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sábado, 17 de fevereiro de 2018

THE SQUARE: A ARTE DA DISCÓRDIA (The Square) Suécia / Alemanha / França / Dinamarca, 2017 – Direção Robin Östlund – elenco: Claes Bang, Elisabeth Moss, Dominic West, Terry Notary, Christopher Laesso, Elijandro Edouard, Annica Liljeblad, Jonas Dahlbom, Copos Pardaliam, John Nordling – 140 minutos

O FILME DE ARTE MAIS DEVASTADOR, PROVOCA O PÚBLICO ATRAVÉS DO DESCONFORTO


Provável e quase certo vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro este ano, é sem sombra de dúvida um dos melhores filmes europeus da temporada. O filme apresenta personagens que carregam uma dicotomia entre aparentar algo e o que essas pessoas são quando colocadas no limite. Essa dicotomia reflete no espectador, que fica dividido diante das ações dos personagens; é muito provável que você não saiba o que pensar diante de certas situações apresentadas no filme. Enquanto Christian não é posto em uma situação limite, ele é a tradução do modelo de homem moderno, meio intelectual, meio desconstruído, o sujeito do século XXI. Quando está no limite, ele cede aos instintos, agindo de forma nem um pouco civilizada. Contudo, ele sente remorso por isso e tenta se corrigir – ou melhor, tenta manter a capa. Se terminar celebrado no Oscar 2018 depois de ter ganho a Palma de Ouro do Festival de Cannes, “The Square” se sacramentará como um filme muito emblemático dos últimos tempos e um dos mais importantes deste Século. 

No filme, o atormentado protagonista é Christian (Claes Bang), recém-nomeado curador do Museu de Arte Contemporânea de Estocolmo. Organizando a primeira grande exposição da instituição em sua gestão, ele investe na obra que dá título ao filme: um quadrado luminoso instalado no chão e dentro do qual todas as pessoas devem se tratar de maneira igualitária e gentil. Porém, por mais que insista em explicar sua crença na necessidade do comportamento ético, Christian tem suas convicções testadas quando seu celular é roubado – e, depois de localizar o aparelho em um prédio numa vizinhança pobre, ele decide colocar um bilhete em todos os apartamentos do edifício exigindo que o “ladrão” devolva o aparelho, o que dá início a uma série de incidentes que, associados ao estresse do trabalho no museu, tornam a vida do sujeito inesperadamente instável. 

Este grande filme trabalha com o inusitado, com a batalha interna e externa sobre o comportamento ético da elite moderna e seu interior mais “animalesco” e vingativo. E o principal capricho do roteiro está na sua habilidade em manter este humor em alta e crescente mesmo com a longa projeção, culminando na cena do jantar onde esta tal elite é posta cara-a-cara com o animalesco que lhes é apontado como a arte visceral, mas num plano-sequência aterrador, se transformar no próprio terror dos mesmos. Esta sequência, que é a mais relevante para o Brasil de hoje, apresenta uma performance arrasadora do artista Oleg (Terry Notary) durante um jantar reunindo os financiadores do museu. A performance provoca os convidados. Ela vai testando os limites deles e da própria arte. É a sequência que melhor demonstra que, sim, arte tem limite – ao contrário do que deu a entender os debates sobre arte no ano de 2017 no Brasil, cujo exemplo paradigma foi o envolvendo o Queermuseu. 


UMA NARRATIVA QUE NÃO SE CONTENTA EM EXPOR AS CONTRADIÇÕES DO PENSAMENTO DOMINANTE NOS MEIOS ARTÍSTICOS.

Abordando temáticas presentes na maioria dos debates contemporâneos, a acidez tragicômica do filme não se preocupa em ser reconfortante. A obra é construída para desconstruir conceitos e valores, expondo a podridão humana e social onde quer que possa estar. Esta obra-prima não é um filme feito para agradar, mas para expor a podridão humana e social onde quer que ela possa estar. Obrigatório!!



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