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terça-feira, 11 de julho de 2017

TERRA DE MINAS (Under Sandet) Dinamarca / