: Melhor Filme, Melhor Diretor: William Wyler, um dos mais importantes diretores da história do cinema, realizador de filmes absolutamente notáveis, como BEN-HUR (1959), OS MELHORES ANOS DE NOSSAS VIDAS (1946), O COLECIONADOR (1965), O MORRO DOS VENTOS UIVANTES (1939), INFÂMIA (1936), BECO SEM SAÍDA (1937), JEZEBEL (1938), PÉRFIDA (1941), A CARTA (1940), TARDE DEMAIS (1948), DA TERRA NASCEM OS HOMENS (1958), A PRINCESA E O PLEBEU (1953), FUNNY GIRL – A GAROTA GENIAL (1968) etc;



Melhor Atriz: Greer Garson, que recebeu o Oscar das mãos de Joan Fontaine, pronunciou o mais longo discurso da história e o mais lendário, está memorável no papel-título, que ela aceitou com muita relutância, pois tinha apenas 33 anos, e a personagem era mãe de um rapaz casado, feito pelo ator Richard Ney. Na vida real Greer casou-se com ele, o que causou um escândalo na época e a Metro não conseguiu evitar; Melhor Atriz Coadjuvante: Teresa Wright, tinha 23 anos, faz a nora dos Miniver, falecida em 2005, aos 86 anos; Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Fotografia em Preto e Branco. Foi indicado ainda para Melhor Ator (Walter Pidgeon), Melhor Ator Coadjuvante (Henry Travers), Melhor Atriz Coadjuvante (Dame May Whitty), Melhores Efeitos Especiais, Melhor Som e Melhor Edição. O filme fala de uma família inglesa de classe média alta, durante a Segunda Guerra Mundial, resistindo aos ataques nazistas e sobrevivendo à retirada de Dunquerque.



Curiosamente, é um filme de guerra, sem cenas de guerra, tudo é sob o ponto de vista dos civis. A luta é mostrada através da reação das pessoas que não estão no front. A Sra. Miniver não pilota aviões sobre Londres e nem se aventura nos mares do Norte em batalha, mas está certamente fazendo seu melhor em uma Inglaterra em guerra. Qualquer pesquisa na internet sobre os bastidores da produção revelará a grande influência que o filme exerceu na Europa, em especial na Inglaterra, que àquela altura da Segunda Guerra Mundial era um dos poucos países ainda não invadidos pela Alemanha nazista. Ficou famosa a frase do Primeiro-Ministro britânico, Winston Churchill, que ROSA DE ESPERANÇA tinha feito mais pelo esforço de guerra do que um frota inteira de destróieres. Já nos EUA, o Presidente Roosevelt ficou tão impressionado com o discurso final pronunciado pelo personagem do vigário, que determinou que o mesmo fosse repetido nas transmissões de rádio da Voz da América, e atirado, em cópias de papel, por sobre toda a Europa. Greer Garson dá um show, nesta que é uma das grandes interpretações do cinema. Confortando crianças em um abrigo, capturando um paraquedista inimigo, ela dá uma mostra do orgulhoso espírito britânico. Enquanto Hitler fazia seu pior, a Sra. Miniver fez o seu melhor. Absolutamente belo e um verdadeiro clássico do cinema!!

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

72º Lugar - O DISCRETO CHARME DA BURGUESIA ( Le Charme Discret de La Bourgeoisie / El Discreto Encanto de La Burguesia) França, Espanha, 1972



OS 100 MELHORES FILMES DE TODOS OS TEMPOS!!

72º Lugar - O DISCRETO CHARME DA BURGUESIA ( Le Charme Discret de La Bourgeoisie / El Discreto Encanto de La Burguesia / Il Fascino Discreto Della Borghesia) – França, Espanha, Itália, 1972 – Direção Luís Buñuel – elenco: Fernando Rey, Delphine Seyrig, Jean-Pierre Cassel, Michel Piccoli, Stéphane Audran, Julien Bertheau, Paul Frankeur, Bulle Ogier, Milena Vukotic – 102 minutos.

A burguesia foi um dos maiores alvos de críticas por parte de muitos cineastas, em especial europeus, por ser composta normalmente pelos tipos mais mesquinhos, egoístas e interesseiros da sociedade, entre outras características mais indigestas. Donos de uma fortuna descendida da vergonha, de uma educação duvidosa e de um requinte inegável, sua função é basicamente ostentar algo do qual não é digna. Talvez decididos a expor isso ao mesmo tempo em que mostravam ao mundo sua indignação com tamanha futilidade, diretores como Godard e Antonioni focaram boa parte de suas respectivas obras em desmoralizá-la. No entanto, foi o espanhol Buñuel e seu senso de humor ácido que encontrou na comédia e na fantasia uma maneira de atingir a burguesia através de um caminho alternativo e um tanto mais perigoso - a humilhação.



Muitos dos filmes do diretor merecem ficar entre os 100 Melhores, mas resolvi escolher este, por apresentar a história mais surrealista que se possa imaginar, com situações extremamente desconcertantes. Desta vez, o tema central é a impossibilidade de um grupo de refinados e burgueses amigos se reunir para um simples jantar. Qual jantar? Aquele tão planejado por seis amigos burgueses que não tem absolutamente nada de melhor para planejar. Eles estão sempre a combinar, mas parece que nunca conseguem concretizar o evento da maneira esperada, sendo sempre interrompidos por situações absurdas que insistem em acabar com aquilo. Mas eles não são de desistir, até porque isso seria abdicar de toda a “emoção” de suas vidas, então o enredo deste filme é basicamente composto por uma série de tentativas frustradas de realizar uma refeição entre companheiros entediados.



Os recursos para manter a narrativa interessante são muitos. Primeiramente, Buñuel escolheu a comédia como gênero principal, fazendo engraçadas todas as situações absurdas que permeiam a trama. Depois, ele nunca abusa do onírico em sua temática de sonhos, já que isso poderia causar ainda mais confusão na mente dos espectadores, e fugiria da sua intenção de fazer tudo parecer concreto e verossímil. Ele nos faz acreditar em situações improváveis para depois nos fazer cair na real, como se estivéssemos acordando do sonho junto com os personagens. Apesar de isso ir se repetindo diversas vezes, parece que ele sempre consegue nos pegar e, de repente, estamos pensando numa lógica para tudo aquilo – até que ponto foi real e a partir de que momento começou a se desenrolar um sonho. Resta juntar as peças do quebra-cabeça e torcer pelo bendito jantar acontecer. A burguesia é bastante ridicularizada por Buñuel, que destaca a hipocrisia e a extravagância dessa classe social. Recheado de situações inusitadas, é uma divertida e inteligente brincadeira de salão. O elenco é impecável com atuações irrepreensíveis dos atores. Ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Um clássico imperdível e obrigatório!

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

73º Lugar - TITANIC (Titanic) EUA, 1997



OS 100 MELHORES FILMES DE TODOS OS TEMPOS!!

73º Lugar - TITANIC (Titanic) EUA, 1997 – Direção de James Cameron – elenco: Leonardo Di Caprio, Kate Winslet, Gloria Stuart, Billy Zane, Kathy Bates, Frances Fisher, Bill Paxton, Bernard Hill, David Warner, Victor Garber, Jonathan Hyde, Danny Nucci – 194 minutos.

