Content on this page requires a newer version of Adobe Flash Player.

Get Adobe Flash player

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

O PALHAÇO - Brasil, 2011



O PALHAÇO – Brasil, 2011 – Direção Selton Mello – elenco: Selton Mello, Paulo José, Larissa Manoela, Giselle Motta, Fabiana Karla, Moacyr Franco, Teuda Bara, Jackson Antunes, Álamo Facó, Cadú Fávero, Erom Cordeiro, Tony Tonelada, Hossen Minussi, Maíra Chasseraux, Tonico Pereira, Ferrugem, Danton Mello, Jorge Loredo – 90 minutos.

É possível enxergar Fellini num filme que beira o onírico, pisca para o bizarro, mas se encerra no realismo. E até Wes Anderson - especialmente seus Tenenbaums (“Os Excêntricos Tenenbaums”) - numa família de gente estranha, cada um com seus talentos e incompreensões. Mas esses e outros diálogos vêm de quem assiste ao filme, pois Selton fez um longa que tem vida própria. Aqui, ele está em jornada tripla. Além de dirigir, atua e é responsável pelo roteiro, escrito em parceria com Marcelo Vindicatto. E, para aqueles que acusam Selton de repetir-se no cinema - uma espécie de personagem de si mesmo -, O PALHAÇO é a prova de seu talento. Dirigindo a si mesmo, o ator é capaz de se reinventar num personagem que foge de qualquer coisa que já o vimos fazer antes. Isso se dá especialmente porque ele tem ao seu lado o grande Paulo José num personagem daqueles maiores que a vida, que ameaça tomar o filme para si. Mas o diretor encontra o equilíbrio e é gratificante assistir a dupla em ação.
Paulo e Selton são pai e filho e também uma dupla de palhaços, com nomes artísticos de Puro Sangue e Pangaré. O rapaz, cujo nome de batismo é Benjamim, nunca conheceu uma vida fora do circo. Ser palhaço, pensa ele, não foi sua escolha, foi uma consequência da vida. Por isso mesmo, quando surge uma rebeldia adolescente tardia ele quer cair no mundo. Descobrir o que há além da tenda do circo é descobrir a si mesmo, mergulhar nas oportunidades, correr riscos e chegar às conquistas. Porque até então a vida de Benjamin não lhe pertencia. Para qualquer personagem, seja no cinema ou na literatura, obter sua independência é uma viagem, que pode ganhar tons metafóricos. Em O PALHAÇO o protagonista cai no mundo em busca de um ventilador e um amor. Desculpas bobas, porque o que ele quer mesmo é encontrar sozinho sua identidade. Fazer essa viagem é abrir mão do velho para abraçar o novo. O palhaço perde o circo para ganhar o mundo. Personagens estranhos cruzam o caminho de Benjamim. Eles são a prova de que, de perto, ninguém é normal. Eles também são a oportunidade que Selton encontrou para resgatar e homenagear ídolos de sua infância.



Entram em cena o ex-garoto-propaganda Ferrugem (ator-mirim que marcou época na década de 1970 e agora reaparece quarentão), como o atendente de uma prefeitura, no papel de um burocrata; Jorge Loredo, aos 86 anos, despe mais uma vez a roupa de seu personagem mais famoso, o eterno Zé Bonitinho, para viver o dono de uma loja de ventiladores que passa as noites contando piadas sem graça para seus funcionários; igualmente digno de nota é a participação de Teuda Bara, uma das fundadoras do grupo de teatro Galpão, que dá um show com os olhos em O PALHAÇO; mais conhecido do grande público, Tonico Pereira completa o time de coadjuvantes que dão sabor especial a esse grande filme. Agora, há que se destacar o brilho de Moacyr Franco, cujo personagem domina sua única cena de tal forma que o ator, aos 75 anos, ganhou o seu primeiro papel no cinema – uma cena de três minutos, na qual interpreta um delegado de cidade do interior às voltas com quatro forasteiros de uma trupe de circo. O texto é tão bom e o seu desempenho tão impressionante que ganhou o prêmio de melhor ator coadjuvante no último Festival de Paulínia. O filme saiu do Festival com prêmios de roteiro, figurino e direção. O cantor e compositor também usou toda a sua espertisse para ajudar o diretor do filme na seleção de músicas da trilha sonora, que inclui clássicos do cancioneiro brega, nas vozes de Nelson Ned (Tudo Passará), Altemar Dutra e Lindomar Castilho. O desempenho de Moacyr Franco é apenas um dos achados de Selton Mello em sua terceira incursão atrás das câmeras. Como havia feito no curta-metragem “Quando o Tempo Cair” (2006), protagonizado por Jorge Loredo, e no longa “Feliz Natal” (2008), com a participação destacada de Darlene Gloria e Lucio Mauro, o diretor surpreende com várias de suas escolhas. É possível até fazer um paralelo entre Selton e Benjamim. Selton precisou se tornar diretor para se reinventar como ator - fazendo muito bem as duas funções. Benjamim precisa sair do centro do picadeiro para descobrir o seu verdadeiro lugar. Numa jornada, o ponto de partida é tão importante quanto o de chegada. UM DOS MELHORES FILMES DO ANO!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário