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sábado, 20 de janeiro de 2018

FEITO NA AMERICA (American Made) EUA, 2017 – Direção Doug Liman – elenco: Tom Cruise, Domhnall Gleeson, Sarah Wright, Caleb Landry Jones, Lola Kirke, Jayma Mays,  Jesse Plemons, Marcus Hester, Alejandro Edda, Benito Martinez, E. Roger Mitchell, Maurìcio Mejía, Alberto Ospino, Tony Guerrero, Jayson Warner Smith, Jed Rees, William Mark McCullough, Frank Licari – 115 minutos

COM CERTEZA O PAPEL MAIS DESAFIADOR DE TODO O TRABALHO DO TOM CRUISE EM 35 ANOS DE CARREIRA 


Este filme devastador é um diálogo com a transição entre anos 1970 e 1980. Essa inserção de contexto do personagem que aos poucos se percebe num mundo maior do que pode controlar, como as grandes jornadas de crime, guia um olhar interessante que o cinema americano se especializou em transformar em filme de gênero. A sedução do crime continua um paraíso para as críticas ao consumo, e é justamente por isso que “Feito na América” surpreende. Neste retrato de uma história real, Tom Cruise vive Barry Seal, um piloto da Trans World Airlines, piloto de voos comerciais, pego por indiscrições (contrabando de pequenos produtos) pela CIA – personificada pelo onipresente e grande ator Domhnall Gleeson. No acordo, Seal ganha salário, avião próprio, mas precisa arriscar o pescoço em voos rasantes para tirar fotos de insurgentes na América Central, como só ele, piloto exímio que é, conseguiria. Esse, porém, era só o início da sua inacreditável jornada, que toma contornos que só não são surreais porque são verídicos. 


O filme é, ao mesmo tempo, um relato histórico e uma reflexão sobre a autofagia da ganância. Enquanto relato histórico, tudo começa em 1978, mas fica mais efervescente durante o governo Reagan (que começou em 1981). O serviço solicitado pela CIA é cada vez mais intenso, bem como as atividades paralelas exercidas por Seal. Em 1981, por exemplo, o piloto foi orientado a levar armas para os Contras da Nicarágua: era uma tentativa do governo dos EUA de derrubar o regime sandinista (mais precisamente, o governo da Frente Sandinista de Libertação Nacional), que, evidentemente, lhe era desinteressante. Em síntese, queriam aliados políticos na América Central, o que não poderia acontecer com uma Nicarágua socialista. No que se refere à reflexão sobre a autofagia da ganância, a responsabilidade é de Tom Cruise, que está dedicado e carismático como sempre, mas merece elogios por encarar um papel desafiador depois de muito tempo. “Feito na América” é novidade em seu currículo: Barry é o protagonista, mas está longe daquela figura heroica cuja conduta é o norte a ser seguido. O piloto não é o “bonzinho” de sempre. E o seu desempenho é impecável. É notório seu esforço para fazer um bom trabalho encarnando “o gringo que resolve todas as coisas”, seja com armas, drogas, dinheiro ou qualquer outro serviço clandestino. 


A sequência que mais chama a atenção no trailer do filme é Tom Cruise fugindo coberto de cocaína da cabeça aos pés. É completamente inesperado e bastante curioso ver o astro acostumado a personagens heroicos e insubordinados repletos de razão se colocar em tal posição aos 55 anos, mais de 35 de carreira. Cômico até. E infelizmente é exclusivamente com a finalidade de fazer rir que a cena está no filme. O personagem de Cruise transporta quilos e mais quilos de cocaína entre a Colômbia e os Estados Unidos, vive uma mentira sob intensa pressão, compra bicicletas de crianças cheio de pó na cara, mas não cheira. Entrega armas, mas não atira. É ameaçado diretamente de morte, mas não mata. Infringe inúmeras leis, mas na verdade é a vítima. Seus grandes pecados são enganar, ser ambicioso e confiar num agente da CIA. Seu maior problema se torna ter dinheiro demais. No fim das contas não vemos um Tom Cruise tão transgressor assim. É inegável, no entanto, o caráter arrojado do novo fruto da parceria do ator com o diretor Doug Liman. O filme não assume muitos riscos e se prende a algumas fórmulas comerciais, mas ainda assim acerta em investir no humor didático. Tom Cruise tem a oportunidade de representar o papel mais desafiador de sua carreira nos últimos anos. MUITO BOM E RECOMENDADÍSSIMO!! 


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