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sexta-feira, 30 de março de 2018

O FILHO DE DEUS (Son of God) EUA, 2014 – Direção Christopher Spencer – elenco: Diogo Morgado (Jesus), Darwin Shaw (Pedro), Roma Downey (Maria, mãe de Jesus) , Sebastian Knapp (João), Amber Rose Revah (Maria Madalena), Joe Wredden (Judas), Greg Hicks (Pôncio Pilatos), Simon Kunz (Nicodemus), Joe Coen (José), Leila Mimack (jovem Maria), Fraser Ayres (Barrabás), Anas Chenin (Lázaro), Daniel Percival (João Batista), Idrissa Sisco (Simão Cirineu), Noureddine Aberdine (José de Arimatéia), Sana Mouziane (Martha), Patrice Naiambana (Balthazar) – 138 min

                          O IMPÉRIO ERA DELES... O REINO ERA SEU


A vida de Jesus Cristo já foi contada inúmeras vezes pelo Cinema, e sob as mais variadas interpretações. Desde o didatismo minucioso de “Jesus de Nazaré” (1977), com mais de cinco horas de duração e dirigido por Franco Zeffirelli, até a sanha violenta de Mel Gibson em “A Paixão de Cristo” (2004). Em “O Filho de Deus” (2015), dirigido pelo estreante no cinema Christopher Spencer, a proposta é oferecer ao público cristão um relato convencional do Novo Testamento. Ou seja, não é preciso temer interpretações dúbias ou ousadas. A proposta aqui é acompanhar a vida de Cristo (Diogo Morgado) a partir dos relatos de João (Sebastian Knapp), narrador da história. Após uma breve passagem por fatos marcantes do Velho Testamento, como a gênese, Moisés e Abraão, a narrativa logo salta para Jesus já adulto. 


“O Filho de Deus” é o típico filme bíblico feito para fieis. A ideia é mostrar de forma glorificada as ações e o sofrimento de Jesus, sem tentar uma nova visão dos textos do livro sagrado. Quem não é religioso deve ter dificuldades para aguentar as mais de duas horas de duração; mas, quem acredita piamente nas Escrituras Sagradas vai ser capaz de tirar algo positivo do filme.

Fica bastante claro que há uma boa pesquisa histórica por trás da produção e, num ano de épicos bíblicos como se mostrou 2014, é natural que os produtores conseguissem financiamento para levar algo assim adiante. Portanto, quando falamos da colocação das personalidades históricas, de Herodes a Pilatos, temos uma correta inserção política e de atitude em cena, bem como todo o figurino romano, real ou cerimonial, com exceção dos figurantes, que aparecem vestindo ou usando coisas que não seriam inventadas ou usadas pelo menos até final do século I d.C. A atriz inglesa Roma Downey é uma das produtoras e faz o papel de Maria. Seus closes e olhares marejados sempre são emoldurados por um belo manto azul – destacando o rosto da atriz. Enquanto, Maria Madalena (Amber Rose Revah) sempre aparece desprovida de qualquer traço de beleza. Aliás, aqui, estranhamente é chamada apenas de Maria. É só mais um dos paradoxos de um filme feito para ser lançado numa Sexta-Feira Santa.

quinta-feira, 29 de março de 2018

ÚLTIMOS DIAS NO DESERTO (Last Days in The Desert) EUA, 2015 – Direção Rodrigo García – elenco: Ewan McGregor, Tye Sheridan, Ciarán Hinds, Ayelet Zurer, Susan Gray – 98 minutos

É UM FILME PROFUNDAMENTE EMOCIONANTE, FORTE E BELO, O QUE POR SI SÓ É UMA BENÇÃO.


“Últimos Dias no Deserto” faz uma interessante reflexão sobre a finitude e até mesmo a incapacidade de Jesus diante dos conflitos, característica humana ao homem Santo. O filme é um convite a um passeio pela mente desse Jesus, que nessa jornada de autoconhecimento é muito mais homem do que santo. Longe de discípulos e apóstolos, Cristo pode ser humano, pode estar em dúvida com sua fé, pode ter medo e se sentir finito. 

