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domingo, 26 de agosto de 2018

VISITANTES NA NOITE (De La Part Des Copains / Cold Sweat) França / Itália / Bélgica, 1970 – Direção Terence Young – elenco: Charles Bronson, Liv Ullmann, James Mason, Jill Ireland, Michel Constantin, Luigi Pistilli, Yannick Delulle, Jean Topart, Gabriele Ferzetti, Paul Bonifas, Sabine Sun – 94 minutos

Riviera Francesa!! Belo cenário para a vida... e para o túmulo de homens, fora-da-lei, que vivem este violento drama. 


O americano Joe Martin leva uma vida pacata no sul da França, trabalhando com o aluguel de barcos para turistas. Ele é casado com Fabienne, e tem uma filha de doze anos, Michèle. Mas o tranquilo homem tem um passado, durante a Segunda Guerra Mundial, que vem à tona inesperadamente, fazendo com que ele seja obrigado a trabalhar para um chefão do tráfico após ter sua esposa sequestrada. O filme também ficou conhecido por uma extensa perseguição de carros com um Opel Commodore GS / E 16 envolvendo a tentativa do personagem de Charles Bronson de levar um médico a um traficante ferido em troca de sua esposa. 


Charles Bronson estava no auge da carreira, quando fez este filme. Ele era a maior bilheteria do cinema francês na época, principalmente depois do sucesso estrondoso de “O Passageiro da Chuva” (Le Passager de la Pluie), de René Clément. Houve quem dissesse que “Os Visitantes na Noite” foi feito sob medida para a popularidade dele. Independente disso, ele era um ator muito talentoso e seus filmes eram sempre de qualidade, pelo menos nessa fase francesa. Para os saudosistas, é uma ótima oportunidade de ver ou rever esse angustioso suspense, de espantosa violência e vertiginosa ação; e para os mais jovens é muito válido descobrir esse período de um grande ator, que marcou profundamente toda uma geração. Um grande sucesso do cinema, que vale o ingresso!!   




quinta-feira, 23 de agosto de 2018

A LIVRARIA (The Bookshop) Inglaterra / Espanha / Alemanha, 2017 – Direção Isabel Coixet – elenco: Emily Mortimer, Bill Nighy, Honor Kneafsey (Christine), James Lance, Patricia Clarkson, Hunter Tremayne, Frances Barber, Reg Wilson, Michael Fitzgerald, Nigel O’Neill, Jorge Suquet, Harvey Bennett (Wally), Lucy Tillett, Toby Gibson, Barry Barnes, Charlotte Vega, Franchesca McGill Perkins (Christine adulta), Mary O’Driscoll, Karen Ardiff, Julie Christie (narradora, somente voz) – 113 minutos

                      ENTRE LIVROS, NINGUÉM PODE SE SENTIR SOZINHO


Em uma primeira análise “A Livraria” se mostra um filme que aborda as questões feministas em relação a trabalho, remuneração e igualdade. Sim, estes temas estão todos ali, mas se tratam apenas de uma camada narrativa que dá ensejo a outras mais profundas. Percebendo mais detalhadamente, o longa metragem aborda de maneira sutil a solidão em suas diversas expressões. Primeiramente na própria Florence Green, que sai de um isolamento social para tentar se reerguer, mas acaba caindo em outro isolamento, este imposto à sua revelia. A solidão de Violet Gamart é traduzida em amargura e poder, o que se realiza com a humilhação de todos os que a cercam, inclusive seu marido, o General Gamart, um solitário que tenta parecer popular e autônomo enquanto está sempre à sombra de sua esposa. Milo North é o caso mais evidente de solidão, afinal não consegue manter seus relacionamentos e vive de ilusões para se auto enganar. Por fim, temos Edmund Brundish (Bill Nighy), o único solitário assumido, afinal ele escolhe essa condição justamente para se afastar de todas as mazelas e hipocrisias sociais que a pequena cidade oferece com fartura. (Tércio Strutzel – Cinéfilos Anônimos) 


