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domingo, 4 de dezembro de 2011

10º Lugar - O PAGADOR DE PROMESSAS - Brasil, 1962



OS 100 MELHORES FILMES DE TODOS OS TEMPOS!!

10º Lugar - O PAGADOR DE PROMESSAS – Brasil, 1962 – Direção Anselmo Duarte – elenco: Leonardo Villar, Glória Menezes, Geraldo Del Rey, Othon Bastos, Dionízio Azevedo, Norma Bengell, Antonio Pitanga, Roberto Ferreira, Canjiquinha, Maria Conceição, João Desordi, Américo Coimbra – 95 minutos.

O filme brasileiro mais aclamado de todos os tempos. Uma forte crítica aos políticos, à Igreja Católica, à polícia e à imprensa, a peça de Dias Gomes recebe um tratamento dramático que mantém vivas a força dos personagens e a discussão sobre a influência da religião na sociedade. Dentre as várias premiações internacionais recebidas pelo filme, a mais importante foi a Palma de Ouro no Festival de Cannes, que fez de Anselmo Duarte o primeiro diretor brasileiro a recebê-la, competindo com filmes como O ANJO EXTERMINADOR, de Luís Buñuel e O ECLIPSE, de Michelangelo Antonioni. O tremendo sucesso dessa conquista fez com que a equipe merecesse até um desfile público em carro aberto ao desembarcar no Rio de Janeiro trazendo a Palma de Ouro. O filme foi indicado entre os cinco finalistas ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, com o título norte-americano de THE GIVEN WORD. Houve problemas com Maria Helena Dias, que faria o papel da esposa e ficou doente, sendo substituída pela então novata Glória Menezes. A vedete Norma Bengell foi chamada às pressas para fazer o papel de prostituta. Foi ela quem melhor aproveitou o sucesso em Cannes, estabelecendo-se em Roma e iniciando uma longa e bem-sucedida carreira no cinema internacional, chegando a casar-se com o ator italiano Gabriele Tinti. A censura cortou, na época do lançamento, uma cena de chuveiro em que o gigolô seduzia a esposa de Zé do Burro.



Zé do Burro é o personagem principal, junto com sua mulher Rosa vivem em uma pequena propriedade a 42 quilômetros de Salvador. Um dia o burro de estimação de Zé é atingido por um raio e ele acaba indo a um terreiro de candomblé, onde faz uma promessa a Santa Bárbara para salvar o animal. Com o restabelecimento do bicho, Zé põe-se a cumprir a promessa e doa metade de seu sítio, para depois começar uma caminhada rumo a Salvador, carregando nas costas uma imensa cruz de madeira. Mas a “via crucis” de Zé ainda se torna mais angustiante ao ver sua mulher se engraçar com o cafetão Bonitão (grande atuação de Geraldo Del Rey) e ao encontrar resistência ferrenha do padre Olavo (Dionísio Azevedo), a negar-lhe a entrada na sua igreja pela razão de Zé haver feito a sua promessa num terreiro de macumba. Quando foi premiado na França, contam que foi o grande cineasta François Truffaut quem puxou o aplauso que garantiu o prêmio totalmente inesperado para o filme. O fato é que foi ovacionado e é fácil entender por quê. O filme é realmente empolgante e tem uma conclusão inesquecível e politicamente correta – o povo unido consegue vencer qualquer barreira. Tecnicamente, é um filme perfeito, inclusive em controle de figurantes, movimentos de câmera, papéis secundários e em seu tema universal – o conflito entre a religião organizada e a crendice popular. O padre não deixa o herói entrar na igreja porque ele fez a promessa para Iansã, orixá que seria o equivalente a Santa Bárbara, só que no candomblé, religião afro-brasileira. O filme aproveita de uma forma extraordinária não apenas a paisagem baiana, mas também os talentosos atores locais (que viraram astros, como é o caso de Geraldo Del Rey, Othon Bastos, Antonio Pitanga), e segue a estrutura da peça teatral (portanto, com conflitos bem armados que vão crescendo). Mas grande parte da sua qualidade está no trabalho nunca devidamente reconhecido de Leonardo Vilar, um ator de estirpe do TBC (Teatro Brasileiro de Comédia), que mergulha profundamente na alma do personagem muito simples e muito brasileiro. O mesmo pode-se dizer de Glória Menezes, estreando no cinema e já demonstrando as qualidades de grande atriz e estrela que sempre foi. Eu, particularmente, considero este um dos mais importantes filmes já produzidos no nosso cinema nacional. Sem dúvida, é o melhor filme brasileiro da história do cinema. Obrigatório e imperdível!!!!

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