Content on this page requires a newer version of Adobe Flash Player.

Get Adobe Flash player

domingo, 29 de janeiro de 2017

MOONLIGHT: SOB A LUZ DO LUAR (Moonlight) EUA, 2016 – Direção Barry Jenkins – elenco: Alex R. Hibbert (Little), Ashton Sanders (Chiron), trevante Rhodes (Black), Jharrel Jerome (Kevin adolescente), André Holland (Kevin adulto), Mahershala Ali (Juan), Naomie Harris (Paula), Stephon Bron (Travis), Janelle Monáe, Shariff Earp – 111 minutos

    UM RETRATO UNIVERSAL DA SOLIDÃO, QUE RECUSA O LUGAR-COMUM


Estupendo, forte, poderoso, assustador e devastador, todos esses adjetivos são poucos para expressar a grandeza de um dos melhores filmes do cinema: MOONLIGHT.  Eleito o melhor de 2016 por 65 críticos, mais do que qualquer outro (o segundo lugar, “La La Land: Cantando Estações”, ficou em #1 na lista de 37 deles). Mesmo com o favoritismo de “La La Land” no Oscar 2017, MOONLIGHT ainda é o filme mais premiado do momento: foram, até agora, 141 prêmios contra 134 do musical de Damien Chazelle. Aclamado como um dos maiores filmes da História, é uma pérola que precisa ser descoberta por todos que amam o cinema. A grande sacada desta obra-prima está nas questões de raça e preferência sexual, que no entanto, ganham contornos ao mesmo tempo simples e complexos quando transpostas para um universo essencialmente masculino. As mais belas descobertas ocorrem quando as mesmas coisas são vistas com um novo olhar. O filme foi sensação no último Festival Internacional de Cinema de Toronto no ano passado e fala sobre a vida de um garoto de origem humilde que precisa enfrentar os absurdos feitos pela mãe e acreditar nas suas escolhas num mundo tão insensível em que vivemos.


Escrito e dirigido por Barry Jenkins, a partir de uma ideia de uma peça, o filme é o que, em cinema, se chama de um verdadeiro estudo de personagem. Apelidado de “Little” (pequeno), o tímido Chiron (Alex Hibbert) mora numa comunidade pobre da Miami da explosão do crack dos anos 1980 e, desde novo, sofre com os colegas de escola. Quando chega na adolescência (quem assume é Ashton Sanders, numa performance poderosa e poética), a introspecção aumenta na mesma proporção do bullying. Somam-se mais dez anos a essa história e vemos Chiron como “Black” (o ex-atleta Trevante Rhodes, ótimo em sua estreia no cinema), já líder do tráfico local. O que não muda, ao longo das três fases em que o filme divide a vida do personagem, é a busca por autoconhecimento – algo universal, inerente à vida de qualquer um, independente da cor da pele ou de com quem você se deita. O filme é uma grande crítica social. O preconceito e a violência andam lado a lado, paradigmas impostos por um planeta repleto de caos vivendo todo dia com medos aflorando e com cada vez menos luz no final desse túnel. O protagonista vive grandes conflitos dentro de si e acaba sendo exposto por conta de toda a dificuldade que possui com sua mãe, que deveria ser seu primeiro ombro amigo. Na infância, descobre Juan, o traficante que vendia drogas para sua mãe, um conflito de direções com uma cena emblemática à beira de uma mesa de jantar. Em sua adolescência, onde o roteiro segue firme em sua tentativa de fazer um grande raio-x não só do protagonista, mas da sociedade ao seu redor, a descoberta da sexualidade chega com grande surpresa e uma situação que tenta entender aos poucos. 

Ao longo de sua trajetória narrativa que se divide por tripartição clássica – infância, adolescência e idade adulta, existe a periculosidade de uma outra: Chiron é negro, gay e pobre. Ele pode ser centenas de outras coisas, e de fato o é, mas se constrói primordialmente assim. E é exatamente essa construção e da forma que é narrada que torna o filme poderoso, emblemático e pujante. Há que se destacar a belíssima fotografia de James Laxton. Ele aumenta o contraste da paleta de cores para buscar a justaposição do sol de Miami com o sofrimento no rosto de Chiron, ressaltando suas expressões faciais. O filme é triste, mas, ao mesmo tempo, é uma obra genialmente bela, tocante e verdadeira. A  jornada de descoberta de Chiron, durante suas três fases, faz com que relembremos as nossas próprias jornadas, ainda em curso. Mahershala Ali e Naomie Harris apresentam interpretações impecáveis o que os torna os favoritos ao Oscar nas categorias de Coadjuvantes. Há um olhar brilhante do diretor sobre temas muitas vezes esquecidos no cinema, mas urgentes, necessários e representativos como o ser gay, o ser negro, o ser periférico, o que solidifica sua inestimável importância social. MOONLIGHT possui uma delicadeza devastadora e provocante, o que o torna uma história para toda a vida. Indicado a 08 Oscar, incluindo Melhor Filme. ABSOLUTAMENTE MAGNÍFICO E BELO!!! O MELHOR FILME DO ANO!!! 


Nenhum comentário:

Postar um comentário