Baseado no livro de Penelope Fitzgerald, “A Livraria, foi adaptado para o cinema com a direção sublime da cineasta catalã, Isabel Coixet. Ela já foi chamada de cineasta globalizada, porque desde que estreou realiza os filmes em inglês e espanhol. O filme é recheado de atores de competência ímpar, com grande destaque para a pequena Honor Kneafsey, que interpreta Christine pré-adolescente, em uma atuação memorável. Ela é a única que realmente foi solidária à Florence Green (a protagonista, papel de Emily Mortimer). Outra menção honrosa é a participação da extraordinária Julie Christie, apenas como narradora, fazendo a voz de Christine já adulta. Esse belo e tocante filme é um primor de sensibilidade por abordar os sentimentos humanos com muita profundidade. Acredito que por isso teve boa repercussão na Europa, recebendo 11 indicações nos prêmios Goya (a maior premiação do cinema espanhol), e foi vencedor em três categorias importantes do prêmio: Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Diretor e, o mais notável, Melhor Filme. (Atila Francis)


Esteticamente, o filme beira à perfeição. A cidade inglesa é fria, cinza e triste. Enquanto isso, as cores vão se mesclando de acordo com as peças e personagens, trazendo mais movimento para trama. O contraste entre as cores e o cinza faz da fotografia e do figurino grandes destaques no filme. Tudo isso faz de “A Livraria um filme mágico, que promete fazer o espectador sonhar, mas sempre com os pés na realidade, já que o tom agridoce que segue o filme do início ao fim lhe salva de ser um conto de fadas. (Rodrigo Scharlack – Observatório do Cinema) 



domingo, 19 de agosto de 2018

CUSTÓDIA (Jusq’à la Garde) França, 2018 – Direção Xavier Legrand – Elenco: Léa Drucker, Thomas Gioria, Denis Ménochet, Jenny Bellay, Saadia Bentaïeb, Mathilde Auneveux, Mathieu Saikaly, Florence Janas – 93 minutos

  UM ELETRIZANTE SUSPENSE QUE PEGA O PÚBLICO PELA GARGANTA


O diretor e roteirista Xavier Legrand, através da mise en scène, cria rivalidade entre seus personagens centrais, como vemos logo no início no segundo plano numa audiência de custódia, com um homem e uma mulher opostos brigando pela guarda do filho enquanto nós, espectadores, nos colocamos em frente a eles, observando-os. O homem está cercado por outras mulheres – advogadas e juíza. A juíza, no centro, divide o casal que não se encara, com semblantes sisudos, impacientes pela indefinição que os cerca e que os mantém indesejavelmente juntos. É a abertura de um processo de análise subjetiva, cuja interpretação dos atores direciona nosso olhar. (Marcelo Leme – Cineplayers) 


E assim, Custódia se firma como um dos grandes destaques do cinema em 2018. Ousado, corajoso, forte, tenso e com um debate mais que necessário, o filme mostra como a vida real, quando bem retratada, pode ser tensa e angustiante na tela. Não precisa de explosões, efeitos especiais, roteiros rocambolescos. É só uma boa trama, bons atores e um grande diretor. E voilá, temos um dos melhores filmes do ano. (Matheus Mans – Esquina da Cultura)

“Custódia” é um suspense de primeira linha, que demonstra compreender todas as lições desse estilo, da tensão crescente, ao incrível trabalho de adesão psicológica. Aqui reside justamente a grande força do filme, essa indução da plateia de modo muito sutil, que desloca o espectador para um filme extremamente tenso e violento, um filme que chega a exaurir todas as forças de sua plateia. “Custódia” pode muito bem trazer todas as regras hitchcockianas, aliás cineasta que hoje tem um estilo reconhecido, mas sempre trouxe em sua fórmula autoral uma grande carga por transparecer real, para que passasse um sentimento de verdade em sua audiência. O longa francês opera da mesma maneira, envolve o espectador para colocar todos seus pontos, fazendo com que o drama de uma família se torne o do público, fazendo com que a tensão vista ali remeta a uma realidade fora da sala de cinema. (Giovanni Rizzo – Observatório do Cinema) 