Dessa maneira, a escolha em ter um mesmo ator para Jesus e o Diabo é tão interessante, o filme joga com a ideia de que as duas figuras são duplos do mesmo homem, na iminência do Cristo tornar-se imortal e tirar o pecado do mundo, ele deve confrontar-se, ele deve ser provado por si mesmo, ele deve ser tentado. Em um momento Jesus pergunta ao Diabo como é estar na presença de Deus, revelando que o filme busca muito mais do que uma simples dicotomia entre essas figuras, mas sim uma complexidade na relação da representação do bem e do mal, as duas coisas tangenciam-se, há uma dualidade nos dois personagens, nem tudo é sombra nem tudo é luz, não é Cristo que explica o que é Deus, mas sim o Diabo. 


O Jesus daqui parece investigar aquele outro que o provoca, mas que também tem muito a ensinar, o encontro com o mal aqui é mais do que apenas uma provação, mas sim uma investigação do lado mais íntimo do Filho de Deus. Livremente baseado no Novo Testamento. Jesus Cristo (Ewan McGregor) viaja sozinho pelo deserto durante 40 dias de jejum e oração. Nessa jornada ele enfrenta a personificação do Diabo, que põe em dúvida o amor de Deus em um dramático teste de sua Fé. É uma grande parábola, marcada por diálogos humanos e interpessoais. Este é Jesus em sua representação mais humana, vivendo um drama familiar que o leva em direção à divindade.



domingo, 25 de março de 2018

BENJAMIN – O DESPERTAR DE UM JOVEM INOCENTE (Benjamin – Les Mémoires d’un Puceau) – França, 1968 – Direção de Michel Deville – elenco: Catherine Deneuve, Pierre Clémenti, Michel Piccoli, Michèle Morgan, Francine Bergé, Anna Gäel, Catherine Rouvel, Odile Versois, Angelo Bardi, Sacha Briquet, Jacques Dufilho – 103 minutos  

      O MÁXIMO EM REQUINTADA SENSUALIDADE!! UMA OBRA-PRIMA!! 


A indústria francesa de cinema já teve presença mais forte no mundo. Nos anos 1950 e 1960, por exemplo, o Cinema Francês era muito visto pelo grande público brasileiro. Nomes como Jean Paul Belmondo, Alain Delon, Jean-Louis Trintignant ou Brigitte Bardot eram superstars da mesma forma que Matt Damon, Gal Gadot, Meryl Streep, Brad Pitt, Tom Cruise ou Julia Roberts também são hoje, protagonizando filmes comerciais distribuídos por grandes companhias ou mesmo grandes estúdios norte-americanos que compravam os direitos internacionais de obras de François Truffaut ou Louis Malle.  Ao longo dos últimos 30 anos, o alcance do cinema comercial francês diminuiu dramaticamente, muito embora a França ainda marque presença com filmes de qualidade, mas quase invariavelmente rotulados de "filmes de arte". Às vezes, o simples fato de um filme ser francês o coloca dentro dessa nublada definição, hoje, no Brasil. Foi exatamente nessa remota época da idade de ouro do cinema francês, mais precisamente no Natal de 1969, que foi lançado aqui em São Paulo BENJAMIN, O DESPERTAR DE UM JOVEM INOCENTE. 


Um filme de exuberante beleza e sofisticada caracterização. Trata-se da história da iniciação amorosa e sexual de um jovem  órfão de 17 anos, na França do Século XVIII. Instruído pelo Conde Saint German (grande atuação de Michel Piccoli) e “auxiliado” pela inocência de uma mocinha também órfã e pura (brilhante interpretação da bela Catherine Deneuve), o jovem começa a ter os seus primeiros momentos de erotismo e desenvolvimento de sua sexualidade.  No papel-título está Pierre Clementi, que conquistou o mundo em A BELA DA TARDE (1967), novamente com Catherine Deneuve. No elenco  tem ainda a grande veterana Michèle Morgan, numa exuberante performance; Francine Bergé, Anna Gaël, Catherine Rouvel, entre outros. Essa é uma delicada comédia sentimental, muito valorizada pelo seu requinte e sofisticação. Michel Deville ocupa um lugar de destaque no cinema da aclamada Nouvelle Vague. Um filme esplendidamente realizado, cheio de interpretações notáveis, um roteiro notavelmente costurado, uma fotografia belíssima e uma direção extraordinária. É um filme deliciosamente agradável de assistir, cheio de beleza, encantamento e muito charme. Irresistivelmente belo!!!!!! 

