PERSONA (Persona) Suécia, 1966 – Direção
Ingmar Bergman – elenco: Bibi Andersson, Liv Ullmann, Gunnar Björnstrand, Margaretha
Krook – 83 min.
O RECONHECIMENTO DA NOSSA TERRÍVEL SOLIDÃO!!!!
UMA
CONFISSÃO DE NOSSOS MEDOS!!!!
UMA VITÓRIA SOBRE O SILÊNCIO!!!!
Após cinco décadas,
continua como o filme mais emblemático, mais admirado, mais exaustivamente
analisado e mais fascinante de todos os tempos!!!! Importante e obrigatório,
merece mais do que uma simples revisão. Em São Paulo, na 40ª Mostra de Cinema
Internacional de São Paulo, além da exibição do filme com direito a palestra
com gente que entende, ocorreu a exposição “Por Trás da Máscara – 50 Anos de
PERSONA”. Esse meio século de distância serve apenas para reforçar o quanto o
filme foi uma espécie de objeto cinematográfico não identificado, à época de
seu lançamento. E o quanto continua a nos dizer coisas novas a cada vez que nos
dedicamos a ele.
Um dos temas
recorrentes à obra de Ingmar Bergman, o conceito do pecado e principalmente da
culpa a ele associada é o que se pode extrair, de início, dessa obra enigmática
e importante.
Começa de forma inesquecível (e original na época),
mostrando o processo de projeção de um filme com um velho cartão queimando, o
fotograma, o desenho animado, o filme antigo e mudo, a morte da ovelha (meio
Buñuel), a mão pregada na cruz como Cristo. Deixando claro que é cinema. É um
dos grandes filmes do cineasta, notável em vários aspectos, inclusive por ter
sido o primeiro trabalho com sua então nova mulher, a atriz Liv Ullmann. A
história gira em torno de Elisabeth Vogler (Liv Ullmann), atriz que após uma de
suas apresentações no teatro sorrateiramente deixa de falar. Sua psiquiatra,
Lakaren (Margaretha Krook), a deixa sob os cuidados de Alma (Bibi Andersson),
uma dedicada enfermeira. Após meses de tratamento sem nenhum resultado, Lakaren
decide levar as duas a uma isolada casa de praia. Isoladas, as duas mulheres
desenvolvem uma relação de forte intensidade emocional.
Considerado a maior
obra-prima de Ingmar Bergman e uma das maiores da história do cinema, foi com
esse filme que o diretor ganhou o mundo e a fama de ser o melhor cineasta a
filmar o rosto humano. Até hoje idolatrado por cinéfilos no mundo todo, que se
debruçaram durante décadas sobre as imagens de dor, prazer e morte construídas
pela sua câmera impassível, PERSONA possui uma margem incrível de
interpretações, aliado à experiência única que faz desse filme algo
Extraordinário. Aclamado entre as melhores realizações da história do cinema, o
filme vai além do simples deleite: ele desperta a reflexão e questionamentos
sobre o cinema, seu papel, a representação, o teatro e o próprio homem.
PERSONA não apresenta apenas uma
história, instiga o espectador a decifrar suas imagens e seus significados implícitos.
Mais do que um filme que trabalha a metalinguagem, é um questionamento sobre o
ser humano e sua psiquê. PERSONA é o reconhecimento da nossa terrível solidão,
nossa singularidade, nossa inabilidade de se comunicar com os outros. É uma
confissão de nossos medos, do homem, do fracasso, da morte. É o drama do
desespero, o terror indescritível da vida em todos os aspectos. PERSONA é uma
ilusão estilhaçada, uma vitória sobre o silêncio.
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