Este é sem dúvida o épico romântico mais comentado dos últimos anos. Por causa de sua complicada produção, TITANIC teve seu lançamento adiado e consumiu cerca de 250 milhões de dólares. Durante mais de dois anos de produção, a imprensa norte-americana anotou atentamente os mínimos detalhes sobre a realização desse que é um dos maiores filmes da década de 1990. As filmagens foram, no mínimo, as mais complicadas da história do cinema. Logo quando a equipe montou acampamento em Rosarito, no México, um técnico aborrecido salpicou um alucinógeno na comida de todo mundo. Depois vieram os chiliques de James Cameron – um perfeccionista obssessivo que exigia de seus comandados concentração absoluta, e não hesitava em filmar a mesma cena dezenas de vezes até se dar por satisfeito. Sem mencionar os atrasos devastadores (após sete meses de filmagens, foi impossível finalizar a pós-produção a tempo da data do lançamento original, marcada para julho de 1997) e o inchaço recorde no orçamento do filme: somadas as despesas de produção e de divulgação, TITANIC teria chegado aos cinemas norte-americanos exibindo uma conta de aproximadamente 250 milhões de dólares – embora alguns especialistas garantam que o orçamento tenha encostado nos 300 milhões.



Graças a todos esses “detalhes”, a nova realização do criador de obras igualmente complicadas como ALIENS, O RESGATE; O SEGREDO DO ABISMO; O EXTERMINADOR DO FUTURO 2, merece, com louvor, ser chamada de “a mais cara e problemática de toda a história do cinema”. Com as filmagens concluídas, o diretor se isolou na sala de edição para começar a colocar ordem em TITANIC. A versão integral, com mais de cinco horas, tinha de ser abreviada antes de chegar aos cinemas. A cada corte – segundo o diretor “cortes de um milhão de dólares” – o filme deixava de ser a produção que gerou centenas de notícias negativas na imprensa para se tonar uma preciosidade. Depois de concluir seu trabalho como editor – que foi somado ao de produtor, roteirista e diretor – Cameron se deu por satisfeito com a combinação dos 100 minutos iniciais do filme, que precedem o choque com o iceberg, e com os 80 minutos finais, quando o pânico toma conta dos 2.228 ocupantes do navio – 1.522 deles destinados a encontrar a morte nas águas gélidas do Atlântico Norte. Mas a conclusão da saga de TITANIC – que culminou com seu lançamento no Festival de Tóquio, em novembro de 1997, e depois com uma premiére beneficente de gala em Londres, com a presença da família real britânica – tem um final feliz.



O filme é mais do que uma nova revolução tecnológica: é também um marco artístico na econômica carreira de James Cameron, que somava (em 1997) não mais do que seis títulos em dezesseis anos. Trata-se da obra mais poética do diretor, um triunfo da combinação da mais moderna tecnologia cinematográfica com a arte de contar uma história. Além disso, de todos os seus trabalhos, é o primeiro a receber um número recorde de Oscars, e mais, ser premiado merecidamente com 11 prêmios, igualando esse recorde com BEN-HUR (1959), até então o único recordista da história. É, indiscutivelmente, o trabalho mais maduro de Cameron e por isso foi recompensado com tantos Oscars, incluindo Melhor Filme do Ano, Melhor Diretor, Melhor Direção de Arte, Melhor Figurino, Melhores Efeitos Sonoros, Melhor Fotografia, Melhor Som, Melhores Efeitos Especiais, Melhor Montagem, Melhor Trilha Sonora e Melhor Canção (My Heart Will Go On – Celine Dion). Foi ainda indicado nas categorias de Melhor Atriz (Kate Winslet), Melhor Atriz Coadjuvante (Gloria Stuart) e Melhor Maquiagem. A Academia só cometeu uma injustiça, e muito grave: não indicou Leonardo Di Caprio a Melhor Ator.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

74º Lugar - OS INCOMPREENDIDOS (Les Quatre Cents Coups) França 1959



OS 100 MELHORES FILMES DE TODOS OS TEMPOS!!

74º Lugar - OS INCOMPREENDIDOS (Les Quatre Cents Coups) França, 1959 – Direção de François Truffaut – elenco: Jean-Pierre Léaud, Claire Maurier, Albert Rémy, Guy Decomble, Georges Flamant, Patrick Auffay, Richard Kanayan – 99 minutos.

A força e a beleza desse grande filme continuam imortais! Trata-se de uma obra-prima. Um dos melhores filmes de todos os tempos! Fotografado em preto-e-branco, OS INCOMPREENDIDOS acompanha o percurso de um garoto de 12 ou 13 anos pela Paris do final dos anos 1950. A criança está sempre se metendo em encrencas, e vem daí o título original, “Les 400 Coups” – uma expressão idiomática francesa que pode ser traduzida por “pintar o sete”. Antoine Doinel mata aula e mente que a mãe morreu, ergue um altar em honra de Honoré de Balzac e quase mete fogo na casa, rouba e se arrepende, é preso e foge. O roteiro, do próprio Truffaut, em parceria com Marcel Moussy, recusa o clima piegas que costuma lambuzar filmes sobre infância. É quase um documentário, profundamente alegre em certas partes e triste, suave, melancólico no seu todo. Passados 52 anos, o final deve se manter surpreendente. É um dos filmes mais simples e mais belos em 116 anos de cinema.



O homem que amava as crianças não gostava de admitir o quão autobiográfico era o seu primeiro longa-metragem. François Truffaut (1932-1984) não gostava de aceitar, mas teve uma infância bem parecida com a do protagonista do filme. Amargou problemas com os pais, aplicou pequenos golpes e acabou confinado num reformatório juvenil. O homem que amava o cinema chegou a fazer do personagem Antoine Doinel e de seu intérprete, o ator Jean-Pierre Léaud, uma espécie de alter ego. Doinel, sempre interpretado por Léaud, voltou em outros quatro filmes ao longo de 20 anos, num caso único de insistência no triângulo diretor-personagem-ator: “Antoine e Colette” (O AMOR AOS 20 ANOS, 1963), BEIJOS PROIBIDOS (1968), DOMICÍLIO CONJUGAL (1970) e O AMOR EM FUGA (1979). O homem que amava as mulheres repetiria em uma dezena de outros filmes sua devoção aos temas da infância e da solidão. Numa entrevista, chegaria a declarar que não conseguiria fazer outro filme “tão eficaz” como OS INCOMPREENDIDOS: “Fico muito surpreso quando me dizem que se trata da solidão de uma criança. É exatamente isso o que eu queria”. O alvo de Truffaut eram os filmes que se davam por satisfeitos em buscar respeitabilidade em características externas a si mesmos, como origem literária, atores celebrizados no palco, cenografia dispendiosa. Contra o cheiro de mofo do cinema "nobre", Truffaut propunha um cinema abertamente plebeu, e muitas vezes descaradamente burguês.



Esse filme imortal é dedicado a André Bazin, o crítico de cinema que recolheu Truffaut do reformatório e lhe deu a oportunidade de escrever para os "Cahiers". Bazin, a quem o cineasta considerava pai, morreu no primeiro dia de filmagens. Um pouco da fotografia altamente contrastada de Henri Decae, um pouco da gravidade do olhar de Léaud (congelado na seqüência final) transmitem a atmosfera de luto num filme que não poderia mesmo deixar de ser, simplesmente, triste. Mas OS INCOMPREENDIDOS tem momentos muito engraçados, em especial a maioria das cenas na sala de aula, e outros de enorme encantamento, todos diretamente relacionados ao mundo do espetáculo: o carrossel que parece uma lanterna mágica, o teatro de fantoches, a alegre volta do cinema no carro do pai. Com esta estréia, Truffaut conseguiu o raro feito de transformar admiração em arte, encontrar a própria voz em meio a um emaranhado de referências externas. Foi em Jean Vigo e Roberto Rossellini que ele encontrou a inspiração que procurava, para combater a sofisticação e o sentimentalismo, como diria depois. OS INCOMPREENDIDOS é um dos mais belos filmes do cinema! Imortal, belo e encantador, permanece para sempre na lista dos 100 melhores filmes de todos os tempos. Obrigatório!!!!!

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

75º Lugar - SEM DESTINO (Easy Rider) EUA, 1969



OS 100 MELHORES FILMES DE TODOS OS TEMPOS!!