Grande destaque para a brilhante atuação de Catherine Deneuve, uma das mais belas e talentosas atrizes do cinema europeu. Ela é acima de tudo um dos maiores ícones femininos da arte francesa. Nascida em 1943 e batizada como Catherine Dorléac, estreou nas telas ainda adolescente, no filme “Les Collegiennes”, de 1956. Sua irmã mais velha, a então popular atriz Françoise Dorléac, abriu-lhe o caminho do estrelato, mas morreu num acidente de carro em 1967. Nos anos 1960, Catherine Deneuve alcançou a fama em filmes bem distintos de três cineastas de prestígio: o musical OS GUARDA-CHUVAS DO AMOR (Les Parapluies de Cherbourg, de Jacques Demy, 1964); o thriller psicológico REPULSA AO SEXO (Repulsion, de Roman Polanski, 1965) e o drama surrealista A BELA DA TARDE (Belle de Jour, 1967, de Luis Buñuel). Em 1968, ela estrela BENJAMIN – O DESPERTAR DE UM JOVEM INOCENTE, que marcou toda uma geração. Este está entre os filmes mais belos do cinema francês. Merece ser redescoberto!!!!!




quarta-feira, 21 de março de 2018

O APARTAMENTO (Forushande) Irã, 2016 – Direção Asghar Farhadi – elenco: Shahab Hosseini, Taraneh Alidoosti, Babak Karimi, Farid Sajjadi Hosseini, Mina Sadati, Shirin Aghakashi, Mehdi Koushki, Ehteram Boroumand, Sam Valipour, Maral Bani Adam, Mojtaba Pirzadeh, Sahra Asadollahe, Emad Emami – 124 minutos   

 UM FILME QUE INVESTIGA BRILHANTEMENTE O SIGNIFICADO DA VERDADE


Para variar, "O Apartamento" é ainda mais sutil, minimalista e contido que os filmes anteriores de Asghar Farhadi. Ainda assim, a técnica do diretor e roteirista está no mesmo alto nível de sempre. (Owen Gleiberman – Variety)

Farhadi não perde o tom de suas narrações: ao traumaticamente rasgar a “normalidade” cotidiana com situações terrificantes (porém realistas), levando ao caos moral e emocional, sucede o susto com reviravoltas tão quanto frustrantes e ainda relações pessoais conflituosas. (Juca Claudino – Ccine 10)

Trabalhando sempre com os mesmos atores e equipe, o realizador é, ao lado do sempre perseguido Jafar Panahi (“Taxi Teerã”), o nome mais pungente do cinema vindo do Oriente Médio nos últimos anos. (Vinícius Volvof – Cinema com Rapadura) 


O interesse narrativo de Farhadi está sempre no vago, no ausente, no silêncio, pois é essa falta de informações que fomenta toda a trama, de modo que sua câmera aqui é muito empregada em espaços mortos, ambientes vazios, nunca chegando de fato a alcançar os momentos-chave reveladores. (Bernardo D. I. Brum – Cineplayers)

Há um eixo moral, ético, que se desloca, ampliando-se numa discussão sobre os limites da vingança. O ponto forte da produção é este roteiro bastante matizado e envolvente, que dá margem para muitas reflexões, especialmente sobre o atavismo de alguns aspectos das relações humanas. (Neusa Barbosa – Cineweb)

O resultado é digno de nota. [...] o diretor extrai bons desempenhos (vale elogiar, em especial, Shahab Houssein, vencedor do prêmio de melhor ator no Festival de Cannes) e demonstra apreciável domínio do texto (seu roteiro também foi premiado em Cannes), a julgar pelo manejo do suspense. (Daniel Schenker – Criticos.com.br) 

 Em "O Apartamento", mais do que nos outros filmes do diretor, nenhum personagem [...] é poupado das ambiguidades, dos momentos sombrios, das pequenas covardias, das partes incompreensíveis expostas por diálogos cuidadosamente escolhidos. (Benoit Smith – Critikat.com)

Todas as mulheres de Farhadi são singularmente belas, além de excepcionalmente talentosas. A qualidade da atuação agrega ao valor do filme, mas o júri de Cannes preferiu o ator. Shahab Hosseini merece o prêmio que recebeu. (Luiz Carlos Merten – O Estado de São Paulo)

Sem a complexidade social de "A Separação", as engrenagens do filme de Asghar Farhadi são aparentes e às vezes levam o filme para algumas partes tediosas. Mas tudo é perdoado quando o clímax é atingido. (Deborah Young – The hollywood Reporter) 


domingo, 18 de março de 2018

ATÉ O ÚLTIMO HOMEM (Hacksaw Ridge) Austrália / EUA, 2016 – Direção Mel Gibson – elenco: Andrew Garfield, Richard Pyros, Jacob Warner, Milo Gibson, Darcy Bryce, Roman Guerriero, Hugo Weaving, James Lugton, Teresa Palmer, Kasia Stelmach, Jarin Towney – 139 minutos.

