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sábado, 16 de setembro de 2017

O DESERTO VERMELHO / DESERTO ROSSO – O DILEMA DE UMA VIDA (Il Deserto Rosso) Itália / França, 1964 – Direção Michelangelo Antonioni – elenco: Monica Vitti, Richard Harris, Carlo Chionetti, Xenia Valderi, Rita Renoir, Lili Rheims, Aldo Grotti, Valerio Bartoleschi, Emanuela Pala Carboni, Giuliano Missirini, Bruno Borghi, Beppe Conti, Giulio Cotignoli, Hiram Mino Madonia – 113 minutos

QUAL É O LUGAR DO SER HUMANO NUMA SOCIEDADE OCUPADA CADA VEZ MAIS PELA IDEOLOGIA UTILITARISTA REINANTE??


Como em tantos outros filmes de Michelangelo Antonioni, o enredo de O DESERTO VERMELHO é profundo e ao mesmo tempo simples. Numa zona industrial do norte da Itália -, chuva, neblina, frio e poluição assolam a cidade industrial de Ravenna -, Giuliana (Monica Vitti) é uma mulher mentalmente perturbada, com dificuldades terríveis de se encaixar na chamada "vida normal", tão festejada por seu marido, o engenheiro Ugo, (Carlo Chionetti), gerente de uma usina local. A chegada de um colega do marido, o também engenheiro Corrado Zeller (Richard Harris), que eles conhecem numa viagem à Patagônia, arranca-a por um momento de sua condição de sonâmbula, mas arrisca precipitá-la ainda mais fundo no abismo da incomunicabilidade. 


Em torno dessa situação, típica do "cinema da angústia" de Antonioni, o diretor construiu um de seus filmes mais belos, cujo sentido mais profundo não está nos diálogos ou no drama particular dos personagens, mas na rigorosa poesia de suas imagens. Em sua primeira experiência com a cor, Antonioni chegou ao requinte de mandar pintar gramados e árvores para atingir os tons exatos de determinados estados de espírito que desejava comunicar. A fotografia de Carlo Di Palma contrapõe primorosamente planos que ressaltam a cor e a textura de cada superfície (madeira, pedra, terra) a outros - em geral planos gerais das fábricas, estaleiros e descampados - em que uma bruma difusa torna indefinidos todos os contornos, compondo uma paisagem de aridez e melancolia. Não por acaso, Fritz Lang considerava a fotografia de O DESERTO VERMELHO a mais bela de toda a história do cinema. Para Antonioni, a degradação da vida na sociedade industrial é também uma degradação de imagem e da própria capacidade de ver. Seu cinema é difícil não por um suposto hermetismo de seus símbolos e referências, mas porque exige do espectador contemporâneo, bombardeado diariamente pelas imagens aviltadas da TV e da publicidade, um esforço de reeducação do olhar. Antonioni nos ensina a ver. 

Um dos grandes trabalhos de Monica Vitti, atriz com quem Antonioni foi casado. Ela faz a dona de casa angustiada, que não sabe direito de onde lhe vem tanto mal estar diante do mundo. A trilha sonora inusual, a fotografia em cores de Carlo Di Palma, valem ao filme uma ambientação muito marcante. É mais uma tentativa de retratar a vida alienada na sociedade contemporânea. Monica não sabe a razão da sua infelicidade. E essa é a tese de Antonioni: ignoramos o porquê, ele está oculto e faz parte da própria alienação. Vencedor do Leão de Ouro de Melhor Filme no Festival de Veneza, O DESERTO VERMELHO é uma das obras máximas do diretor. Em O DESERTO VERMELHO, Antonioni, no auge de sua forma, aborda os temas centrais de sua filmografia: a incomunicabilidade e a solidão do homem contemporâneo. 



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