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sexta-feira, 1 de setembro de 2017

PERSONA (Persona) Suécia, 1966 – Direção Ingmar Bergman elenco: Bibi Andersson, Liv Ullmann, Gunnar Björnstrand, Margaretha Krook – 83 min.

                O RECONHECIMENTO DA NOSSA TERRÍVEL SOLIDÃO!!!! 
                           UMA CONFISSÃO DE NOSSOS MEDOS!!!! 
                              UMA VITÓRIA SOBRE O SILÊNCIO!!!! 


Após cinco décadas, continua como o filme mais emblemático, mais admirado, mais exaustivamente analisado e mais fascinante de todos os tempos!!!! Importante e obrigatório, merece mais do que uma simples revisão. Em São Paulo, na 40ª Mostra de Cinema Internacional de São Paulo, além da exibição do filme com direito a palestra com gente que entende, ocorreu a exposição “Por Trás da Máscara – 50 Anos de PERSONA”. Esse meio século de distância serve apenas para reforçar o quanto o filme foi uma espécie de objeto cinematográfico não identificado, à época de seu lançamento. E o quanto continua a nos dizer coisas novas a cada vez que nos dedicamos a ele.
                                               
Um dos temas recorrentes à obra de Ingmar Bergman, o conceito do pecado e principalmente da culpa a ele associada é o que se pode extrair, de início, dessa obra enigmática e importante. Começa de forma inesquecível (e original na época), mostrando o processo de projeção de um filme com um velho cartão queimando, o fotograma, o desenho animado, o filme antigo e mudo, a morte da ovelha (meio Buñuel), a mão pregada na cruz como Cristo. Deixando claro que é cinema. É um dos grandes filmes do cineasta, notável em vários aspectos, inclusive por ter sido o primeiro trabalho com sua então nova mulher, a atriz Liv Ullmann. A história gira em torno de Elisabeth Vogler (Liv Ullmann), atriz que após uma de suas apresentações no teatro sorrateiramente deixa de falar. Sua psiquiatra, Lakaren (Margaretha Krook), a deixa sob os cuidados de Alma (Bibi Andersson), uma dedicada enfermeira. Após meses de tratamento sem nenhum resultado, Lakaren decide levar as duas a uma isolada casa de praia. Isoladas, as duas mulheres desenvolvem uma relação de forte intensidade emocional. 


Considerado a maior obra-prima de Ingmar Bergman e uma das maiores da história do cinema, foi com esse filme que o diretor ganhou o mundo e a fama de ser o melhor cineasta a filmar o rosto humano. Até hoje idolatrado por cinéfilos no mundo todo, que se debruçaram durante décadas sobre as imagens de dor, prazer e morte construídas pela sua câmera impassível, PERSONA possui uma margem incrível de interpretações, aliado à experiência única que faz desse filme algo Extraordinário. Aclamado entre as melhores realizações da história do cinema, o filme vai além do simples deleite: ele desperta a reflexão e questionamentos sobre o cinema, seu papel, a representação, o teatro e o próprio homem. PERSONA  não apresenta apenas uma história, instiga o espectador a decifrar suas imagens e seus significados implícitos. Mais do que um filme que trabalha a metalinguagem, é um questionamento sobre o ser humano e sua psiquê. PERSONA é o reconhecimento da nossa terrível solidão, nossa singularidade, nossa inabilidade de se comunicar com os outros. É uma confissão de nossos medos, do homem, do fracasso, da morte. É o drama do desespero, o terror indescritível da vida em todos os aspectos. PERSONA é uma ilusão estilhaçada, uma vitória sobre o silêncio.  


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