UM FILME ÉPICO EM SEU ESCOPO, ÍNTIMO EM SEUS DETALHES E SURREAL EM SUAS DIMENSÕES 


O protagonista – Desmond Doss (Andrew Garfield, em brilhante atuação) - deste grande filme representa uma fusão que parece combinar a estrutura típica do cinema de guerra com o mecanismo tradicional do cinema religioso. Ele é ao mesmo tempo um jovem pacifista, temente a Deus, e um soldado destinado a salvar pessoas no campo de batalha da Segunda Guerra Mundial. Sua única condição: jamais tocar em uma arma, devido a traumas de infância. Como ser um pacifista em meio à guerra? Como lutar contra inimigos armados sem possuir instrumentos de defesa? O drama questiona, portanto, a violência dos “homens de bem”, a incompatibilidade entre amar o próximo como a si mesmo e amar apenas o próximo, mas não o diferente. 


"Até o Último Homem" é um ótimo exemplo do que acontece quando o material certo cai nas mãos de um realizador sintonizado com seus temas. O filme é um espetáculo grandioso, grandiloquente e enaltecedor. Andrew Garfield vive o protagonista com a doçura necessária para seu papel e Hugo Weaving consegue dar toda a carga dramática necessária para pai dele. O diretor Mel Gibson disse que aqui não é um filme de guerra, mas sim de homens na guerra. Assista aos créditos finais, que trazem cenas reais de Desmond Doss. Embora o filme simplifique a posição do personagem que não quer sequer tocar numa arma, a violência que o cerca o torna uma história fascinante que não tem uma resposta certa sobre significado de ser um não-combatente no meio de um combate. Durante a primeira metade, o cineasta dedica bastante tempo para explicar o tema das implicações religiosas, antes de investir numa segunda metade tão brutal quanto assustadora, mas mesmo assim impressionante.


O grande legado deste filme é o reconhecimento pela admirável certeza das convicções de Desmond Doss e de seus feitos como um homem comum que salvou dezenas de vidas e não tirou nenhuma. "Até o Último Homem" é o trabalho de um diretor possuído pela certeza da realidade da violência como uma verdade profana, porém inevitável. Mel Gibson filma esse caso real de moral exemplar como um diretor de Hollywood faria nos anos 1940, equilibrando ação e emoção em doses calculadas, explorando os tempos dramáticos com precisão e levando sua mensagem a quem desconfia dela. A dor e a violência são uma forma de justificar aquela história e mostrar sua importância, como se diante daquele horror pode ser apresentado uma espécie de iluminação, um milagre divino diante do caos humano. Este grande filme tem, aparentemente, uma justificativa divina para filmar a guerra. Indicado ao Oscar 2017, incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Ator (Andrew Garfield). Espetacular, belo e grandioso!!


                        QUANDO TODOS JÁ PARTIRAM, ELE REGRESSA 

sábado, 17 de março de 2018

A PAIXÃO DE ANA (En Passion) Suécia, 1970 – Direção Ingmar Bergman – Elenco: Max von Sydow, Andreas Winkelman, Liv Ullmann, Bibi Andersson, Erland Josephson, Erik Hell, Sigge Fürst, Svea Holst, Annicka Kronberg, Hjördis Petterson, Lars-Owe Carlberg, Brian Wikström, Barbro Hiort af Ornas, Malin Ek, Britta Brunius, Brita Öberg, Marianne Karlbeck – 101 minutos

2018 - 100 ANOS DE INGMAR BERGMAN 

Um retrato penetrante das relações amorosas, a partir de um complexo estudo psicológico de suas personagens.


Andreas Winkelmann, um homem lutando contra o recente fim de seu casamento e o momento emocional que está enfrentando, isola-se em uma ilha no Mar Báltico. Lá, conhece Anna Fromm, que está de luto pela recente morte de seu filho e de seu marido, cujo nome também era Andreas. Ela parece crente em sua fé inabalável e na busca da verdade, mas aos poucos passa a conviver com uma série de delírios. Andreas e Anna tornam-se amantes, mas ele não é capaz de superar seus sentimentos de profunda humilhação e permanece incapaz de se relacionar. Entretanto, a comunidade da ilha passa a conviver com um maníaco que comete atos cruéis contra animais.