75º Lugar - SEM DESTINO (Easy Rider) Eua, 1969 – Direção Dennis Hopper – elenco: Peter Fonda, Dennis Hopper, Jack Nicholson, Karen Black, Robert Walker Jr., Antonio Mendoza, Phil Spector, Mac Mashourian, Warren Finnerty, Tita Colorado, Luke Askew, Bridget Fonda (criança), Justin Fonda (criança) – 95 minutos.

Indiscutivelmente é o filme que transformou Hollywood. Pode-se dizer que é aquele que virou o barco. O filme foi uma revolução em todos os sentidos: a direção surpreendente de Dennis Hopper; custou 40 mil dólares e arrecadou no primeiro ano 40 milhões; os atores pouco conhecidos; a produção de parcos recursos, enfim um filme extremamente modesto e com tudo para dar errado. Mas ele tinha um trunfo: foi feito para aquele público que adora ir ao cinema, ou seja, a faixa dos 14 aos 30 anos. A revolução jovem chegou ao cinema despida de qualquer preconceito. Tornou-se célebre pelo seu espírito libertário e alternativo do final dos anos 1960. Abordou as drogas de uma forma nunca antes mostrada no cinema O filme foi fundamental na sua época, porque contestou todo o sistema, e de fora para dentro. Mostra a rotina de dois motoqueiros que saem pelos Estados Unidos rumo ao Mardi Gras, uma espécie de Carnaval, de Nova Orleans. Peter Fonda, surpreendente numa performance memorável, faz aquele sujeito representando todo mundo que acha que a liberdade pode ser comprada, ou que pensa que a encontrou comprando uma motocicleta ou fumando maconha.



Ele é um liberal sensível e sempre acha que tudo vai dar certo. Dennis Hopper, em brilhante desempenho (ele também é o diretor), faz o lugar-tenente. Eles partem em busca de um país, como dois velhos heróis em busca da última fronteira. É a história de um homem que sai em busca da América e não consegue encontrá-la. No elenco ainda tem o consagrado Jack Nicholson, que na época ainda não era esse “monstro sagrado” dos dias atuais de Hollywood. Seu magistral desempenho como o advogado bêbado lhe valeu uma indicação ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, mas perdeu para Gig Young (no brilhante A NOITE DOS DESESPERADOS). O filme acabou sendo o responsável pela disseminação no mundo inteiro, e também no Brasil, do culto à droga, principalmente a maconha. É um filme cheio de simbolismos e isso fica claro pelas roupas das personagens. Peter Fonda com a bandeira norte-americana é um exemplo. Os hippies são mortos pelo que eles representam: a liberdade. A morte das personagens é também um pouco o fim da inocência da América.



Certa vez perguntaram a Dennis Hopper qual era a mensagem do filme e ele disse que na época das filmagens os EUA estavam explodindo com revolta de negros, estudantes, hippies, aí ele simbolizou tudo isso. Um exemplo é a moto de Peter Fonda. Outro, a máquina com o dinheiro escondido no tanque representa a própria América que pode explodir a qualquer momento. Vale ressaltar a extraordinária trilha sonora com pérolas do rock de fazer inveja. Apesar de ter sido realizado no ano em que o Oscar perdeu a sua postura conservadora, lamentavelmente não foi indicado ao Oscar de Melhor Filme, uma injustiça imperdoável da Academia. Na verdade, foi um ano difícil para o Oscar, porque havia filmes supremos e maravilhosos: só para citar alguns: PERDIDOS NA NOITE (Midnight Cowboy) – o premiado – um filme igualmente ousado; OS AVENTUREIROS DO OURO, com Clint Eastwood; BUTCH CASSIDY (Paul Newman e Robert Redford); ANA DOS MIL DIAS; ADEUS, MR. CHIPPS (com Peter O’Toole); OS ANOS VERDES (com Liza Minelli); HELLO, DOLLY (com Barbra Streisand, num espetáculo fabuloso); A PRIMAVERA DE UMA SOLTEIRONA, entre outros. SEM DESTINO será sempre lembrado como um filme-verdade, contado em tom alegórico, que fala da liberdade transformada em prostituta onde todos se aproveitam dela. É DEFINITIVAMENTE O GRANDE CLÁSSICO DA CONTRACULTURA!!

domingo, 25 de setembro de 2011

76º Lugar - RIO VERMELHO (Red River) EUA, 1948



OS 100 MELHORES FILMES DE TODOS OS TEMPOS!!

76º Lugar - RIO VERMELHO (Red River) EUA, 1948 – Direção Howard Hawks – elenco: John Wayne, Montgomery Clift, Joanne Dru, Walter Brennan, Harry Carey, Coleen Gray, John Ireland – 133 minutos.

Outro dos grandes filmes de John Wayne, e uma fantástica atuação de Montgomery Clift. É um dos poucos filmes a retratar os verdadeiros cowboys, tropeiros quase sempre jovens que levavam gado para Kansas City antes da consolidação das estradas de ferro. Originalmente lançado em preto e branco, este grande clássico possui uma ambientação impressionante e traz uma atmosfera incrível do velho oeste norte americano, ainda no tempo das diligências, quando os primeiros grandes criadores de gado estavam trabalhando duro para fortalecer a economia do Sul dos Estados Unidos. Há um sentimento maravilhoso de liberdade ecoando por todo o filme, ainda que a jornada de seus personagens seja violenta e difícil. A direção impecável de Howard Hawks faz com que esta obra se torne uma verdadeira e inesquecível aventura. Os conflitos entre os personagens são muito mais interessantes que as cenas de ação, e é aí que o filme se destaca entre dezenas, talvez centenas, de westerns existentes. O estouro da boiada, é considerada a grande cena clássica, com muita emoção e suspense. As interpretações são incríveis. John Wayne, que muitas vezes não fazia exatamente o papel de “mocinho simpático”, possui outro de seus personagens ambíguos, que pode ser visto como sendo o mocinho ou o bandido. E Montgomery Clift, no auge de sua beleza e em grande forma é um dos pontos altos da interpretação masculina de sua época. Ele faz uma espécie de filho adotivo de Wayne dentro do filme, mesmo sendo ainda bastante jovem, encara com grande qualidade as várias cenas difíceis que o filme possui.



RIO VERMELHO, para o diretor Howard Hawks, inicia uma trilogia que se segue mais de dez anos depois com RIO BRAVO – ONDE COMEÇA O INFERNO (1959), um dos grandes westerns do cinema, e, depois, RIO LOBO, já em 1970, nos estertores hawkisianos. Há, porém, ELDORADO, filme respeitável, mas que é uma refilmagem disfarçada de RIO BRAVO. Se existe um clássico perfeito para caracterizar o western, o cinema norte-americano por excelência na definição de André Bazin, RIO VERMELHO é o exemplar mais autêntico e paradigma de outros filmes do gênero. É verdade que NO TEMPO DAS DILIGÊNCIAS (Stagecoah, 1939), do mestre John Ford, lança as bases do arquétipico westerniano, mas a fita de Hawks representa, nove anos depois, uma espécie de cristalização e amadurecimento do western na sua mais pura tradução e pureza antes que o gênero seja contaminado pelo psicologismo. Obra-prima incontestável, RIO VERMELHO faz parte de um quarteto junto com RIO BRAVO (1959), ELDORADO (1967), e, por fim, RIO LOBO (1970), realizado já no ocaso de carreira desse genial diretor, que, aqui, despede-se do cinema.



