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quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

8º Lugar - O SÉTIMO SELO (Det Sjunde Inseglet) Suécia, 1956



OS 100 MELHORES FILMES DE TODOS OS TEMPOS!!

8º Lugar - O SÉTIMO SELO (Det Sjunde Inseglet) Suécia, 1956 – Direção Ingmar Bergman – elenco: Max von Sydow, Gunnar Bjornstrand, Nils Poppe, Bibi Andersson, Bengt Ekerot, Inga Gill, Maud Hansson, Inga Landgré, Gunnel Lindblom, Bertil Anderberg, Gunnar Olsson, Anders Ek, Erik Strandmark – 100 minutos.

Um dos mais importantes filmes da história do cinema! É uma parábola sombria sobre a solidão do homem diante da morte e da incerteza acerca da existência de Deus. O próprio Bergman sugeria aos espectadores que fizessem um paralelo entre a situação descrita no filme e a do homem contemporâneo, descrente e perplexo diante da possibilidade do fim do mundo. O filme surgiu como uma peça (“Pintura Sobre Madeira”, em 1954). Bergman pensava em encenar uma peça para alguns jovens, e como não encontrou nada que o agradasse, resolveu ele mesmo escrever. Quando fazia o teatro, ocorreu-lhe que deveria transformar a peça em filme e tudo aconteceu naturalmente. Apenas alguns elementos foram aproveitados no roteiro final do filme: o medo da peste, a queima da feiticeira, a Dança da Morte. Mas a partida de xadrez entre a Morte e o Cavaleiro não havia, e, nem existia o artístico-bufanesco "santo casal" Jof e Mia com seu bebê. Somente Jons, o Escudeiro, não sofreu mudanças. Bergman retornou à Suécia, reescreveu o roteiro e reuniu a equipe. Deram-lhe trinta e cinco dias e um orçamento apertado, até minúsculo pelos padrões vigentes no Reino Unido. Foram gastos cerca de 150 mil dólares e o diretor manteve-se dentro do cronograma e do orçamento. O filme foi feito em 1956 e estreou na Suécia em fevereiro de 1957. Ganhou o Prêmio do Júri no Festival de Cannes e significou a definitiva consagração internacional do diretor. Ele mesmo declarou que sua principal inspiração para O SÉTIMO SELO foi o filme A CARROÇA FANTASMA (1920), de seu compatriota Victor Sjöstrom. O título do filme refere-se ao livro dos segredos de Deus, lacrado por sete selos. Os questionamentos religiosos e existencialistas estão sempre muito presentes. O cavaleiro está perturbado com a possibilidade de morrer, chegando ao ponto de considerar que aquele vazio que sente dentro de si é causado pela falta de significado da própria vida e sua religiosidade. Antonius considera que sua vida fora em vão, mas espera, com esse tempo que conquistara ao desafiar a Morte, adquirir a maior quantidade de conhecimento possível, desejo expresso também na lenda do Fausto, que vende a alma ao Diabo em troca desta realização - a coincidência entre o caso destas duas personagens é algo que merece certa reflexão. O Cristo que aparece alternadamente aos planos feitos do cavaleiro, nos dão a idéia da menção de uma plena discussão sobre o real estado de espírito de Jesus quando descobriu que seu sacrifício era iminente. Será que absorvera sereno, ou discutiu sua sanidade, destino e o futuro que lhe era desenhado e que estaria sendo usurpado por seus juízes? O filme possui inúmeros planos belos e funcionais contidos nessa obra-prima, dentre eles o de um crânio seguro por mãos, cobrindo a tela, tendo em segundo plano os braços entrelaçados dos suplicantes religiosos. Também a chama que brota por trás do cavaleiro e seu escudeiro, iluminando o fundo como um fogo do inferno, pronto para acender as lascas que queimarão a jovem sacrificada. Outro que merece atenção, principalmente pela quebra do simbolismo seguido dentro do filme, é o do homem desesperado por estar morrendo por causa da peste e que agoniza ocupando somente um canto de tela, deixando o resto preenchido pela floresta e o negrume da noite. O SÉTIMO SELO foi aclamado internacionalmente como uma obra-prima cinematográfica! Um dos melhores filmes de todos os tempos!!!!!