Este filme de Bergman em particular não abusa de seu simbolismo costumeiro, como o diretor sueco apresentou em clássicos como “O Sétimo Selo” (1957) ou mesmo em sua “Trilogia do Silêncio”, porém analisa de forma esmiuçada toda a psiquê humana envolta na necessidade de afeto, como o diretor aponta em diversos momentos de sua trama. Deixando de lado suas indagações religiosas, Bergman tece um drama mais humano, porém não deixa de lado questionamentos comuns a seus filmes, como o lugar de cada um, seja na sociedade, seja dentro da própria família. De forma sutil, mas bastante inteligente, Bergman utiliza a morte sacrificada de alguns animais em sua história como metáfora para o ressentimento de seus personagens por casos do passado. 


Interrompendo a trama em um total de quatro vezes, o diretor utiliza-se de um artifício pouco usual no cinema, quando inclui o que nomeia de ‘interlúdios’, onde cada um dos quatro atores principais, um por vez, analisa seu personagem em um pequeno momento. Essas cenas não acrescentam muito à narrativa do filme, mas, por serem relatos verdadeiros, instigam o espectador a prestar maior atenção aos detalhes analisados pelo elenco, uma vez que os atores imersos em seus papéis conhecem a fundo seus personagens e as intenções dos mesmos. Tais cenas também, curiosamente, não quebram o ritmo do filme ou o tornam desinteressante.  

Três grandes nomes consagrados por filmes do diretor estão presentes em “A Paixão de Anna”: Max von Sydow, Liv Ullmann e Bibi Andersson. O primeiro, como Andreas, desenvolve seu personagem inicialmente como um homem triste e sofrido, consciente de sua solidão, que muda aos poucos quando encontra em Anna uma parceira. Liv Ullmann, com seu olhar incrivelmente expressivo, destaca-se facilmente por tecer em Anna uma persona maleável, caracterizada por sua fragilidade. E por fim Bibi Andersson, que coadjuva como Eva, encanta com a força de sua atuação mesmo nos pequenos momentos do filme em que aparece. Esta obra-prima importante figura entre os filmes menos otimistas de Bergman, em sua jornada para retratar a alma humana no cinema. O diretor não deixa esperança para os personagens que criou e o pouco que se pode esperar para os mesmos se esvai ao longo do filme, até seu final, que não poderia ser mais amargo e pessimista. Um filme intrigante, belo e obrigatório!!


quinta-feira, 15 de março de 2018

MUDBOUND – LÁGRIMAS SOBRE O MISSISSIPI (Mudbound) EUA, 2017 – Direção Dee Rees – elenco: Carey Mulligan, Garrett Hedlund, Jason Clarke, Jason Mitchell, Mary J. Blige, Rob Morgan, Kerry Cahill, Jonathan Banks, Frankie Smith, Dylan Arnold, Kelvin Harrison Jr., Lucy Faust, Geraldine Singer, Kennedy Derosin – 134 minutos

UM BELÍSSIMO ÉPICO RURAL QUE É A IMAGEM SUFOCADA PELAS PALAVRAS  

"Mudbound" comove graças às impressionantes performances do elenco como um conjunto e, notavelmente, à intenção de Dee Rees de representar a realidade obscura do período desagradável antes dos Direitos Civis. (Gregory Ellwood – The Playlist)

''Mudbound - Lágrimas Sobre o Mississippi'' consegue abordar temas relevantes e atemporais com uma carga emocional impressionante, mas sem ser excessivamente apaziguador ou apolítico. (Iara Vasconcelos – CineClick)  

"Mudbound" segue uma estratégia que o cinema americano conhece desde Griffith e que consiste em articular a história, a grande narrativa do destino coletivo da humanidade, com as pequenas narrativas das pessoas comuns, tentando construir suas vidas em tempos conturbados. (Luiz Carlos Oliveira Jr. – Folha de São Paulo) 


O elenco dirigido por Dee Rees não encontra uma falha sequer, ainda que, devido a cenas específicas, alguns se destaquem mais que outros, como é o caso de Carey Mulligan, Garrett Hedlund e Mary J. Blige, especialmente. (Matheus Bonez – Papo de Cinema)

Esse é um grande filme, sobre grandes emoções e ideais, que a Dee Rees aponta e explora por meio de uma extraordinariamente rica atmosfera, contexto físico, detalhe visual e sutis performances sensíveis. (Ann Hornaday – Washington Post) 