O mais importante em RIO VERMELHO é que este filme funciona como um excepcional documento da vida dos cowboys, seus costumes, seu folclore, o ambiente e a paisagem daquele período da colonização norte-americana. E mais ainda: o sentido perfeito de cinema de Hawks, o alento épico, a paisagem, a simplicidade e força das personalidades individuais. RIO VERMELHO é também a história de uma amizade - um dos temas fundamentais da obra de Hawks. Montgomery Clift, órfão, depois que seus pais são mortos pelos índios, é recolhido por Wayne que, na travessia de Rio Rojo a Abilene, se desentende com aquele que é quase um filho. O western mais telúrico de Hawks, ainda que RIO BRAVO seja mais cortejado, RIO VERMELHO apresenta o eterno conflito de seus personagens, resolvido através de um itinerário físico, que é captado pela câmera com a força do imediatismo. A música de Dimitri Tiokim permanece nos ouvidos. Como RIO VERMELHO é uma espécie de épico do velho oeste, o número de cenas difíceis realmente é grandioso. Aclamado como um dos melhores westerns de todos os tempos, ficou também famoso por sua ambientação e espírito livre, em uma história de grandes proporções e adjetivos. Um filme recomendado para público de qualquer gênero! Absolutamente extraordinário e inesquecível!

sábado, 24 de setembro de 2011

77º Lugar - O EXORCISTA (The Exorcist) EUA, 1973



OS 100 MELHORES FILMES DE TODOS OS TEMPOS!!

77º Lugar - O EXORCISTA (The Exorcist) EUA, 1973 – Direção William Friedkin – elenco: Ellen Burstyn, Max von Sydow, Linda Blair, Lee J. Cobb, Jason Miller, Jack MacGowran, Kitty Winn, Barton Heyman, Reverendo William O’Malley – 123 minutos.

É o maior filme de terror de todos os tempos e o mais assustador em toda a história do cinema. Nenhum outro filme de terror se iguala a este clássico. Sem sombra de dúvida, é o mais apavorante e o que mais mexe com o psicológico do espectador. Retrata a possessão da garota Regan, de apenas 12 anos, por um espírito do mal chamado Pazuzu. As histórias que se ouve de gente que na época de lançamento deste filme se aventuraram a vê-lo nos cinemas vão de inusitadas a aterradoras, sempre exaltando o choque de todos diante da possessão demoníaca mostrada em toda a sua glória gráfica e profana. O filme, um dos grandes títulos dentro da cinematografia mundial de horror, foi a obra que sustentou a fama do diretor William Friedkin nas décadas de 1970 e 1980, uma vez que ele jamais foi capaz de repetir o feito, ou sequer chegar perto de seu impressionante resultado. Depois de O EXORCISTA, afinal, os filmes de horror mainstream jamais foram os mesmos.

O fascínio que este filme exerceu, tanto sobre as massas quanto sobre o modo de se fazer horror no cinema, não pode ser subestimado. O que é uma incógnita cada vez maior quando se avalia o enorme abismo existente entre as técnicas atuais de produção e o que Friedkin concebeu em sua história macabra, porém bastante minimalista e quase completamente destituída de malabarismos cênicos. A exceção, claro, são as ainda impressionantes seqüências de possessão e o perturbador trabalho de maquiagem que as acompanha.



A versão do filme hoje disponível no mercado de DVD difere da original por ter cerca de 11 minutos a mais, acrescentados pelo diretor na ocasião de um relançamento especial nos cinemas. Longe de denegrir o original, a versão do diretor aprimora a experiência e acrescenta sutis tomadas que jogam um pouco mais de luz na natureza do espírito causador de todo o mal.

O EXORCISTA é absolutamente perturbador e aterrorizante, por abordar um assunto tido como possível de acontecer, na maioria das religiões cristãs. Com um roteiro eficiente, baseado no livro do escritor William Peter Blatty e um elenco talentoso, liderado pela atriz Ellen Burstyn (a mãe de Regan, que só aceitou o papel com a imposição que fosse retirada do roteiro a fala em que ela diria acreditar no demônio: -"I believe in the devil !!"), Apesar dos seus 38 anos, o filme continua comprovando que é o maior clássico de terror da história, lotou salas de cinema e chocou o mundo inteiro com as cenas da garotinha possuída. Recebeu dez indicações ao Oscar, inclusive para Melhor Filme, sendo o primeiro terror a ser indicado nessa categoria. Devastador!! Aterrador!! Insuperável!!

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

78º Lugar - CIDADE DE DEUS - Brasil, 2002



OS 100 MELHORES FILMES DE TODOS OS TEMPOS!!

78º Lugar - CIDADE DE DEUS – Brasil, 2002 – Direção Fernando Meirelles – elenco: Matheus Nachtergaele, Alexandre Rodrigues, Seu Jorge, Douglas Silva, Leandro Firmino da Hora, Roberta Rodrigues, Phellipe Haagensen, Jonathan Haagensen, Alice Braga, Gero Camilo, Micael Borges, Graziella Moretto, Luís Otávio, Jefechander Suplino, Edson Oliveira, Emerson Gomes, Maurício Marques – 135 minutos.

Esta é mais uma prova da grandeza do cinema brasileiro. É um filme que marcou época na história do cinema atual, pela sua originalidade, pelo seu contexto bastante simples, realista e com muito swing. O filme é capaz de realizar muitas ambições, que não são pequenas. É cinema de primeira e absolutamente devastador. Faz um painel assustador de um mundo sem lei e governado por traficantes. Baseado no romance de Paulo Lins, de 1997, conta um drama urbano sob a ótica de dois meninos (Buscapé e Dadinho), num período que vai do final dos anos 1960 ao início dos anos 1980. Eles fazem parte de um conjunto habitacional de Cidade de Deus, favela criada em Jacarepaguá, que se tornou um dos pontos de maior florescimento de drogas. Buscapé (brilhante interpretação de Alexandre Rodrigues), que é o alter ego de Paulo Lins, tem o sonho de ser fotógrafo e Dadinho (Douglas Silva) se torna um dos maiores traficantes do Rio de Janeiro. Dadinho depois vira Zé Pequeno (destaque para Leandro Firmino da Hora, que está magnífico), que na década de 1980 se depara com um grande rival: o Mane Galinha (Seu Jorge, também magnífico). Este quer vingar o estupro da namorada e a morte do irmão. Assim, começa a maior guerra desse mundo hostil e cruel, e será a grande chance de Buscapé realizar o seu sonho registrando tudo, através de sua câmera profissional que lhe foi presenteada.



Algumas mudanças foram feitas no livro para a transposição no cinema. Só para se ter uma idéia foram cortados 230 personagens e Buscapé, que estava apenas em sessenta páginas, no filme virou narrador. Mas foi preservada a visão intramuros de um mundo ao qual ninguém mais quer ter acesso e também o senso de humor do escritor. A trilha sonora é extraordinária, com talentos como Tim Maia, Wilson Simonal, Cartola e outros. O elenco além dos já citados, vale mencionar Matheus Nachtergaele (como Sandro Cenoura, que é uma escolha certeira, sem dúvida), Luís Otávio (Buscapé criança), Phellipe Haagensen está brilhante (como Bene, o sócio “sangue bom” do bandido), entre outros. Vale mencionar também que muitos dos meninos que fizeram parte do elenco foram escolhidos nas diversas favelas e comunidades lá do Rio, todos sem nunca terem atuado. E eles brilham cada um melhor do que o outro. Este é o segundo longa do diretor, antes ele só havia realizado DOMÉSTICAS – O FILME (2001). Ele faz um trabalho primoroso e com uma competência ímpar, só igualada a diretores consagrados e internacionais. O mérito dele tem destaque, tendo em vista as dificuldades que a equipe de filmagem enfrentou, por causa de uma guerra de quadrilhas, nas três favelas onde foi filmado: Cidade Alta, Nova Sepetiba e a Cidade de Deus.



