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terça-feira, 1 de janeiro de 2013

A RAINHA MARGOT (La Reine Margot) França / Alemanha / Itália, 1994

A RAINHA MARGOT (La Reine Margot) França / Alemanha / Itália, 1994 – Direção Patrice Chéreau – elenco: Isabelle Adjani (Margot) , Vincent Perez (La Môle), Daniel Auteuil (Henrique de Navarra), Virna Lisi (Catarina de Médicis), Jean-Hughes Angladé (Rei Carlos IX), Jean-Claude Brialy (Coligny), Miguel Bosé (Guise), Pascal Greggory (Anjou / Henrique III da França), Dominique Blanc (Henriette de Nevers), Thomas Kreschtmann (Nançay), Claudio Amendola (Coconnas), Asia Argento (Charlotte de Sauve); Julien Rassman (Alençon), Jean-Philippe Écoffrey (Condé) – 154 minutos. Este grande filme, um verdadeiro clássico do cinema francês, baseado na obra imortal de Alexandre Dumas (de 1844), retrata um período histórico marcado pela violência praticada em nome da fé e do amor. Com seu enredo emocionante e sua galeria de personagens memoráveis, A RAINHA MARGOT, é um filme fantástico e um dos mais belos e poderosos dos anos 1990. Causou grande impacto, pelas cenas de violência e de sexo. Lançado em 1994, foi aclamado no Festival de Cannes, dando a Virna Lisi o prêmio de Melhor Atriz por sua performance assombrosa, uma presença maligna e ambiciosa, que rouba todas as cenas do filme. Foi aclamada internacionalmente entre as melhores atuações de toda a história do cinema. Premiado também como Melhor Filme pela imprensa especializada. Ganhou cinco César (o Oscar francês).
A história se passa em 1572, quando as guerras de religião dilaceravam a França. Por conveniência política, uma princesa católica de dezessete anos - bela e culta, considerada a mulher mais fascinante de seu tempo - é obrigada a se casar com o rei protestante de Navarra, um pequeno país ao sul. Ela é Margarida de Valois, ou Margot, simplesmente; ele, o jovem Henrique de Navarra. Ao promover esse casamento sem amor, Catarina de Médicis, mãe da noiva e de Carlos IX, rei da França, espera obter a paz entre católicos e protestantes. Ocorre, porém, o contrário do esperado. Sobrevêm episódios terríveis, como a noite de São Bartolomeu, um dos massacres religiosos mais conhecidos de toda a história. No centro do conflito está Margot, interpretada pela grande musa do cinema francês, Isabelle Adjani, num papel que parece ter sido criado só para ela. Indiscutivelmente, A RAINHA MARGOT é o melhor filme já realizado sobre a histórica “Noite de São Bartolomeu”. Absolutamente belo e deslumbrante, é um filme histórico brilhante, com imagens delirantes e o mais arrebatador do gênero. Não existe na história do cinema, nada mais extraordinário sobre esse episódio sangrento da história.
A Noite de São Bartolomeu, massacre de mais de três mil protestantes, ocorrido em 24 de agosto de 1572, marca as sangrentas lutas religiosas que atrasaram a consolidação do absolutismo francês. Esse acontecimento caracteriza a fase final da dinastia Valois, que governava a França desde a Idade Média. O casamento forçado entre Margot, irmã de Carlos IX (rei da França) e o protestante Henrique de Navarra (Bourbon), não paralisou as lutas religiosas entre católicos e protestantes. Com a Noite de São Bartolomeu, ressurgia o combate, estimulado pelo Papa, envolvendo várias regiões européias. Com a morte de Carlos IX, sobe ao trono seu irmão Henrique III da França, iniciando-se uma guerra civil conhecida como “a Guerra dos Três Henriques”, entre Henrique de Guise, que fundou com líderes católicos franceses a Liga Católica e Henrique III, que contou com o apoio de seu cunhado Henrique de Navarra. Os dois últimos lideram o cerco sobre Paris em 1589, quando Henrique III é assassinado. Henrique de Navarra assume então o trono francês como Henrique IV, convertendo-se ao catolicismo – “Paris bem vale uma missa”, pronunciou a famosa frase – mas publicando o Edito de Nantes que dava liberdade de culto aos protestantes. Seu governo marca o início da dinastia Bourbon, que conhecerá o apogeu do Estado absolutista no longo reinado de Luiz XIV (1661-1715) o “rei sol”, para depois nos reinados de Luiz XV e Luiz XVI, conhecer a decadência e crise, que culminou com a Revolução Francesa em 1789, acontecimento que marca o início da Idade Contemporânea.
O filme mostra os propósitos do casamento, as tentativas da família real francesa de manter o trono em domínio de um rei católico, os amores proibidos da rainha e a perseguição aos protestantes durante a cerimônia do casamento. Este drama histórico poderoso também fala da manipulação dos homens; as tentativas fracassadas de assassinato; palavra em falso do outro que é dito para iludir e enganar; a lealdade a uma promessa de amor; a quebra de uma promessa de honra em nome de salvar a própria vida; o inusitado nascimento de um amor que pode render e salvar, mas que também pode dar a vida pela do outro. Há uma dissecação impecável sobre a vida de um nobre, onde muitas vezes o poder pode ser uma sentença de morte. Este épico assombroso repleto de suspense e beleza é interpretado por alguns dos melhores atores franceses de sua geração. Ao lado da impressionante caracterização de Virna Lisi e a estonteante atuação de Isabelle Adjani, temos ainda Vincent Perez, no auge sua beleza, numa impecável composição como o amante da Rainha Margot; o excelente Jean-Hughes Angladé brilha como o fraco Rei Carlos IX; Daniel Auteuil, como Henrique de Navarra dá um show particular; Pascal Greggory, como Anjou / Henrique III da França, dispensa comentários, numa magnífica representação; Miguel Bosé, brilhante como Guise está notável. Fotografado com grande beleza e precisão delirante por Phillipe Rousselot - que amplia a escuridão dos palácios e das ruas de Paris para reiterar as trevas que circundam as personagens – e com uma reconstituição de época impressionante e impecável (com ênfase no figurino indicado ao Oscar de Moidele Bickel), o filme conquista justamente pelos motivos que incomodaram os críticos sem abdicar dos elementos próprios de sua cinematografia (nudez frontal masculina ainda era um tabu em Hollywood) e absorvendo o melhor do cinema norte-americano, ele é um filme que serve tanto como entretenimento quanto como história, ainda que disfarçada de romance. OBRIGATÓRIO E BELO!!

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