SONATA DE OUTONO (Hostsonaten / Autumn Sonate) Suécia / França /
Alemanha, 1978 – Direção de Ingmar Bergman – elenco: Ingrid Bergman, Liv
Ullmann, Lena Nyman, Halvar Björk, Arne Bang-Hansen, Marianne Aminoff, Gunnar
Björnstrand, Erland Josephson – 99 minutos.
UMA AMARGA REFLEXÃO SOBRE AS RELAÇÕES FAMILIARES NUM FILME ABSOLUTAMENTE
SOBERBO E BRILHANTE
O diretor sempre foi um cineasta da palavra. A força motora de seus
filmes está na combinação texto mais a interpretação desse texto. SONATA DE
OUTONO pode ser considerado, então, uma obra clássica do cinema do diretor
sueco. É um filme estruturado no diálogo de duas mulheres, mãe e filha, que se
encontram depois de uma ausência de sete anos: um encontro que reabre as
crateras da relação entre as duas.
Apesar da fotografia do colaborador fiel, Sven Nykvist, não perder
a competência habitual, não existe privilégio para a imagem que, depois de
dividir o papel de protagonista com o roteiro em filmes anteriores da dupla,
aqui é apenas coadjuvante, embalagem, sem valor sígnico. Com o texto sob os
holofotes, Bergman se muniu de duas grandes atrizes: a então companheira Liv
Ullmann e uma lenda do cinema, Ingrid Bergman, que, apesar de conterrânea,
não guarda parentesco com o cineasta. O texto acha então o tom certo, frio e
cruel, na excelência das intérpretes. A evolução do filme, em virtude da
competência da dupla, é gritante: começa como exercício retórico e se
transforma enfim numa obra de referência, onde a palavra de Bergman se despe de
um cunho estritamente intelectual-psicológico para virar um belo e difícil
acerto de contas entre mãe e filha.
Foi indicado ao Oscar, nas categorias de Melhor Atriz (Ingrid
Bergman) e Melhor Roteiro. Uma obra-prima do mestre sueco, que foi lançada em
DVD no dia 10 de agosto de 2006. A lendária Ingrid Bergman faz uma pianista que
visita a filha (a notável Liv Ullmann), no interior da Noruega. Enquanto a mãe
é uma artista de renome internacional, a filha é tímida e deprimida. Esse
encontro tenso, marcado por lembranças do passado, revela uma relação repleta
de rancor, ressentimentos e cobranças. Ao som de Chopin, Sebastian Bach,
Schumann e Haendel, Ingmar Bergman tece uma amarga reflexão sobre as relações
familiares num filme absolutamente brilhante. Interpretações magistrais das duas
grandes atrizes num dos grandes filmes do cineasta sueco. Rigorosamente
imperdível e obrigatório!!!!
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