O desempenho nas bilheterias foi impressionante, atingindo quase quatro milhões de espectadores. Um feito notável, considerando se tratar de violência urbana e sem atores muito famosos como chamariz. Os elogios de críticos e da imprensa foram enormes. O filme chegou a Cannes em 2002 e deu a volta ao mundo, recebendo vários prêmios internacionais e, para surpresa, quatro indicações ao Oscar 2004. Foi uma surpresa, uma vez que em 2003 ele foi inscrito para concorrer como Melhor Filme Estrangeiro, mas a Academia não o indicou. As indicações em 2004 foram as seguintes: Melhor Diretor (Fernando Meirelles), Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Montagem e Melhor Fotografia. Não ganhou nenhum, mas as indicações já são um prêmio, considerando as dificuldades de se atingir esse feito. Todos os adjetivos elogiosos ainda são poucos para um filme verdade e corajoso, que disseca com imparcialidade a transição da miséria ao caos.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

79º Lugar - CENTRAL DO BRASIL - Brasil, 1997



OS 100 MELHORES FILMES DE TODOS OS TEMPOS!!

79º Lugar - CENTRAL DO BRASIL – Brasil, 1997 – Direção de Walter Salles – elenco: Fernanda Montenegro, Vinicius de Oliveira, Soia Lira, Othon Bastos, Marília Pera, Otávio Augusto, Stela Freitas, Matheus Nachtergaele, Caio Junqueira – 112 minutos.

Fernanda Montenegro é Dora, uma professora aposentada que escreve cartas para analfabetos na Central do Brasil, estação ferroviária carioca. A mãe de Josué (Vinícius de Oliveira) pede para a ex-professora escrever e enviar uma carta para o pai do garoto, mas, como sempre, Dora a joga fora. Quando a mãe do menino morre atropelada, ela resolve vendê-lo a traficantes de crianças, porém um sentimento de culpa faz com que Dora acabe voltando atrás e ainda ajude Josué a encontrar seu verdadeiro pai, numa longa viagem para o sertão da Bahia e de Pernambuco. Prêmios de Melhor Filme e Melhor Atriz (Fernanda Montenegro) no Festival de Berlim (1998); vencedor do Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro; recebeu duas indicações ao Oscar 1998 - Melhor Atriz (Fernanda Montenegro) e Melhor Filme Estrangeiro. Fernanda era merecidíssima, mas perdeu para Gwnett Paltrow, uma atriz de talento duvidoso, numa das piores injustiças que a Academia já cometeu. O filme também não ganhou na categoria de Melhor Filme Estrangeiro, perdendo para A VIDA É BELA (infinitamente inferior). Todo mundo sabe que a premiação de A VIDA É BELA foi arranjada. Foi uma palhaçada extremamente grotesca e lamentável.



CENTRAL DO BRASIL ficou conhecido como um dos mais comoventes que o cinema brasileiro já produzira. Não se pode esquecer os ensinamentos que ele transmite, sobretudo quando nos faz repensar que o dinheiro não é o fator mais importante da vida humana; há sentimentos como, por exemplo, a solidariedade que não se pode desprezar . O filme mostra a realidade do Brasil no final do século XX, caracterizando principalmente as condições de vida no subúrbio de uma cidade grande em um país subdesenvolvido. A massa de migrantes nordestinos, que desde o início do século abandona o sertão em busca de melhores oportunidades na cidade, aumentou o contingente de miseráveis nos centros urbanos, que os trata como descartáveis, entregando-os ao tráfico e assalto, como alternativa para sobrevivência. O crescimento econômico dos últimos 20 anos não repercutiu igualmente nas diversas classes sociais, sendo que as conseqüências negativas desse processo, atingiram duramente grande parte da população, geralmente a mais pobre e mais sofrida. A crescente concentração de riqueza, o salário mínimo vergonhoso, o desemprego, o aumento da pobreza e da miséria, a falta de saneamento básico e de assistência à saúde, fazem parte das situações trágicas vividas na carne pela população mais pobre, com a qual nos deparamos em nosso cotidiano.



Por muito tempo, os filmes brasileiros ficaram relegados a segundo plano, uma vez que o incentivo das autoridades locais e, porque não dizer dos patrocinadores privados, pareciam correr em sentido contrário à proposta cinematográfica do país. Nessa época, os filmes norte-americanos, sobretudo, continuavam a imperar no gosto da preferência nacional. Ao questionar o porquê do fraco desempenho dos nossos filmes, era bastante comum ouvirmos comentários relacionados à baixa qualidade, às cenas de sexo e violência gratuitos que não somavam em nada ao produto final. Um belo dia, um jornal de grande circulação na cidade de Brasília, divulgou que um filme brasileiro havia obtido, após exibição em um Festival de filmes independentes nos EUA, aplausos por mais de dez minutos dos presentes que ali se encontravam. A partir dali, CENTRAL DO BRASIL, só colecionou vitórias, com ótimo desempenho de apresentação, recebendo prêmios ao redor de todo o mundo. Um dos grandes triunfos do cinema brasileiro!!

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

80º Lugar - CANTANDO NA CHUVA (Singing' in the Rain) EUA, 1952



OS 100 MELHORES FILMES DE TODOS OS TEMPOS!!

80º Lugar – CANTANDO NA CHUVA (Singin’ in the Rain) EUA, 1952 – Direção Gene Kelly e Stanley Donen – elenco: Gene Kelly, Debbie Reynolds, Donald O’Connor, Cyd Charisse, Jean Hagen, Rita Moreno, Millard Mitchell, Douglas Fowley – 118 minutos.

"Cantando na Chuva" está para a história dos musicais no cinema assim como "...E O Vento Levou" está para as grandes produções de todos os tempos. É difícil encontrar quem não reconheça os acordes da melodia Singin' in the Rain entoada por Gene Kelly debaixo de chuva, eternizando o momento nos registros cinematógraficos de ouro de Hollywood. O filme, e especialmente a sequência de Kelly cantando e dançando na chuva, são tão amplamente conhecidos que já foram até homenageados em outros filmes antológicos, como, por exemplo, em "A Laranja Mecânica" (A Clockwork Orange, 1971), de Stanley Kubrick.

A trama de "Cantando na Chuva" começa com Don Lockwood (Gene Kelly) e Lina Lamont (Jean Hagen), dois dos astros mais famosos da época do cinema mudo em Hollywood. Seus filmes são um verdadeiro sucesso de público e as revistas inclusive apostam num relacionamento mais íntimo entre os dois, o que não existe na realidade. Mas uma novidade no mundo do cinema chega para mudar totalmente a situação de ambos no mundo da fama: o cinema falado, que logo se torna a nova moda entre os espectadores.



Os amantes do cinema e aqueles que apenas simpatizam não podem deixar de ver esse clássico mundialmente conhecido. Eleito um dos dez melhores da história do cinema norte americano pelo American Film Institute. Despretensioso no início, nem mesmo seus diretores Gene Kelly e Stanley Donen e o mega produtor de musicais da Metro, Arthur Freed, saberiam que este filme se tornaria o clássico que é hoje. Completo, cativante e divertido, é praticamente impossível não se render aos encantos dele. É uma homenagem ao próprio cinema, satirizando os talkies. Como sempre, Hollywood adora escrever cartas de amor a si própria. Incluído em praticamente todas as listas de melhores filmes já feitos, é uma obra simplesmente imperdível e, mais do que isso, uma aula sobre um importante período da história do cinema. Afinal, depois desse filme, quem foi que nunca tentou sapatear na chuva na vida real?

terça-feira, 20 de setembro de 2011

81º Lugar - O FABULOSO DESTINO DE AMÉLIE POULAIN (Le Fabuleux Destin d'Amélie Poulain) França, 2001



OS 100 MELHORES FILMES DE TODOS OS TEMPOS!!

81º Lugar - O FABULOSO DESTINO DE AMÉLIE POULAIN (Le Fabuleux Destin d’Amélie Poulain) França, 2001 – Direção de Jean-Pierre Jeunet – Elenco: Audrey Tautou, Mathieu Kassovitz, Rufus, Lorella Cravotta, Serge Merlin, André Dussollier (narrador), Jamel Debbouze, Clotilde Mollet, Claire Maurier, Dominique Pinon, Isabelle Nanty, Yolande Moreau – 122 minutos.

