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sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

LOVING (Loving) Inglaterra / EUA, 2016 – Direção Jeff Nichols – elenco: Joel Edgerton, Ruth Negga, Will Dalton, Alano Miller, Chris Greene, Sharon Blackwood, Christopher Mann, Andrene Ward-Hammond, Jevin Crochrell, Jordan Williams Jr., Georgia Crawford, Nick Kroll, Brenan Young, Dalyn Cleckley, Quinn McPherson, Jon Bass, Michael Shannon, David Jensen, Marton Csokas, Winter-Lee Holland – 123 min

                    QUANDO UM AMOR VERDADEIRO MUDA UMA NAÇÃO

Tendo em mãos uma história real que simplesmente mudou uma questão da constituição norte-americana por conta de um casamento inter-racial, o diretor Jeff Nichols seca sua narrativa até o limite, trabalhando quase que exclusivamente com o olhar. O filme abre com um close de Mildred contando ao namorado Richard Loving que está grávida. O plano é longo, a representação transmite dúvida e insegurança e no momento que aprendemos a informação, conhecemos imageticamente seu outro protagonista. Com uma comunicação que usa o silêncio como forma de criar atmosfera de delicadeza, o trabalho do diretor deve ser também muito agradecido pela presença da dupla Joel Edgerton e Ruth Negga (indicada ao Oscar 2017 na categoria de Melhor Atriz). Num ato de bravura, essas três pessoas compraram a briga de que um amor tão desbravador poderia sim ser introspectivo e ainda assim lotado de sentimentos. Acompanhamos então o jogo de absurdos no qual são arremessados Mildred e Richard, que continuamente passam a ser presos, perseguidos e ameaçados pelas autoridades por não serem da mesma raça. Toda a revolta, o amor de um pelo outro, a esperança, são vendidos pelo mais que expressivo olhar de ambos os atores. Repletos de coadjuvantes ao seu redor, Edgerton e Negga compuseram uma sinfonia mais que delicada com todos eles, contribuindo todos para o espetacular emocional demonstrado entre esse casal que se comunica bem pouco através de verbalização, mas que conseguem compartilhar seu imenso talento e sua química.


Praticando uma misé-en-scene clássica, Jeff Nichols sabe utilizar com sabedoria as ferramentas estéticas que têm a sua disposição: o filme, apesar de ser linear em seu conflito e por vezes ter bastante simplificação por parte do roteiro (os homens da lei - policiais e juízes que os antagonizam - são francamente e propositadamente unidimensionais) não pretende provocar lágrimas facilmente, portanto segue um ritmo próprio. Falando em Joel Edgerton e Ruth Negga, eles estão absolutamente impecáveis em suas interpretações. Negga sempre rouba a cena em toda produção em que dá as caras, mas aqui, é Edgerton quem se sobressai, simplesmente desaparecendo no personagem. A mão firme do diretor é sentida na entrega do elenco, cujas atuações inserem profundidade e textura na produção, onde também se destacam Marton Csokas e Nick Kroll, em papéis menores mas de vital importância no contexto da história. Ah, e é claro que o sensacional Michael Shannon também faz uma pequena participação. Aqui, ele interpreta um fotógrafo da revista Life, que é contratado pelo advogado do casal para registrar alguns momentos de sua convivência. A maneira com que Nichols utiliza o personagem em uma pequena cena no terço final do filme, é de uma delicadeza surreal.


Ambientada em um momento delicadíssimo da história norte-americana, LOVING é extremamente relevante. Principalmente porque o roteiro é do próprio diretor. Em nenhum momento a produção força o choro fácil, mesmo com todas as dificuldades enfrentadas pelo casal e retratadas no filme. Isso também é decorrência da própria força do casal, que apesar do medo sempre inerente de que algo poderia destruir sua relação, nunca se entregou e lutou até o fim, cada um à sua maneira, mas sempre, e inexoravelmente juntos. Foi graças à resiliência e caráter dos Loving, que finalmente, depois de muito tempo de uma política absurda e covarde inserida na constituição americana, a proibição do casamento baseado em raça foi abolida. O tom do filme é algo lindo, gera metáforas fabulosas mas sempre com uma verdade impressionante. Exibido no Festival de Cannes de 2016, o filme possui alma e muita verdade também ao falar dos obstáculos que ambos precisam enfrentar por conta de seu casamento, numa época de muito preconceito em boa parte dos Estados Unidos. Belíssimo e inesquecível!!! Obrigatório e magnífico!!!

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