Nesse mundo, parece que todo momento de felicidade, cada vislumbre de um futuro melhor, é carregado de consequências perigosas... Mas a redenção e a esperança eventualmente aparecem aqui e ali, e quando isso acontece, é algo belo. (Richard Roeper – Chicago Sun-Times)

Ecoando os ensinamentos futuros do pastor Martin Luther King, a narrativa consegue manter o tom esperançoso em um drama profundo, que inquieta aquele que entende que a única distinção entre um e outro é o caráter que cada qual carrega. (Rafaela Gomes – Cinepop)


É um trabalho de imaginação histórica que aterriza no presente com uma força inquietante. As vozes que refletem sobre o significado das ações acontecendo podem ser desconcentrantes ou confusas, mas, ao contrário, elas proporcionam uma estrutura quase musical e uma sensação de gravidade moral. (A. O. Scott – New York times)

"Mudbound" requer um gosto por histórias contadas lentamente, com mais foco em construir nuances cuidadosas e personagens profundos do que grandes estrondos dramáticos. Sua abordagem discreta é amarrada com inteligência, elegância e um equilíbrio impactante entre indignação humana e moral. (David Rooney – The Hollywood Reporter)

O destaque fica para a fotografia belíssima de Rachel Morrison. As paisagens rurais do Mississipi ganham tons terrosos, contrastados, e a iluminação noturna com velas é simplesmente perfeita. (Katia Kreutz – Cinemascope) 



domingo, 11 de março de 2018

TRÊS ANÚNCIOS PARA UM CRIME (Three Billboards Outside Ebbing, Missouri) EUA, 2017 – Direção Martin McDonagh – elenco: Frances McDormand, Woody Harrelson, Sam Rockwell, Caleb Landry Jones, Lucas Hedges, Darrell Britt-Gibson, Abbie Cornish, Kerry Condon, Zeljko Ivanek – 115 minutos
  
          MUITO DISCRETO ESTETICAMENTE, É O MELHOR FILME DO ANO!!


Com personagens verdadeiros, viventes, que refletem em micro o que todos nós somos em macro, o longa é uma peça esmagadora, quase excruciante, de espelhamento da nossa incapacidade de nos manter sãos em um mundo que nos surpreende a cada minuto. (Rogério Montanare – Cinema com Rapadura) 

"Três Anúncios Para um Crime" é um filme de vingança que a nega à protagonista, interessando-se não pela catarse cinematográfica originada da punição, mas pela ferida que insiste em permanecer aberta e que só piora ao ser constantemente coçada. (Pablo Villaça – Cinema em Cena)

Com uma fotografia e direção belíssimas que exploram bem cada uma dessas caricatas figuras, ''Três Anúncios Para um Crime'' é um conto peculiar sobre o aftermath, aquele instante que sucede a súbita dor da tragédia revelada. (Rafaela Gomes – Cine Pop) 


Ao contrário de filmes tradicionais onde personagens são guiados para o caminho do perdão e do entendimento, a história dirigida por Martin McDonagh explora a ideia de que, às vezes, devemos aceitar o ódio para, depois disso, encontrarmos algum tipo de evolução. (Fábio de Souza Gomes – Omelete)

É um filme sobre como a raiva consome e destrói, e como a única cura para essa raiva é a empatia, algo que está faltando esses dias, mas "Três Anúncios Para um Crime" tem em abundância. É um filme de contradições, começando por esta: é um filme agradável e amoroso sobre vingança. (Matt Singer – ScreenCrush)

O que é mais impressionante sobre o filme de McDonagh é sua natureza libertadora, sua sensibilidade agitada, sua consciência de que as pessoas conseguem mudar 180 graus em segundos. Um velho-oeste moderno, completo com música mariachi e um fogo cruzado de olhares na calma Main Street. (Xan Brooks – The Guardian) 


Ancorado numa sucessão de causas e efeitos extremos, o roteiro toma rumos imprevisíveis, apresentando reviravoltas que, felizmente, soam sempre genuínas, nunca forçadas. Isso contribui para a criação de uma atmosfera de absurdo na qual todas as figuras secundárias têm seu momento de brilho. (Leonardo Ribeiro – Papo de Cinema)