Ela cuida da vida de todo mundo, mas se esquece da sua própria felicidade. O cineasta francês consagra estilo gótico e surreal nesta pérola cinematográfica que foi chamada de “dramédia”. Este foi o filme que trouxe o cinema francês de volta aos holofotes internacionais, arrebatando platéias ao redor do mundo todo. Foi assistido por mais de 20 milhões e recebeu cinco indicações ao Oscar, incluindo Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Direção de Arte, Melhor Roteiro Original, Melhor Som e Melhor Fotografia. Projeto pessoal do diretor Jean-Pierre Jeunet, que decidiu rodá-lo depois de voltar dos EUA, onde filmara ALIEN – A RESSURREIÇÃO (1997), o filme usa recursos visuais avançados e fotografia apurada, com tratamento digital, para recriar o bairro parisiense de Les Abesses, onde se passa a história da jovem Amélie.

Audrey Tauton foi escolhida para interpretar a heroína e ficou tão conhecida pelo papel que as pessoas começaram a procurá-la para realizar pedidos difíceis. “De um dia para o outro, passei a ser observada por todas as pessoas em volta de mim, na rua, no metrô, nos restaurantes. É extremamente esquisito ser olhada o tempo todo. É muito duro também receber todo tipo de solicitações, desde ir à inaugurações até escrever uma carta ao papa, para pedir que alguém seja canonizado”, disse a atriz, na época do lançamento. Apesar disso, ela afirma que nunca se arrependeu de fazer o filme. Nem o diretor esperava tamanho sucesso e repercussão: “Eu dirigi o filme por prazer, não achava que tocaria tantas pessoas”. Jeunet afirmou que sempre sonhou em “fazer um filme a que todo mundo assistisse”. Com O FABULOSO DESTINO DE AMÉLIE POULAIN, ele conseguiu realizar seu desejo.



O filme viajou para tantos países quanto o gnomo de jardim que “envia” fotos ao pai da protagonista durante sua saga para fazer o bem pelas pessoas. Esta obra-prima foi concebida para encantar e saciar os sentidos do espectador. Cineasta autodidata afeito ao onírico e ao plástico desde os tempos em que estreou em parceria com o pintor Marc Caro com DELICATESSEN, Jean-Pierre Jeunet enche aqui olhos, ouvidos e neurônios com uma dose colossal de informações, consagrando de vez seu estilo gótico e surreal. As cores belas e intensas são muitas, em fascinantes e voluptuosos movimentos de câmera e apurado tratamento digital; a trilha sonora “de carrossel” de Yann Tiersen faz oposição ao adágio para cordas de Samuel Barber; o ritmo frenético alucina a história; e a química entre os atores Audrey Tauton, como a carismática personagem-título, e Mathieu Kassovitz, como Nino Quincampoix, conquista empatia.

Boa parte da fama da obra, porém, deve ser creditada a Tauton, cujo jeito faceiro e “mignon”, num cruzamento de Audrey Hepburn com Anouk Aimée, combina à perfeição com o clima de conto de fadas, que é incrementado ainda pela narração em “off” do ator André Dussollier. O mundo de Jeunet é envolvente e imprevisível, absurdamente francês e feito de inúmeras reminiscências biográficas. Seu grande feito como artista, portanto, é transformar este caldeirão de idéias e referências num espetáculo de tranqüila degustação. O projeto deu certo, tanto que Jeunet voltou a se associar com Tauton no elogiado ETERNO AMOR (2004). Brilhante, engraçado e envolvente como a vida. É uma das mais inesquecíveis realizações do cinema. Recomendado e obrigatório!!

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

82º Lugar - VOLVER (Volver) Espanha, 2006



OS 100 MELHORES FILMES DE TODOS OS TEMPOS!!

82º Lugar - VOLVER (Volver) Espanha, 2006 – Direção Pedro Almodóvar – elenco: Penélope Cruz, Lola Duenas, Chus Lampreave, Carmen Maura, Antonio de La Torre, Yohana Cobo, Blanca Portillo – 121 minutos.

Nos últimos anos Almodóvar tem vindo a ultrapassar o estatuto de culto para alcançar o grande público. TUDO SOBRE MINHA MÃE começou por pavimentar o decurso de uma nova era, um dos filmes mais aplaudidos de 1999, num ano em que a arte do cinema atingiu um dos maiores picos de qualidade e quantidade dos últimos tempos. Logo em seguida um dos seus mais ousados e arrebatadores filme, FALE COM ELA, uniu o consenso. MÁ EDUCAÇÃO com sua temática doentia e impiedosa, também é uma das grandes obras do cineasta. VOLVER é mais um empolgante triunfo de Pedro Almodóvar, uma comédia de costumes e tradição com uma sensibilidade tão própria que era impossível de ser replicada por qualquer outro cineasta. Nenhum outro é capaz de dar este grau de realismo mundano e ao mesmo tempo de encantamento às suas personagens e à forma como as escreve e acima de tudo como elas interagem, em autênticas odes às relações familiares nas suas mais particulares e reconfortantes nuances. No entanto e tal como muito da filmografia do diretor há que não apressar uma rotulação e este é um exemplo flagrante. A comédia é muitas vezes disfarçada com apontamentos de verdadeiro e inesperado suspense à medida que é desenvolvida uma linha narrativa surpreendente de forma quase de puro thriller clássico, ao mesmo tempo que é capaz de celebrar a mais tocante e arrebatadora veia dramática, tudo isto acompanhado por correspondentes e hipnotizantes variações musicais do colaborador de longa data, Alberto Iglésias.



Há algo de estranhamente familiar em todas as mulheres - o único homem presente rapidamente “desaparece” de cena - como se as conhecêssemos desde a infância. Poderiam ser membros de uma qualquer família complicada, disfuncional (como toda a “boa” família), mas que nutre um amor capaz de ultrapassar quaisquer barreiras e desacatos. Apesar da perfeição do argumento, o elenco é essencial na criação desta ambiência tão própria. O rol de atrizes é tão díspar quanto original, talvez por isso e pela primeira vez no Festival de Cannes o prêmio para melhor interpretação feminina tenha ido para todas elas, da muito presente Carmen Maura num papel cheio de vida, Lola Dueñas de um timing cômico impagável e Blanca Portillo numa delirante dualidade urbano-campestre. Mas é Penélope Cruz a verdadeira força motriz de VOLVER. No entanto a Penélope Cruz que vemos com desinibido encanto neste Almodóvar é uma atriz capaz de nos arrebatar com o espírito fervoroso da sua interpretação, contida e extravagante ao mesmo tempo, desempenhando em Raimunda um delicioso e magistral papel que parece ser ele próprio a pura essência da alma feminina. E é a autenticidade deste seu retrato que a fez merecedora de uma indicação ao Oscar de melhor atriz do ano, em 2007. Almodóvar, através de Penélope Cruz, respectivo elenco e dele mesmo, entrega ao público mais um trabalho de amor incondicional ao seu cinema, amor esse que será espelhado em todos aqueles que abraçarem VOLVER.

domingo, 18 de setembro de 2011

83º Lugar - O PLANETA DOS MACACOS (Planet of the Apes) EUA, 1968



OS 100 MELHORES FILMES DE TODOS OS TEMPOS!!

83º Lugar - O PLANETA DOS MACACOS (Planet of the Apes) EUA, 1968 – Direção Franklin J. Schaffner – elenco: Charlton Heston, Roddy McDowall, Linda Harrison, Kim Hunter, Maurice Evans, James Whitmore, James Dale, Robert Gunner, Lou Wagner, Woodrow Parfrey – 112 minutos.

