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quinta-feira, 4 de maio de 2017

O ESGRIMISTA (Miekkailija) Finlândia / Estônia / Alemanha, 2015 – Direção Klaus Härö – elenco: Märt Avandi, Ursula Ratasepp, Hendrik Toompere, Lembit Ulfsak, Kirill Käro, Liisa Koppel, Andres Lepik, Joonas Koff, Maria Klenskaja, Kaspar Tõnisson – 99 minutos
   Para se programar para o futuro, é preciso se estabelecer com o passado.
O ESGRIMISTA é sensível e muito delicado ao abortar um tema muito em voga hoje, que é a situação do refugiado político, ainda que seja dentro de seu próprio país. É impossível ficar imune à história de Endel após se propor a assistir ao filme. Retratando a história real de Endel Nelis (Märt Avandi), um famoso mestre da esgrima na Estônia, que foi obrigado a voltar a seu país, depois que a Rússia o invadiu. Endel volta para ser um professor de educação física, numa afastada cidadezinha, e utiliza de suas habilidades para ensinar uma turma de crianças de uma escola carente, a arte da esgrima, mas o diretor da instituição, começa a não gostar do sucesso do professor e busca um modo de mandá-lo embora, investigando sua vida, até que surge um campeonato exatamente em sua cidade de origem que está dominada por soldados russos, deixando o professor indeciso se leva seus alunos ou fica protegido na cidadezinha que está refugiado, a decisão se torna mais dolorosa pela relação amorosa e de cumplicidade que alunos e professor estabeleceu ao longa do tempo.

Märt Avandi que vive o mestre Endel é muito seguro e contido, na medida correta, em sua atuação, ele sem grandes sobressaltos consegue a olho nu, mostrar ao espectador, que seus alunos estão o transformando como ser humano. O elenco infantil também é magnifico, principalmente a garotinha Liisa Koppel, que vive a Marta, ela consegue apenas em seu doce olhar, transmitir muito conteúdo e por ter essa forte e marcante expressão o diretor o usa em diversas passagens ao longa da projeção. O diretor finlandês Klaus Härö, consegue empregar sua identidade cinematográfica, usando momento de criatividade e de pura poesia, sem se tornar incompreensível para um leigo espectador. Seu grande mérito é conseguir dar para sua obra um caráter popular sem se tornar uma cópia americana de blockbuster. Härö com essa obra se mostra um exímio contador de histórias, arrebatando completamente a plateia para sua proposta do início ao fim da narrativa. Foi inscrito pela Finlândia para concorrer a uma vaga ao Oscar 2016 de Melhor Filme Estrangeiro. 
O roteiro da finlandesa Anna Heinämaa preferiu usar uma narrativa épica, além de copiar a estrutura de filmes comerciais onde o embate entre um revolucionário (o professor) enfrenta o conservador (o coordenador da escola). Retratada como um esporte de pouco interesse para o regime, a esgrima, além de não ser considerada educativa para crianças, era perigosa. Além disso, ela também era vista como um esporte medieval, fazendo uma alusão ao passado comunista e soviético da Estônia. Para reforçar esta visão obtusa, a ambientação em uma cidade distante e quase abandonada, onde seus habitantes são regidos por um excesso de burocracia dentro de uma ditadura, foi pontual. O roteiro mostra claramente que havia mais divisão do que igualdade naquele microcosmo da sociedade soviética. No entanto, a grande força do roteiro reside no protagonista. Endel é um personagem denso não somente pelo passado obscuro que ele reluta em nos revelar, mas também pela dúvida que carrega entre fugir do passado ou criar uma nova vida ajudando as crianças daquela escola. E a virada mais interessante do roteiro está no fato de que é justamente a vida nova, as crianças, que o ajuda a enfrentar o passado de que ele tanto foge em Leningrado. É a mensagem do roteiro de que, para se poder viver plenamente o presente e se programar para o futuro, é preciso se estabelecer com o passado.

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