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quarta-feira, 28 de setembro de 2016


O TESOURO (Comoara) Romênia, 2015 – Direção Corneliu Porumboiu – elenco: Toma Cuzin, Adrian Purcarescu, Nicodim Toma, Corneliu Cozmei, Radu Banzaru, Florin Kevorkian, Laurentiu Lazar, Dan Chiriac, Ana Maria Stegaru, Clemence Valleteau – 89 minutos




Uma visão bem lúdica, sem deixar de lado o realismo característico do cinema romeno. A temática do filme é um notável estudo sobre a solidão. É interessante como o filme insere em um universo adulto uma noção quase que infantil de busca ao tesouro. É curiosa a relação do personagem principal com seu filho. Ele conta uma história pesada para o menino, ao mesmo tempo que, em sua vida pessoal, investe em uma trama de sonhos. Situado num cenário de crise econômica, a narrativa se apresenta bastante realista mas prevalece a aura de fábula. Com um troque amargo e, às vezes, cômico, um funcionário público e um vizinho arruinado se unem para buscar um provável tesouro, que estaria enterrado na casa de campo do avô de um deles. O plano tinha tudo para dar errado, até porque estamos numa sociedade em que ninguém parece plenamente confiável, basta perceber que um ladrão arrombador é quem presta serviços para a polícia. O mais absurdo é que a história é baseada em lendas familiares da vida do avô do ator Adrian Purcarescu. Sua família, que era nobre, tinha terras em Islaz, região que viveu uma breve revolução em 1848. Décadas depois, as terras foram desapropriadas pelo governo comunista, mas com a queda do regime, foram requisitadas e devolvidas à família do ator. É interessante destacar que o funcionário público (brilhantemente interpretado por Toma Cuzin), é na verdade um assalariado romeno pai de família absolutamente comum numa versão de um dos heróis mais clássicos de todos os tempos – Robin Hood. 



Corneliu Porumboiu é um dos mais notáveis cineastas do atual cinema romeno, e reconhecido internacionalmente pelo seu senso de humor satírico e muito crítico em relação aos problemas sociais e econômicos do seu país. Basta lembrar de dois dos seus filmes mais aclamados: A LESTE DE BUCARESTE (2006) e POLÍCIA, ADJETIVO (2009), ambos premiados no Festival de Cannes. É curiosa a maneira como o diretor constrói o cenário por onde sua história acontece. Não há nenhuma pressa em relatar sua fábula, ele só deseja contar o que ele mesmo ouvia quando era criança. O filme, na verdade, torna-se um discurso arrojado de verdade, forte, contundente e, ao mesmo tempo, sublime, leve e sem catequeses. Promete pouco, mas apresenta muito mais do que o esperado ao longo do seu desenrolar. O desfecho é poético e significativo ao som da Banda iugoslava Laibach, com uma cena que vale o filme inteiro. Resumindo, há duas forças importantes que conduzem essa obra emblemática: a ficção-histórica, onde o contexto sócio-político passado e presente da Romênia é visitado, e a fantasia, onde a trama consuma o desejo de aproximação do pai para com seu filho. 

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