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sábado, 9 de setembro de 2017

A FONTE DA DONZELA (Jungfrukällan) Suécia, 1960 – Direção Ingmar Bergman – elenco: Max von Sydow, Birgitta Valberg, Gunnel Lindblom, Birgitta Pettersson, Axel Düberg, Gudrun Brost, Axel Slangus, Tor Isedal, Allan Idewall, Ove Porath – 86 min

COM UMA DIREÇÃO IMPECÁVEL, BERGMAN VOLTA A EXPLORAR O IMAGINÁRIO MEDIEVAL NUM FILME ABSOLUTAMENTE FASCINANTE!! 


Com um cinema do qual uma série de diretores é tributário declarado, não há como se manter impassível ante os seus retratos contundentes das vicissitudes moldando o ser humano. Em "A Fonte da Donzela", Ingmar Bergman se debruça novamente sobre a temática da Idade Medieval, que poucos anos antes ele já havia realizado uma obra-prima "O Sétimo Selo" (1957). Realizado em 1960, o filme gira em torno de uma família tipicamente medieval, com sua crença na vontade soberana de Deus para explicar todos os fenômenos da natureza. Nesse contexto, já é possível vislumbrar que Bergman se propõe, mais uma vez, a tratar de um tema que é recorrente em sua filmografia: a crise da fé. Controverso à época que estreou e certamente perturbador, “A Fonte da Donzela” garante ao espectador um vislumbre da temática que o diretor trabalharia posteriormente em sua “Trilogia do Silêncio(composta por Através de um Espelho – 1961;, Luz de Inverno - 1962 O Silêncio - 1963). Adaptado de uma balada sueca do século XIII, a obra trabalha em cima de temáticas como a religião – o conflito entre o chamado paganismo e o cristianismo -, inocência, moralidade e, é claro, o pecado. Vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 1961, temos aqui um filme que não merece ser visto uma só vez, mas consecutivas a fim de experimentar todas as suas facetas.

A Fonte da Donzela” é um filme de transição do mestre sueco. A partir dali seus filmes estarão muito mais desacreditados na figura humana. Töre, ao descobrir que sua filha foi barbaramente atacada, não abre espaço para o perdão pregado na sua crença. Parte para um ritual pagão e comete um ato atroz. Seria ele tão bárbaro quanto os assassinos de Karin? Até onde o livre-arbítrio está para a religião e os homens? E o quão remediável é a culpa do homem cristão? A condução da narrativa é feita de forma gradual, deixando o espectador se ambientar e familiarizar não só com o local, mas também com a personalidade de cada um, o que irá provocar o grande choque na metade do filme, quando Karin, em sua inocência, é abordada por dois homens e um garoto que afirmam ser pastores. Ela oferece comida para eles que, em retribuição, são violentos e abusam dela sexualmente. Uma cena crua, que causa angústia.



O diretor apresenta uma espécie de fábula, densa e violenta, sobre a relação do homem com a fé e sua natureza multidimensional. O filme acaba tendo uma narrativa muito mais simbólica e cheia de metáforas dentro de questões religiosas. Divididos entre o lado cristão e pagão, os personagens frequentam igrejas e levam velas para Maria enquanto outros fazem promessas para o deus Odin. Assim como outros filmes do Bergman, a narrativa é bastante lenta. E neste contexto o espectador acompanha o destino violento de Karin e principalmente a transformação do seu pai. Ao final, a questão religiosa volta a ser apresentada em uma das sequências mais icônicas criadas pelo cineasta.  As provações da fé, a alma corrupta do ser humano e a perda da inocência, temáticas tão caras ao cineasta sueco que permeiam boa parte de sua filmografia, estão mais do que presentes no filme. Absolutamente fascinante e imortal!! Um dos filmes mais impressionantes da filmografia sueca!! 


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