O filme possui enquadramentos clássicos, tipicamente renascentistas, utilizando demasiadamente o centro de tela ou, ao menos, uma triangulação simétrica, que dão um tom quase religioso à peça que, na realidade, torna-se uma discussão sobre a existência, o divino, a religião e os desígnios do Homem. É impossível não comentar a cena clássica, no belíssimo plano em que sentam, frente a frente, de perfil para o espectador, o cavaleiro e a Morte, iniciando a disputa estratégica, tendo no centro o tabuleiro com as peças pretas e brancas, e no fundo aquele céu tenebroso e escuro. A partir desse momento em que Antonius encontra-se face a face com a Morte, iniciam nele questionamentos a respeito de sua própria existência e, na verdade, sobre Deus. Percebendo a dificuldade que seria o encontro com o Senhor, há momentos em que procura o contato com o Demônio, achando que este seria o maior possuidor de informações sobre o primeiro, devido à proximidade entre eles. O temor da morte e as incertezas causadas pela sua presença estão atuantes durante todo o filme, seja em Antonius, seja no saltimbanco que acaba morrendo na floresta de maneira curiosa, ou na população que está encarando a Peste, sendo acusada pelos sacerdotes de ser a culpada por sua sina, graças à sua descrença e mundanismo. A religião é um alento, uma castração ou uma realidade? Bergman discute através de diversas situações, retratando a suposta bruxa que deve ser sacrificada num auto-de-fé, fazendo os cavaleiros se questionarem sobre quem cuidará de sua alma: Deus, o Demônio, os Anjos ou o Vazio? Há os momentos em que a Morte encontra-se presente no plano físico, sempre numa figura eclesiástica, como um padre que escuta as confissões do cavaleiro e acaba induzindo-o a contar-lhe a estratégia de jogo para derrotá-la sobre o tabuleiro. Também há o saltimbanco que seduz uma mulher casada, após vê-la através de um pequeno espelho, imagem esta que podemos vislumbrar, mesmo a grande distância, num belíssimo plano. É exatamente aquele que acaba como cadáver na floresta pelas mãos da Morte. A montagem do filme, apesar de sutil, tem função primordial. Além de escolher certas fusões em determinados momentos, no intuito de dilatar o tempo e nos passar a sensação de solidão do período, também constrói seqüências que manipulam nossos sentidos, como, por exemplo, quando coloca sucessivamente vários rostos na tela, testemunhas da procissão, em meio ao incenso que vai cobrindo a paisagem, reagindo de maneiras similares ao terror da religião, culminando no plano próximo do Cristo crucificado, carregado pelos penitentes de joelhos lacerados.



O filme revela uma alegoria em preto e branco sobre a busca infinita pelo sentido em um mundo caótico: o mundo do século XIII, devastado pela Peste Negra. Antonius Block (Max Von Sydow, numa performance exuberante) retorna das Cruzadas e encontra sua vila destruída pela doença, pela peste. A Morte aparece para levá-lo, mas Block se recusa a morrer sem ter entendido o sentido da vida. Propõe então um jogo de xadrez, em uma tentativa de burlar a única certeza que o habita. Apesar de perder o jogo de xadrez, a Morte continua a perseguí-lo enquanto viaja pela Suécia medieval. Block descobre os aspectos mais repugnantes do fervor religioso: a tortura, a caça às bruxas, o espectro da Morte alimentando-se da fraqueza humana. Block também toma quatro pessoas sob sua proteção: o ateu Squire Jons, os jovens Mia e Jof e seu bebê. Alguns críticos associam os nomes e a presença quase imune à morte do casal à Sagrada Família. O filme é terrivelmente íntegro na investigação da fé. O fundamentalismo assassino de hoje é a celebração nefasta do mundo evocado em O SÉTIMO SELO. Nas palavras do próprio Bergman sobre o filme, " a idéia de um Deus Cristão tem algo de destrutivo e terrivelmente perigoso. Ele faz emergir um sentimento de risco iminente, e por consequência, traz à luz forças obscuras e destrutivas". O SÉTIMO SELO pode ser interpretado como uma alegoria do século XX e do mundo que ainda vivemos, em forma de lenda medieval. "O tema é bastante simples" – completa o diretor –, "o homem e sua procura eterna de Deus, tendo apenas a morte como única certeza." Participando das Cruzadas e testemunhando aquele mundo intolerante e degradado, o cavaleiro Block quer uma explicação, seja qual for, para entender que tudo aquilo que fez e que está presenciando não é uma completa perda de tempo. Em suma, ele deseja saber, e não crer.



Ingmar Bergman é o diretor mais famoso da Suécia. Realizou muitos filmes célebres, dentre eles MORANGOS SILVESTRES (1957), A FONTE DA DONZELA (1959), ATRAVÉS DE UM ESPELHO (1961), PERSONA (1966), GRITOS E SUSSURROS (1972), SONATA DE OUTONO (1978) e FANNY & ALEXANDER (1983). Acabou consagrado como diretor (já era reconhecido como excelente roteirista) exatamente por O SÉTIMO SELO, quando ganhou o Prêmio Especial do Juri no Festival de Cannes de 1957. Ele morreu em 30 de julho de 2008, aos 89 anos, foi enterrado 18 dias depois, na Ilha de Faro - Suécia. Este é um dos filmes mais profundos que o cinema já realizou. E suas discussões existenciais são ainda emolduradas por um estilo brilhante, com a intensidade dramática já inerente ao tema, sendo ampliada pela interpretação dos atores, pelo roteiro enxuto e cortante, pela cenografia fiel à época, nas composições e tomadas de câmara experimentais, além da música ora sussurrante, ora impactante que pontua as diferentes situações da obra. Mas o filme não termina como uma reflexão pessimista da condição humana, que a nada restaria a não ser se corroer de dúvida ante a fatalidade da morte. Isso porque, uma espécie de esperança é vislumbrada, na presença do jovem casal de artistas e seu bebê. O amor partilhado e a valorização de fatos simples e solidários, conferem, assim, uma espécie de significado concreto à nossa curta passagem pela Terra. E se na primeira vez que vi o filme, fiquei cheio de dúvidas e melancolia, ao vê-lo de novo, me senti existencialmente mais reconfortado, ao compreender um pouco melhor a réstia de esperança concreta que Bergman transmite, especialmente na ambígua e até lírica cena final desta obra-prima. O SÉTIMO SELO é um dos filmes mais importantes de toda a história do cinema, não só pela sua temática que ao longo dos séculos aterroriza e questiona o homem, sobre a existência da Vida e da Morte, mas também pela sua impecável realização.

Um comentário:

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