Um clássico absoluto do cinema norte americano do gênero Ficção Científica, criador de toda uma saga posterior e uma legião fiel de fãs no mundo inteiro. Enquanto muitos clássicos da ficção-científica não resistem ao passar dos anos, O PLANETA DOS MACACOS (1968), mantém até hoje toda a sua relevância cultural, social e crítica. O roteiro foi escrito por Michael Wilson e Rod Serling, com base no livro de Pierre Boulle. A trilha atonal e vanguardista foi composta por Jerry Goldsmith, e é um de seus melhores trabalhos.



Charlton Heston interpreta George Taylor, comandante de um grupo de astronautas da Terra que acorda do hipersono quando sua nave cai em um planeta remoto, aparentemente destituído de vida inteligente. Com surpresa, eles logo descobrem que o planeta é dominado por símios inteligentes e falantes, que construíram uma civilização similar à dos humanos terrestres. Nesta sociedade invertida, os humanos, que não falam, são considerados animais, e utilizados como cobaias. Quando o líder dos macacos, o orangotango Dr. Zaius (Maurice Evans) descobre que o cativo Taylor possui o poder da fala, ele insiste para que o astronauta seja morto. Mas os benévolos cientistas chimpanzés Cornelius (Roddy McDowall) e Zira (Kim Hunter) arriscam as suas vidas para salvar Taylor e descobrir a verdade sobre a história de seu planeta, que o Dr. Zaius e seus colegas mantêm oculta. Na clássica cena final, Taylor vê-se face a face com a chave do segredo, e exclama revoltado: “Malditos! Vocês conseguiram!”.



Ainda numa época em que a ameaça da aniquilação nuclear era uma realidade não muito distante graças à paranóia da Guerra Fria, a idéia de apresentar uma sociedade em que os seres humanos não estavam no topo da cadeia alimentar, num filme com tamanha escala de produção e considerável esmero técnico, era uma iniciativa que nunca havia sido tomada antes. O escapismo orquestrado pelo diretor Franklin Schaffner é sublinhado por um design de produção que aproveita ao máximo as paisagens naturais utilizadas no início e no final do filme, assim como a excepcional trilha sonora carregada de suspense de Jerry Goldsmith.

Como aventura de ficção científica, este filme é páreo duro para qualquer blockbuster de ação de qualquer época. A cena do "estouro da boiada" e da caçada aos humanos fugitivos na mata, por exemplo, ainda impressiona pela escala e pelo tom de desconforto. Há uma combinação acertada de perseguições e suspense e, o que é mais marcante, uma discussão extremamente apropriada sobre evolução, religião, ciência, autoritarismo e preconceito, refletidos na sociedade símia com um espelhamento nada menos que incômodo em relação à sociedade humana. Em qualquer lista hipotética de grandes filmes da história do cinema, O PLANETA DOS MACACOS (1968) merece figurar com certeza. A cena final é antológica e uma das mais espetaculares de toda a Sétima Arte. O público sente a mesma ira e indignação quando Taylor descobre, perdido e solitário, na beira da praia, uma verdade assustadora. Aclamado como um libelo anti-Guerra Fria. Original e espetacular!!

sábado, 17 de setembro de 2011

84º Lugar - ELVIRA MADIGAN (Elvira Madigan) Suécia, 1967



OS 100 MELHORES FILMES DE TODOS OS TEMPOS!!

84º Lugar - ELVIRA MADIGAN (Elvira Madigan) Suécia, 1967 - Direção de Bo Widerberg – elenco: Pia Degermark, Thommy Berggren, Lennart Malmer, Cleo Jensen – 91 minutos.

Visualmente deslumbrante, apresenta uma fotografia ímpar na história do cinema europeu. Esta rara obra-prima conta uma história de amor impossível, na Dinamarca e Suécia de 1889. Pia Degermark faz uma jovem artista de circo que se envolve com um oficial casado (Thommy Berggren) e os dois fogem. O par central estão impecáveis e memoráveis. Narrado em belíssimas cores, o que o diretor conta entra em choque com a própria beleza da imagem - os amantes são perseguidos, hostilizados, discriminados e lá pelas tantas estão morrendo de fome, comendo morangos silvestres, mas a imagem continua deslumbrante, emoldurada por uma trilha sonora com músicas de Mozart. A história é real e já havia sido filmada nos anos 1940, mas não de forma tão estilizada, nem com tanta suntuosidade audiovisual. Foi um grande êxito do cinema sueco em todo o mundo e o próprio concerto de piano de Mozart, o número 21, com seu andante, passou a ser conhecido pelo nome do filme. Do ponto de vista estritamente visual, é um dos filmes mais bonitos que o cinema já realizou.



Para realmente apreciar esta obra-prima, é preciso entender que foi filmada nos anos 1960 e que representava para o público da época algo de precioso e verdadeiro. Basta observar o sentimento antiguerra aparentemente latente na história do filme. O tenente desertou, como os que naquela década fugiram para o Canadá para evitar serem mandados para o Vietnã. Nota-se o seu confronto com o seu amigo no regimento, um sentimento que muitos, nos anos 1960, viveram. Cannes deu o prêmio de melhor atriz para Pia Degermark, que acabou sofrendo tanto quanto sua heroína na vida real (virou dependente de álcool e foi encontrada vagando pelas ruas de Estocolmo). O diretor evita o tom melodramático, mas não dispensa cores impressionistas. O filme é quase uma tela de Renoir em movimento. Uma raridade do cinema em triunfal beleza. Absolutamente inesquecível e memorável!!!! Obrigatório!!!!



ELVIRA MADIGAN continua atual e belo, mesmo tendo se passado mais de quarenta anos de seu lançamento nos cinemas. O filme é extraordinário, e possui um sentimento melancólico sobre a natureza do amor humano. É um amor proibido, como o de Tristão e Isolda e Romeu e Julieta; um amor trágico, condenado desde o início, e é por isso que o fim do filme é revelado na abertura, nos créditos. Aqueles que pensam que o prazer da história se estragou por saberem o final desde o começo, não conhecem a história de maneira sutil, que é um grande conto. Saber como termina, só faz aguçarem os sentidos e reforçar a apreciação. Indiscutivelmente, é um dos filmes mais belos do cinema!! Obra imortal e ímpar!

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

85º Lugar - BLOW UP - DEPOIS DAQUELE BEIJO (Blow Up) Inglaterra, 1966



OS 100 MELHORES FILMES DE TODOS OS TEMPOS!!

85º Lugar - BLOW UP – DEPOIS DAQUELE BEIJO (Blow Up) Inglaterra/Itália, 1966 – Direção de Michelangelo Antonioni – elenco: Vanessa Redgrave, David Hemmings, Sarah Miles, John Castle, Jane Birkin, Gillian Hills, Peter Bowles e a manequim Veruschka -

Alguns consideram esse filme de Antonioni como uma das primeiras obras de um mundo já na trilha da globalização. Inspirado no texto “Las babas del diablo”, do escritor argentino Julio Cortazar, Antonioni rompe com a estética cinematográfica vigente e traz uma narrativa moderna, revitalizando o cinema europeu. O filme mostra uma série de elementos efervescentes da cidade de Londres e da época: a minissaia, as drogas, o amor livre, a psicodelia. Hoje, talvez tenha perdido o encanto e o impacto que causou em 1966, devido às transformações comportamentais pelas quais passou a sociedade. Mas sua importância estética ainda resiste, pois deixa registrado o estilo cinematográfico audacioso e sofisticado de Michelangelo Antonioni. A trilha sonora foi responsabilidade do músico americano de Jazz Herbie Hancock, e a banda inglesa de Blues The Yardbirds marca presença, tocando em um clube londrino.



