EL ALAMEIN – A LINHA DE FOGO (El Alamein – La Linea Del Fuoco)
Itália, 2002 – Direção Enzo Monteleone – elenco: Paolo Briguglia, Pierfrancesco
Favino, Luciano Scarpa, Emilio Solfrizzi, Thomas Trabacchi, Sergio Albelli,
Piero Maggiò, Antonio Petrocelli, Giuseppe Cederna, Roberto Citran, Silvio
Orlando, Matteo Albano, Lorenzo Balducci – 117 minutos
O FILME É UM BOM COMEÇO PARA SE TENTAR MUDAR UMA INJUSTIÇA
HISTÓRICA DE GRANDE MAGNITUDE
Este belo filme foi lançado no aniversário de 60 anos da
batalha, e foi realizado com pequeno orçamento e recursos governamentais. A
produção é um excelente exemplo de que se pode fazer muito com pouco. A Batalha de El Alamein, no deserto
africano, teve participação primordial dos italianos, bem mais numerosos que
seus aliados alemães. E o desfecho dessa batalha só não foi mais desastroso por
causa da feroz resistência italiana. Infelizmente, pela propaganda de
interesses escusos e o desprezo dos nazistas, essa verdade ficou escondida dos
livros de história e das telas de cinema por seis décadas. Agora essa produção é
o primeiro filme italiano a mostrar seus soldados como realmente eram como viam
e lutaram naquele horrível cenário.
O filme é visto
pela perspectiva do Soldado Serra (Paolo Briguglia), um voluntário
universitário de Palermo, que se alista para a África e é designado para a 17ª
Divisão de Infantaria “Pavia”, parte do X Corpo d’Armata (Corpo de Exército),
que estava posicionado no extremo sul da linha de frente, próximo à depressão
de El-Qattara. Serra chega e se apresenta ao oficial em comando, o Tenente
Fiore (Emilio Solfrizzi), que o envia para o pelotão do Sargento Rizzo
(Pierfrancesco Favino). A chegada de Serra é um retrato das péssimas condições
de logística e suprimento do Exército Italiano na frente: Fiore pede por dez
novos recrutas, mas somente um é enviado.
O filme apresenta
um eficiente uso de efeitos visuais, tanto nas cenas de batalha quanto na
retratação da imensa coluna de soldados retirada. A computação gráfica é sutil,
e essa qualidade gratifica o espectador com um ambiente agradável e crível.
Mesmo com o baixo orçamento, os combates se saem bem em tela. A barragem de
artilharia inglesa antes do avanço dos tanques confere com a realidade
histórica. Mesmo os veículos blindados nada aparentam de falsos, como no caso
dos velhos filmes com “Shermans alemães”. Aliás, o realismo do equipamento
usado em cena é um dos pontos altos de EL ALAMEIN. Os uniformes têm as patentes
e camuflagens corretas, e as armas, caminhões, carros também estão muito bem
caracterizados. Destaques para a Moto Guzzi usada pelos Bersaglieri e o carro
de comando Fiat 508C, belíssimo. A conclusão do filme é bastante tocante e
sensível, mas sem apelar para o sensacionalismo barato. Não há nada forçado
para levar o espectador a se identificar com a dor dos personagens, o
sentimento simplesmente surge ao decorrer da narrativa. EL ALAMEIN é um
bom começo para tentar-se mudar uma injustiça histórica de grande magnitude. O
filme foi muito bem recebido pela crítica e nas bilheterias na Itália, e ganhou
três prêmios David di Donatello, considerado o “Oscar italiano”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário