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quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

MANIFESTO (Manifesto) Alemanha, 2015 – Direção Julian Rosefeldt – elenco: Cate Blanchett, Andrew Upton, Ruby Bustamante, Erika Bauer, Carl Dietrich, Ralf Tempel, Marina Michael, Hannelore Ohlendorf, Ottokar Sachse – 95 minutos

Os históricos manifestos da arte podem ser aplicados à sociedade contemporânea?? É isso o que a Cate Blanchett tenta responder ao explorar os componentes performativos e o significado político de declarações artísticas e inovadoras do Século 20, que vão dos futuristas e dadaístas ao Pop Art, passando por Fluxus, Lars von Trier e Jim Jamursch.


“Manifesto” tem uma proposta que se afasta do que estamos acostumados a ver, não há uma trama, não há desenvolvimento de personagem ou qualquer coisa que o valha. O filme explora, de maneira geral, o movimento artístico em nossa atualidade capitalista e política. Sem nenhum enredo, ousa a expor apenas uma série de monólogos que devem ser apreciados como uma arte visual e estudo de personagem. E realmente é um estudo de personagem, já que celebra a individualidade das diversas opiniões em determinado assunto, neste caso a arte. O filme não tenta te convencer a seguir nenhum desses pontos de vistas que são expostos, querendo apenas mostrar essa divergência usando também tons de ironia da realidade indutiva e manipuladora, além de oferecer filosofias pessoais e conteúdo poderoso que, juntamente a todos os elementos que o audiovisual tem a sua disposição se torna uma jornada emocional, que pede a atenção do público para existir. 

Não há história, mas há narrativa, uma ordenação no roteiro que o diretor apresenta de maneira engenhosa e natural, fazendo com que hora o texto de dois manifestos se complementem, hora eles se contradigam, ascendendo uma discussão mental na cabeça do espectador – e um dos momentos mais celebrados é justamente quando o diretor aborda o Dogma 95. Não tem um roteiro. Não há ação central, não há explicação e há conexão. É como se Cate Blanchett desse vida à diferentes textos, com 13 personagens e nuances diferentes. Sempre impecável e magistral, a atriz, vencedora de dois Oscar, consegue encarnar de um exagerado mendigo até uma descontraída apresentadora de TV. Entre as outras personagens, estão: uma coreógrafa, uma punk, uma professora de escola infantil, uma cientista, uma funcionária da bolsa de valores, uma artista, um titereiro (manipulador de marionetes), uma trabalhadora de fábrica e uma mulher em um velório. Tais personagens não têm conexão, e os textos escolhidos para cada um também não. 

Essas 13 personagens distintas se apresentam em uma série de monólogos sempre recheados com referências a icônicos manifestos artísticos. Um destaque muito especial para a fotografia e a direção de Julian Rosefeldt, que são impecáveis. O diretor faz uso constante do plongée, que é quando se filma a cena de cima, mostrando todo o ambiente. O ritmo do filme é sempre lento, tanto que em determinada cena em que os alunos de Cate estão brincando, a câmera lenta é utilizada. Como já citada, a atuação de Cate Blanchett é magistral. Ela consegue capturar o estilo requerido em cada um dos personagens, entrega a entonação necessária, os gestos e os olhares perfeitos para cada cena. “Manifesto” é um grande filme, capaz de provocar uma boa reflexão sobre o atual cenário da arte e de aproximá-lo – ao mesmo tempo que o contrapõe – a vanguardas e movimentos de outros períodos da história. Muito bom e obrigatório!! 


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