BLOW UP – DEPOIS DAQUELE BEIJO é o primeiro filme em língua inglesa de Michelangelo Antonioni, trazendo ao mundo a primeira cena de nudez frontal feminina (da cantora-atriz Jane Birkin) em um filme não-erótico e dirigido ao grande público. O primeiro grande sucesso de Antonioni foi A AVENTURA (1960), seguido por A NOITE (1961) e O ECLIPSE (1962), que compreendem uma trilogia sobre o tema da alienação. Seu primeiro filme colorido DESERTO VERMELHO (1964), também explora temas modernistas da alienação, e junto com os três filmes anteriores, forma uma tetralogia. A atriz Monica Vitti apareceu nos quatro filmes da tetralogia, atuando em papéis de mulheres desconexas que lutam para se ajustar ao isolamento da modernidade. ZABRISKIE POINT (de 1970), seu primeiro filme rodado nos Estados Unidos da América, teve menos sucesso, mesmo com a inclusão de uma trilha sonora composta de artistas populares como Pink Floyd (que escreveu músicas especialmente para o filme), Gratefull Dead (banda californiana de Rock) e os Rolling Stones.



Em 1995 Antonioni foi premiado com um Oscar pelo conjunto da sua obra. No entanto, ironicamente o prêmio foi roubado de sua casa, em dezembro de 1996. Ingmar Bergman uma vez disse que admirava alguns dos filmes do Antonioni por serem desinteressados e algumas vezes visionários. E isso parece ter sido um elogio! Brian de Palma homenageou BLOW UP no thriller UM TIRO NA NOITE, com muita competência. O título “Blow UP” refere-se ao termo técnico que define grandes ampliações fotográficas. Pode ser entendido também como “estouro” ou “explosão”. BLOW UP é, sem dúvida, um dos filmes mais elogiados do diretor e também um dos mais notáveis. Merece ser visto e revisto!!

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

86º Lugar - TARDE DEMAIS (The Heiress) EUA, 1949



OS 100 MELHORES FILMES DE TODOS OS TEMPOS!!

86° Lugar - TARDE DEMAIS (The Heiress) EUA, 1949 – Direção de William Wyler – elenco: Montgomery Clift, Olivia De Havilland, Ralph Richardson, Miriam Hopkins, Ray Collins – 115 minutos.

O orgulho é, às vezes, mantido a um custo terrível. A heroína desta história – uma moça rica – pagou por ele a sua única chance de felicidade, nesta magnífica adaptação da obra-prima de Henry James – “A Herdeira”. Dirigida extraordinariamente por um dos diretores de maior prestígio da história do cinema norte-americano: William Wyler, que dirigiu filmes que são clássicos por excelência como O MORRO DOS VENTOS UIVANTES (1939), O COLECIONADOR (1965), BEN-HUR (1959), FOGO DE OUTONO (1936), A CARTA (1940), A LIBERTAÇÃO DE L. B. JONES (1970), BECO SEM SAÍDA (1937), PÉRFIDA (1941), JEZEBEL (1938), ROSA DA ESPERANÇA (1942), A PRINCESA E O PLEBEU (1953), FUNNY GIRL – A GAROTA GENIAL (1968), entre outros. Conta a triste história de um viúvo opressor que tenta proteger sua filha de um galã muito suspeito, magnificamente interpretado por Montgomery Clift.



O pai de Catherine (Olivia de Havilland) é um tirano que não deixa sua filha se relacionar com Morris Townsend (Clift), um jovem e bonito pretendente. Ele irá tentar romper a tirania do pai e conquistar Catherine. Ganhou Oscar de Melhor Atriz, para Olivia de Havilland, Melhor Direção de Arte, Melhor Figurino e Melhor Música; foi ainda indicado a outras quatro categorias, incluindo Melhor Diretor para William Wyler e Melhor Filme, mas perdeu injustamente para A GRANDE ILUSÃO (1949). Olívia de Havilland, é uma das últimas grandes damas da Era de Ouro de Hollywood. É também a última sobrevivente do clássico insuperável ...E O VENTO LEVOU (1939). Atualmente ela está com 96 anos e mora em Paris. Montgomery Clift está no auge de sua lendária beleza. Sua atuação magnífica foi unanimemente aclamada pela crítica internacional. TARDE DEMAIS é um filme imortal e arrebatador. Está na lista dos 100 melhores filmes de todos os tempos. Deve ser visto e admirado por todos os cinéfilos do mundo. Um filme inesquecível!!!!

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

87º Lugar - O DRAGÃO DA MALDADE CONTRA O SANTO GUERREIRO - Brasil, 1969



OS 100 MELHORES FILMES DE TODOS OS TEMPOS!!

87º Lugar - O DRAGÃO DA MALDADE CONTRA O SANTO GUERREIRO – Brasil, 1969 – Direção Glauber Rocha – elenco: Maurício do Valle, Odete Lara, Othon Bastos, Joffre Soares, Hugo Carvana, Loríval Pariz, Rosa Maria Penna, Emmanuel Cavalcanti, Vinícius Salvatori, Mario Gusmão, Santi Scaldaferri – 100 minutos.

Um dos filmes mais importantes de Glauber Rocha completa 42 anos. Mais de três décadas depois da destruição dos seus negativos em um incêndio em um laboratório em Paris, o longa reestreou em cópia restaurada, em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília há um tempo atrás. A curadoria da restauração foi assinada pelo brasileiro radicado na Inglaterra João Sócrates Oliveira, um dos maiores especialistas internacionais em restauração de filmes, que assinou a recuperação de obras como CABÍRIA (1914), de Giovanni Pastrone. O trabalho contou também com a supervisão de fotografia de Affonso Beato, que também foi diretor de fotografia do filme de Glauber.

A volta de "O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro" aos cinemas fez parte de um projeto que incluiu o lançamento de uma caixa com quatro DVDs, onde também tem "Terra em Transe", "A Idade da Terra" e "Barravento", todos restaurados. Há também na caixa quatro documentários sobre os longas. O DRAGÃO DA MALDADE CONTRA O SANTO GUERREIRO foi lançado originalmente em 1969. Naquele ano, ganhou o prêmio de direção do Festival de Cannes, além de estampar a primeira capa em cores da revista francesa Cahiers du Cinéma, conquistando admiradores pelo mundo todo - como o cineasta norte-americano Martin Scorsese.



O filme é uma espécie de seqüência de DEUS E O DIABO NA TERRA DO SOL (1964), trazendo novamente o personagem Antonio das Mortes (Maurício do Valle), um mercenário matador de cangaceiros. Na história de "O Dragão da Maldade" surge o cangaceiro Coriana (Lorival Pariz), que se diz ser a reencarnação de Lampião. Anos depois de ter matado Corisco, Antonio das Mortes fica intrigado com essa nova figura e vai até a pequena cidade de Jardim das Piranhas para encontrá-lo. Se num primeiro momento o Dragão da Maldade é o próprio Antonio das Mortes, mais tarde será um latifundiário quem assumirá essa posição.

O próprio Glauber disse certa vez que "tais papéis sociais não são eternos e imóveis e que tais componentes de agrupamentos sociais solidamente conservadores, ou reacionários, ou cúmplices do poder, podem mudar e contribuir para mudar. Basta que entendam onde está o verdadeiro dragão". Por isso, de certa forma, O DRAGÃO DA MALDADE CONTRA O SANTO GUERREIRO é um despertar da consciência de Antonio das Mortes, que começa a ver com outros olhos a estrutura sócio-econômica do Brasil, descobrindo quem é o verdadeiro inimigo do povo.

Essa jornada de Antonio das Mortes é povoada com personagens secundários, como um professor desiludido (Othon Bastos), um delegado ambicioso (Hugo Carvana), um padre em crise (Emmanoel Cavalcanti) e uma mulher solitária (Odete Lara). A força do filme, está não apenas em suas alegorias sobre o Brasil - que, passados quarenta e dois anos, ainda são bem pertinentes - mas também em suas imagens bonitas e poderosas. Por isso mesmo, o filme merece ser visto e revisto - até por aqueles que já o conhecem. UM GRANDE FILME!!