Mildred acaba sendo uma alternativa instigante e uma guia profundamente compreensiva por um mundo que o roteirista-diretor Martin McDonagh cria. Seu filme une naturalismo e teatralidade histericamente armada com algumas vezes incertos, mas estimulantes resultados. (Ann Hornaday – Washington Post)

"Três Anúncios para Um Crime" é corrosivo, mas não deixa de ter humor. Pelo contrário, talvez o cômico seja seu traço mais marcante, embora estruturado sobre uma situação trágica. Tem bom ritmo, diálogos afiados e nenhum receio diante da estranheza da vida. (Luiz Zanin Oricchio – Jornal Estado de São Paulo) 



sábado, 10 de março de 2018

THOR: RAGNAROK (Thor: Ragnarok) EUA, 2017 – Direção Taika Waititi – elenco: Chris Hemsworth, Tom Hiddleston, Cate Blanchett, Idris Elba, Tessa Thompson, Karl Urban, Mark Ruffalo, Anthony Hopkins, Benedict Cumberbatch, Taika Waititi, Matt Damon, Luke Hemsworth, Sam Neill, Stan Lee, Jeff Goldblum, Tadanobu Asano,Ray Stevenson, Zachary Levi, Rachel House, Clancy Brown – 130 minutos  

POR UM LADO EXAGERO NO HUMOR, POR OUTRO CENAS DE AÇÃO BEM COMPETENTES

Para fazer vingar o bom humor numa história de ação com batalhas quase apocalípticas, bons atores são fundamentais. E aí entram um bem engraçado Chris Hermsworth como o herói e os ótimos Tom Hiddleston (o nada confiável Loki, meio-irmão de Thor) e Cate Blanchett. (Thales de Menezes – Jornal Folha de São Paulo)

Com uma “vibe” dos anos 80 (que Waititi adora explorar em todas as suas produções), "Thor: Ragnarok" brinca com os clichês sem ofender os fãs das HQs. Mas, sinceramente, vai agradar ainda mais o público que torce o nariz para o gênero. Uma espécie de "Deadpool" para ver com toda a família. Imperdível. (Ricardo Matsumoto – Preview)

Logico que o formato do filme é igual aos demais do universo Marvel, mas o fato de não se levar a sério e saber brincar na hora certa, acaba deixando o longa mais divertido de assistir, os exageros que estão presentes, acabam se tornando toleráveis. (Kadu Silva – Ccine 10) 


O visual do longa, amparado nas cores primárias saturadas e no design único do lendário quadrinista Jack Kirby, também combina com a narrativa de locomotiva sem freio de Waititi, com a direção de arte do filme merecendo todos os louros. (Thiago Siqueira – Cinema com Rapadura)

‘"Thor – Ragnarok" provavelmente vai transformar Thor em um dos heróis favoritos de muita gente, e pode ser considerado uma espécie de "Deadpool" (personagem da Marvel que está nas mãos da Fox nos cinemas). É uma comédia escrachada, que traz um herói brincalhão com um humor ácido. (Renato Marafon – CinePop)

Depois da "Guardiões da Galáxia", a Marvel parece ter entendido que há espaço para criatividade dentro da incubadora de sucessos fabricada em 2008 com Homem de Ferro. "Thor: Ragnarok" é um dos primeiros filhotes dessa nova fase. (Thiago Romariz – Omelete) 


A prevalência do humor não asfixia os demais vieses em "Thor: Ragnarock", um espetáculo pirotécnico – e a qualidade dos seus efeitos especiais deixa a malfadada técnica de "Thor: Mundo Sombrio" para trás –, mas que sabe dosar habilmente os tons secundários. (Marcelo Müller – Papo de Cinema)

Um filme de história em quadrinhos alegremente pateta que reverbera com o prazer juvenil. O toque leve do diretor não impede que Ragnarok seja o tipo de blockbuster forte que o público demanda. (Tim Grierson – Screen International)

Chris Hemsworth [tem a] chance de encontrar uma pegada cômica e faz isso com habilidade, e o humor auto-zombador é ainda mais bem-vindo, dada a essência original de Thor. (Sheri Linden – The Hollywood Reporter) 


Com atuações caricatas, mas curiosamente interessantes, como do próprio Chris Hemsworth, o longa apresenta ainda a primeira vilã do universo cinematográfico da Marvel, que mesmo com uma atriz de peso como Cate Blanchet por trás da antagonista, ainda não consegue ser a personagem de peso que gostaríamos de ver. Daniel Reininger – CineClick)

