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domingo, 29 de julho de 2018

O OVO DA SERPENTE (Das Schlangenei / The Serpent’s Egg) Alemanha/EUA, 1977 – Direção de Ingmar Bergman – elenco: David Carradine, Liv Ullmann, Gert Fröbe, Heinz Bennent (Hans Vergerus), James Whitmore (o Padre), Glynn Turman, Georg Hartmann, Edith Heerdegen, Fritz Strassner, Hans Quest, Paula Braend – 120 minutos

UM BRILHANTE ENSAIO DE SUSPENSE QUE ASSUSTA E PREOCUPA, PRINCIPALMENTE PELO MOMENTO ATUAL POR QUE PASSA A HUMANIDADE


Há 41 anos, nos fins de 1977, o genial Ingmar Bergman, falecido em de 30 de Julho de 2007, apresentou o filme O OVO DA SERPENTE. A ação se passa na Berlim de novembro de 1923 que vive a euforia do fim da Primeira Guerra. Nesse ambiente de liberdade, um médico, aparentemente apostado na cura, contribui com as suas experiências pseudo-científicas para destruir seres humanos. Faltava ainda muito para surgir o nazismo, mas já se entreviam os traços do monstro em gestação. Como através da membrana transparente do ovo da serpente. Do ponto de vista político, a grande contribuição de Ingmar Bergman para o cinema internacional é este – O OVO DA SERPENTE (1977) -, filmado no período em que ele esteve como que refugiado na Alemanha por causa de problemas com o fisco sueco. Unindo os resultados de sua leitura do emblemático livro “1984”, do escritor inglês George Orwell (aquele que criou o Big Brother, o grande irmão que tudo vê e tudo controla) e de  sua observação direta sobre as conseqüências funestas do nazismo alemão, Bergman analisa em profundidade como as pessoas são manipuladas por estímulos das mais diversas ordens.  


Toma como cenário de suas teses  a história  viável do que teria ocorrido, nos anos 1920 e início dos anos 1930, em pequenas vilas alemãs, onde as pessoas eram estimuladas por gases, com suas reações analisadas e posteriormente controladas. Eram permanentemente vigiadas  por câmeras em seus locais de trabalho. Ali estava a origem (o próprio ovo da serpente) do geral condicionamento do povo alemão contra os judeus, ao tempo do nazismo de Adolf  Hitler, com as atrocidades hoje conhecidas como o genocídio dos campos de concentração. Os acontecimentos expostos em O OVO DA SERPENTE tornaram-se corriqueiros e consentidos nos dias de hoje, em que é evidente a dominação soft  das ações humanas   pelos meios de comunicação e por órgãos governamentais. Considerado o maior  diretor de cinema de nosso tempo pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos pelo conjunto de sua obra, Ingmar Bergman, nascido em 1918,  teve uma vida das mais movimentadas, cujos episódios mais marcantes estão fixados também  em outros filmes que produziu e  dirigiu, como MORANGOS SILVESTRES (1957), GRITOS E SUSSURROS (1972), A FLAUTA MÁGICA (1975). 


Bem observada, a trama não se resume à denúncia das origens do nazismo. Na verdade, a experiência alemã serve de base para uma reflexão bem mais profunda: os regimes de exceção, baseados na administração das frustações e do ódio, não são criados da noite para o dia, pelo contrário, são gestacionados com técnica e persistência. Seus discursos precisam ser testados ao limite, para depois serem legitimados, são formas de experimentar e preparar a aceitação de parâmetros ideológicos que justifiquem agressões à democracia. O OVO DA SERPENTE é um filme forte, pujante, corajoso e obrigatório, principalmente no momento atual no Mundo!!


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