Por fim, “Custódia” efetua uma alternância preciosa de pontos de vista: seria óbvio ficar apenas do lado dos sofredores, seria compreensível tentar dividir o tempo entre o pai e a mãe. Legrand encontra uma solução ainda mais ambiciosa ao se colar ora ao filho pequeno, ora ao pai, ora à mãe, ora à filha, numa alternância de aparente aleatoriedade, porém precisamente calculada para a progressão do suspense. No final, não existem monstros, e sim pessoas doentes, possessivas, que distorcem a noção de amor. O belíssimo filme francês retira dos relacionamentos abusivos a sua aura de fetichismo, de “excesso de amor” para revelar a gravidade do desmoronamento afetivo. (Bruno Carmelo – Adoro Cinema)

terça-feira, 7 de agosto de 2018

O INSULTO (L’insulte) Líbano / França, 2017 – Direção Ziad Doueiri – elenco: Adel Karam, Kamel El Basha, Camille Salameh, Diamand Bou Abboud, Rita Hayek, Talal Jurdi, Christine Choueiri, Julia Kassar, Rifaat Torbey, Carlos Chahine – 112 min

UMA SIMPLES OCORRÊNCIA ENTRE UM LIBANÊS CRISTÃO E UM REFUGIADO PALESTINO TORNA-SE REPRESENTAÇÃO DE CONFLITO INTERNACIONAL  


A inovação deste filme não está em sua forma (a narrativa é tradicional, ou seja, nada muito mirabolante ou artístico – o que é um alívio, pois passa bem longe de qualquer pretensão além de relatar esta história), mas em seu conteúdo. O longa escrito e dirigido por Ziad Doueiri possui um dos roteiros mais provocativos e incendiários dos últimos anos, ao abordar questões como o preconceito e a intolerância, tudo, no entanto, tratado de forma muito consciente. Para a decepção de muitos, este não é um filme panfletário (a forma como uma parcela do público e críticos trata cinema, desde que seja a favor de sua ideologia), e não escolhe lados. O Insulto apresenta o problema e se propõe a discuti-lo, sem tampouco carregar a prepotência de tentar solucioná-lo. Este papel cabe ao público. O longa existe para sacudir, para questionar, colocando um espelho na frente do espectador. (Pablo Bazarello – Cine Pop) 


“O Insulto” é, primeiramente, um filme sobre política. Não por necessariamente trabalhar os meandros políticos que conhecemos superficialmente e bradamos como corruptos e vis, mas por trabalhar o quê de politicagem inerente a todos nós, quer que nós o abracemos como um companheiro quer que nós sejamos engolidos pela sua natureza. O ser humano é um ser político. Na premissa do filme, um insulto ordinário vai aos poucos ganhando proporções cada vez maiores, intensificando debates na sociedade libanesa, promovendo o caos entre aqueles que não se importam em parar e refletir. A primeira nomeação ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro para o Líbano é importantíssima, realça a existência das tensões no país, promove conversas válidas. Isso não quer dizer que o filme seja panfletário, buscando tomar posições concretas, ditando o que é certo e o que é errado, quem está certo e quem está errado. (Gabriel Carvalho – Plano Crítico) 


“O Insulto” é a genealogia da cultura - tomando “cultura” pelo somatório de signos que orientam o comportamento de um povo. O filme é um estudo antropológico e sociológico - por vezes, até didático, o que é bom e ruim ao mesmo tempo - de como surge (ou pode surgir) um conflito, especificamente em uma região de tradições fortes e considerada especialmente tensa: o Oriente Médio. A partir de um “estudo de caso”, o longa mostra como uma faísca pode se converter em um incêndio. Ainda que contra toda a lógica. Ora pendendo para um lado do confronto político-religioso, ora cutucando o outro, o filme caminha numa linha tênue de defesa de paixões. Sendo parcial em momentos distintos, o resultado final é um desejoso e complexo equilíbrio. “O Insulto é a (boa) lembrança de que a Humanidade é feita de pessoas que têm mais em comum do que diferenças, propriamente. (Renato Hermsdorff – Adoro Cinema)



“O Insulto” é uma potente mensagem sobre como a Humanidade ainda tem muito a evoluir em diversos aspectos.