Será que ele vai poder confiar em Loki para ajudá-lo desta vez? O diretor neozelandês Taika Waititi infiltra algumas doses de humor neste barraco familiar enquanto a destruição corre solta. (Neusa Barbosa – Cineweb)

Embora não diga muito, Thor: Ragnarok é facilmente o melhor dos três filmes de Thor - ou talvez eu apenas pense, porque os roteiristas e eu finalmente parecemos concordar com uma coisa: os filmes Thor são absurdos. (Peter Debruge – Variety) 



sexta-feira, 9 de março de 2018

O ARTISTA DO DESASTRE (The Disaster Artist) EUA, 2017 – Direção James Franco – elenco: James Franco, Dave Franco, Zac Efron, Josh Hutcherson, Seth Rogen, Sharon Stone, Melanie Griffith, Ari Graynor, Alison Brie, Nathan Fielder, Paul Scheer, Andrew Santino, Jason Mantzoukas, Megan Mullally, Jacki Weaver, Charlyne Yi, Bob Odenkirk, Tommy Wiseau, Tom Franco, Kevin Smith, Kristen Bell, J. J. Abrams, Lizzy Caplan, Adam Scott, June Diane Raphael – 104 minutos

UM TRIBUTO ÀQUELES QUE SONHAM TÃO ALTO E FALHAM TÃO ESPETACULARMENTE QUE ACABAM TRIUNFANDO (New York Magazine)


"Artista do Desastre" é uma daquelas comédias de absurdo, em alguns momentos quase surreal, que causa estranheza logo de início. Entretanto, é interessante o quanto o argumento consegue desenvolver a história sem caracterizar de forma pejorativa sua personagem principal. (Davi Gonçalves – Ccine 10)

O filme cumpre bem o seu papel como comédia dramática. O tom naturalmente cômico da história real faz a necessidade de criar situações engraçadas quase nula. O bônus antes dos créditos finais, que coloca lado a lado as cenas do original com as do longa de Franco, são o arremate perfeito. (Iara Vasconcelos – CineClick)

A primeira cena do filme de James Franco já mostra que, apesar da intensa pesquisa realizada pelo ator e diretor, ele jamais conseguiu desvendar o enigma Tommy Wiseau. “O Artista do Desastre” é um buddy movie tão esquisito e fascinante quanto a figura na qual se inspira. (Bernardo Brum – Cineplayers) 


"Artista do Desastre" está preocupado em humanizar Tommy Wiseau através de sua amizade com Greg Sestero. Você ainda vai rir do início ao fim, mas vai ficar encantado com a doçura e sensibilidade do filme. (Matt Goldberg – Collider)

Seria fácil fazer um filme sobre Tommy Wiseau e tratá-lo como ridículo. É muito mais difícil fazer o que James Franco conseguiu em "Artista do Desastre", ou seja, levá-lo a sério como diretor, e encontrar a alma por trás da aparência excêntrica. A atuação de Franco como Tommy Wiseau é uma maravilha. (Matt Singer – ScreenCrush)

James Franco está inteiramente comprometido com o papel, desaparecendo no personagem para se transformar em um diretor surpreendente. Ele faz mais do que uma imitação: a versão de Tommy criada por Franco tem motivações claras e fáceis de se identificar. (Chris Agar – Screen Rant) 


James Franco desaparece completamente no papel de Tommy, até ficar impossível dizer onde acaba a maquiagem e permanece o ator. É a melhor atuação dele desde "127 Horas", e como diretor, é ótimo finalmente vê-lo trabalhando em sua zona de conforto da comédia. (Erik Childress – The Playlist)

Um filme clássico sobre o sonho americano, algo que sempre envolve o cinema. Uma narrativa sobre o desejo de brilhar, sobre sair de uma cidade qualquer, arrumar um par de malas e ser estrela em Hollywood, por mais distante que esse objetivo possa estar. (Giovanni Rizzo – Observatório do Cinema)

"O Artista do Desastre" é um filme real, bancado por um legítimo estúdio, apresentado por talentos indicados ao Oscar e dono de uma genuína capacidade de entreter plateias que assistiram  "The Room" ou não. (Peter Debruge – Variety)

James Franco é o cara certo para fazer um filme sobre um dos piores filmes já feitos. Em "O Artista do Desastre", mais do que em qualquer um de seus outros projetos, Franco nos lembra de seu genuíno talento à frente e atrás das câmeras. (Richard Roeper – Chicago Sun-Times)