UMA PARÁBOLA
SOMBRIA SOBRE A SOLIDÃO DO HOMEM
Um dos mais importantes filmes da história do
cinema! É uma parábola sombria sobre a solidão do homem diante da morte e da
incerteza acerca da existência de Deus. O próprio Bergman sugeria aos
espectadores que fizessem um paralelo entre a situação descrita no filme e a do
homem contemporâneo, descrente e perplexo diante da possibilidade do fim do
mundo. O filme surgiu como uma peça (“Pintura Sobre Madeira”, em 1954). Bergman
pensava em encenar uma peça para alguns jovens, e como não encontrou nada que o
agradasse, resolveu ele mesmo escrever. Quando fazia o teatro, ocorreu-lhe que
deveria transformar a peça em filme e tudo aconteceu naturalmente. Apenas
alguns elementos foram aproveitados no roteiro final do filme: o medo da peste,
a queima da feiticeira, a Dança da Morte. Mas a partida de xadrez entre a Morte
e o Cavaleiro não havia, e, nem existia o artístico-bufanesco "santo
casal" Jof e Mia com seu bebê. Somente Jons, o Escudeiro, não sofreu
mudanças.
Bergman retornou à Suécia, reescreveu o roteiro
e reuniu a equipe. Deram-lhe trinta e cinco dias e um orçamento apertado, até
minúsculo pelos padrões vigentes no Reino Unido. Foram gastos cerca de 150 mil
dólares e o diretor manteve-se dentro do cronograma e do orçamento. O filme foi
feito em 1956 e estreou na Suécia em fevereiro de 1957. Ganhou o Prêmio do Júri
no Festival de Cannes e significou a definitiva consagração internacional do
diretor. Ele mesmo declarou que sua principal inspiração para O SÉTIMO SELO foi
o filme A CARROÇA FANTASMA (1920), de seu compatriota Victor Sjöstrom. O título
do filme refere-se ao livro dos segredos de Deus, lacrado por sete selos.
Os questionamentos religiosos e
existencialistas estão sempre muito presentes. O cavaleiro está perturbado com
a possibilidade de morrer, chegando ao ponto de considerar que aquele vazio que
sente dentro de si é causado pela falta de significado da própria vida e sua
religiosidade. Antonius considera que sua vida fora em vão, mas espera, com
esse tempo que conquistara ao desafiar a Morte, adquirir a maior quantidade de
conhecimento possível, desejo expresso também na lenda do Fausto, que vende a
alma ao Diabo em troca desta realização - a coincidência entre o caso destas
duas personagens é algo que merece certa reflexão. O Cristo que aparece
alternadamente aos planos feitos do cavaleiro, nos dão a idéia da menção de uma
plena discussão sobre o real estado de espírito de Jesus quando descobriu que
seu sacrifício era iminente. Será que absorvera sereno, ou discutiu sua
sanidade, destino e o futuro que lhe era desenhado e que estaria sendo usurpado
por seus juízes?
O filme possui inúmeros planos belos e funcionais
contidos nessa obra-prima, dentre eles o de um crânio seguro por mãos, cobrindo
a tela, tendo em segundo plano os braços entrelaçados dos suplicantes
religiosos. Também a chama que brota por trás do cavaleiro e seu escudeiro,
iluminando o fundo como um fogo do inferno, pronto para acender as lascas que
queimarão a jovem sacrificada. Outro que merece atenção, principalmente pela
quebra do simbolismo seguido dentro do filme, é o do homem desesperado por
estar morrendo por causa da peste e que agoniza ocupando somente um canto de
tela, deixando o resto preenchido pela floresta e o negrume da noite. O SÉTIMO
SELO foi aclamado internacionalmente como uma obra-prima cinematográfica! Um
dos melhores filmes de todos os tempos!!!!!
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