A
JOVEM RAINHA (The Girl King) Finlândia / Suécia / Alemanha / Canadá /França,
2015 – Direção Mika Kaurismäki – elenco: Malin Buska, Sarah Gadon, Michael
Nyqvist, François Arnaud, Patrick Bauchau, Martina Gedeck, Jannis Niewöhner, Lucas
Bryant, Laura Birn, Hippolyte Girardot, Peter Lohmeyer, Ville Virtanen – 106
minutos
SUA CORAGEM TROUXE PAZ À
EUROPA, SUAS IDEIAS MUDARAM O MUNDO
Contando a história real da
determinada e polêmica Rainha da Suécia, no Século XVII, Cristina I, o diretor
finlandês Mika Kaurismäki traz para as telas do cinema mundial uma
recriação desse impactante momento da história universal focando não só na
personalidade extremamente forte da protagonista mas também dando boa ênfase a
direcionamentos religiosos que contornaram vários reinos nos séculos passados e
sua curiosa amizade com pensadores da época como René Descartes. Protagonizado
pela ótima atriz sueca Malin Buska e com os ótimos coadjuvantes Sarah Gadon e Michael
Nyqvist, o filme se caracteriza também por ser
uma boa aula de história vista no cinema, mesmo sendo apenas um recorte de um
tempo cheio de conflitos de pensamentos.
Personalidade histórica tão
controversa quanto fascinante, a Rainha Cristina da Suécia já foi retratada nas
telas em diversas oportunidades, entre elas por Liv Ullmann em “A ABDICAÇÃO DE UMA RAINHA” (1974)
e, na mais notória de suas encarnações, por Greta Garbo em “RAINHA
CRISTINA” (1933). As razões do interesse pela personagem são facilmente
compreensíveis, pois em seu curto reinado – que oficialmente durou apenas uma
década – a chamada “Menina Rei” se notabilizou por desafiar os preceitos
religiosos luteranos vigentes em seu país ao se aproximar do Cristianismo,
buscando a paz entre cristãos e protestantes – em meio aos conflitos da Guerra
dos Trinta Anos que levaram à morte de seu pai, o Rei Gustavo II – bem como por
seu apreço pelo pensamento de filósofos como René Descartes, instigando o
desejo de transformar a Suécia no centro cultural e intelectual da Europa no
século XVII.
Essa história real do século 17 é mais que
atual na abordagem do empoderamento feminino e da homossexualidade. O diretor
finlandês Mika Kaurismäki narra a trajetória da Rainha Cristina da Suécia,
que foi criada como príncipe e, quando assumiu o trono, se portava como
tal – das roupas masculinas à orientação sexual. Cristina, que cresceu sob
rígida educação luterana, era inteligente e tinha sede de cultura. Queria
transformar Estocolmo em uma Atenas do Norte. Seus esforços pela paz e o fim da
Guerra dos Trinta Anos é notável. O filme tem um grande valor histórico,
mais até do que cinematográfico, e é um excelente entretenimento.
Uma das figuras mais
influentes na política europeia do século XVII, feminista que estava adiante de
seu tempo e procurou viver como pensava, Cristina I, tinha suas próprias linhas
no ato de pensar. O filme foca nisso principalmente e no conflitante interesse
por uma de suas damas de companhia, a Condessa Ebba Sparre
(Sarah Gadon), que domina boa parte da trama, sendo intercalada a uma série de
intrigas palacianas, como os planos do Chanceler Axel Oxenstierna (Michael
Nyqvist) para que a Rainha se case com seu filho, Johan (Lucas Bryant), além
das investidas de outros pretendentes, como seu primo Carlos Gustavo (François
Arnaud). Talvez a mais polêmica de suas atitudes, sendo filha de um
protestante ferrenho, causou um escândalo na comunidade sueca quando abdicou de
seu trono convertendo-se ao Catolicismo em meados de 1600, e sua derradeira
declaração de liberdade, o filme em seu terço final se desenrola para mostrar
esse ato que ficou marcado na história europeia. Uma personagem
interessantíssima, sobre a qual pairam algumas lendas. Um filme notavelmente
realizado e belo!! Merece ser conferido!!
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