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sexta-feira, 11 de novembro de 2011

33º Lugar - PERSONA (Persona) Suécia, 1966



OS 100 MELHORES FILMES DE TODOS OS TEMPOS!!

33º Lugar - PERSONA (Persona) Suécia, 1966 – Direção Ingmar Bergman – elenco: Bibi Andersson, Liv Ullman, Gunnar Björnstrand, Margaretha Krook – 83 minutos.

É um dos grandes filmes do mestre Ingmar Bergman, notável em vários aspectos, inclusive por ter sido o primeiro trabalho com sua então nova mulher, a atriz norueguesa Liv Ullman, que seria sua parceira em algumas outras obras primas e com quem trabalhou até o fim de sua vida. Começa de forma inesquecível (e original na época), mostrando o processo de projeção de um filme com um velho cartão queimando, o fotograma, o desenho animado, o filme antigo e mudo, a morte da ovelha (meio Buñuel), a mão pregada na cruz como Cristo. Deixando claro que é cinema. A seguir, as primeiras imagens são cadáveres. Mas um menino magro (o mesmo ator de O SILÊNCIO) acorda e coloca o óculos para ler um livro, depois vê a câmera, que se torna o rosto de uma mulher (provavelmente seria o filho dela no útero, esperando para nascer). Entram os letreiros todos vanguardistas, predominando o branco, repetindo imagens que já vimos.

A historia começa com uma porta se abrindo e entrando a enfermeira Alma (Bibi Andersson). Bergman disse que concebeu o filme depois de perceber que a semelhança entre as atrizes Bibi (que também havia sido sua namorada) e Liv. É bem descrito pelo trailer original norte-americano que diz que PERSONA é o reconhecimento da nossa terrível solidão, nossa singularidade, nossa inabilidade de se comunicar com os outros. É uma confissão de nossos medos, do homem, do fracasso, da morte. É o drama do desespero, o silencio, o terror indescritível da vida em todos os aspectos. É um drama da sensibilidade da pele, de rostos e palavras não entendidas. PERSONA é uma ilusão estilhaçada, uma vitória sobre o silencio. Popularizou o termo Persona que é o nome da máscara teatral greco-romana e, por extensão, também as máscaras que usamos na vida profissional ou pessoal. Um dueto para as duas atrizes emolduradas pela fotografia genial de Sven Nykvist. Rodado na própria casa e ilha do diretor, em Faro. Bibi fala o tempo todo e Liv diz apenas uma única palavra, "nada".



A atriz Elizabeth Vogler deixa de falar durante uma representação teatral de “Electra”. Seu mutismo em relação aos que a rodeiam é total, sendo então internada numa clínica. Não está doente, simplesmente optou pelo silêncio. Alma, uma jovem enfermeira, fica encarregada de tratar dela. Quando, a conselho médico, as duas se isolam em uma ilha, passam a desenvolver uma intimidade e cumplicidade crescentes. Com isso se estabelece uma constante troca de identidades. Um dos temas recorrentes à obra de Ingmar Bergman, o conceito do pecado e principalmente da culpa a ele associada é o que se pode extrair, de início, dessa obra importante. Ao longo dos anos de sua brilhante carreira, Bergman alçou um renome mundial, pois seus filmes eram singulares e abordavam temas recorrentes, como o já citado sofrimento determinado pela culpa, a análise de relacionamentos conjugais e amorosos, e a angústia do homem perante "o silêncio de Deus". Em PERSONA se faz patente uma submissão do autor ao estilo que ele sempre recorreu: a temática bastante densa e sempre pessimista, com poucos personagens, vivendo situações de crise intensa em ambientes quase sempre claustrofóbicos, mesmo que este cenário seja a paisagem de uma ilha. A maioria dos seus filmes foram quase todos rodados em sua propriedade na ilha de Farö. Para falar de PERSONA, e já sabendo que em Bergman vida e obra são conceitos indissociáveis, fica claro notar que o filme foi confessamente concebido durante um período de profunda crise de seu autor, quando este se encontrava hospitalizado devido a uma pneumonia e questionando sua então atividade como diretor do Teatro Nacional de Estocolmo. Como afirma ele próprio: "Era necessário, por conseguinte, escrever qualquer coisa que apaziguasse a sensação de futilidade que sentia, a sensação de estar marcando passo." Da mesma forma, PERSONA deixa claro os momentos no qual o artista se vê impassível ao observar que, mesmo contra o seu desejo, sua arte acaba por ser vã como modificadora de uma realidade, impassividade essa que acaba por determinar o retiro e o silêncio constante de Elizabeth Vogler (Liv Ullmann, numa atuação soberba).



O outro tema central de PERSONA fica evidente na seqüência entre a médica e Elizabeth que antecede a partida para a ilha. Nos termos da personagem, "o irrealizável sonho de existir, não o de parecer, mas o de ser". Em outras palavras, o filme propõe uma reflexão sobre a constante necessidade de adequação aos diferentes papéis que uma pessoa deverá exercer ao longo da vida. Enquanto Elizabeth simplesmente desiste de tentar adequar-se a esses papéis, sua companhia determina em Alma (Bibi Andersson) uma descoberta de trilhas semelhantes, frustrando suas falsas expectativas iniciais de construir um casamento e família tradicionais. É assim que ambas, Alma e Elizabeth, passam a manifestar diferentes facetas de uma só personagem, culminando na notória seqüência onde fundem-se os rostos das atrizes. Chamando mais uma vez atenção para a personalidade do diretor, convém destacar que tanto Elizabeth quanto Alma são afligidas por traumas relacionados à maternidade - a primeira simplesmente renega o filho, enquanto a segunda não aceita bem um aborto ao qual fora obrigada - o que reflete uma evidente característica de Bergman, que nunca conseguiu assumir de forma completa o papel de pai dos filhos que acumulou ao longo de sucessivos casamentos. É também PERSONA o filme que inaugura a parceria entre Bergman e Liv Ullmann, atriz que desde então permanece marcada a sua obra, apesar da outra protagonista do filme, Bibi Andersson, já vir aparecendo em suas fitas por mais de uma década antes desta. Sem dúvida é seu meticuloso trabalho com os atores (quase sempre os mesmos, como Gunnar Björnstrand, Harriet Andersson, Max Von Sydow, Erland Josephson ou Eva Dahlbeck), que deve bastante a sua longa carreira de encenador teatral, um dos principais responsáveis pelo êxito e empatia dos filmes de Bergman. Este, entretanto, mesmo com um pé no palco, poucas vezes deixa de conceber seu cinema como uma arte de imagens. E é justamente a força de suas imagens o principal trunfo de PERSONA, mesmo que se considere suas abordagens sob pontos de vista social ou psicológico superficiais ou hoje um tanto batidas. Ul filme absolutamente extraordinário!!!!

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