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domingo, 25 de dezembro de 2016

BEN-HUR (Ben-Hur) EUA, 2016 – Direção Timur Bekmambetov – elenco: Jack Huston, Toby Kebbell, Rodrigo Santoro, Nazanin Boniadi, Morgan Freeman, Ayelet Zurer, Pilou Asbaek, Sofia Black-D’Elia, Marwan Kenzari, Moises Arias, James Cosmo, Haluk Bilginer, David Walmsley, Francesco Scianna, Yasen Atour – 125 minutos

   UMA REVISITA HONESTA E UMA MENSAGEM CONTRA A INTOLERÂNCIA 


O grande acerto do novo “Ben-Hur” do diretor Timur Bekmambetov é justamente a consciência de que não é páreo para o filme de William Wyler - não por uma questão de resignada humildade, mas pelo simples fato de que os anos trataram de colocar o filme de 1959 em um pedestal de prestígio inatingível. Por isso, o cineasta tem a boa sacada de trabalhar num filme paralelo ao original, jamais competindo, e sim seguindo um caminho diferente. Mais do que isso, o diretor tem a noção de que atualmente o épico cristão não tem o mesmo apelo que tinha há quase 60 anos atrás. O cinema comercial norte-americano que tenta resgatar esse tipo de produção, a exemplo de NOÉ (Noah, 2014) e ÊXODO – DEUSES E REIS (Exodus: Gods and Kings, 2014), perde-se na ingenuidade de tentar uma fórmula antiga num mundo muito mais plural e dividido. Bekmambetov dribla esse problema e livra seu trabalho do peso de um épico e o conduz como um filme de ação moderno, de fácil assimilação e aceitação para o público atual.


Incrivelmente barroco, o diretor aposta todas suas fichas em virtuosas cenas de combate, lindamente captadas em uma fotografia acertada nas cores sóbrias e em um entrosamento quase invasivo com os muitos corpos e rostos. Os momentos da batalha naval são particularmente espetaculares, servindo de escada para o grand tour de force da corrida de bigas, momento mais ousado e ambicioso da história e hora para o diretor deixar de lado qualquer resignação para com o filme original e se jogar de cara em seu talento como cineasta do movimento e das formas. E nada de recorrer ao CGI dos atuais e medrosos filmes de ação de Hollywood – toda a sequência foi filmada fisicamente de todos os ângulos possíveis e impossíveis, e sem o uso de dublês.


Quanto à história em si, Bekmambetov procurou cortar o tom triunfal do filme original para se ater a um conflito mais comedido entre Judah Ben-Hur e Messala (vividos pelos excelentes Jack Huston e Toby Kebbell, respectivamente). Foi criado um laço fraternal entre os personagens, deixando de lado a insinuação homoafetiva velada do trabalho de Wyler, o que contribui para um clima um tanto mais sombrio de fratricídio latente. Outra intervenção pós-moderna está na ambiguidade moral dos personagens, dessa vez não categorizados como mocinhos e vilões, já que o filme mostra sem julgamentos os atos de ódio e violência tanto de Judah quanto de Messala numa incômoda e igual proporção. Isso se reflete numa mensagem muito contundente e válida para o atual estado de Israel/Palestina e até influencia a participação de um Jesus menos mártir/símbolo religioso e mais humano, mais real, interpretado com muita sensibilidade pelo brasileiro Rodrigo Santoro. Ele assumiu a responsabilidade de interpretar Jesus Cristo e acaba dando um maior peso dramático ao filme. O ator está muito bem em cena. Por mais que o personagem não seja protagonista na narrativa principal, acaba sendo o responsável por transmitir uma maior carga emocional à produção. Um grande filme!!! Vale o ingresso


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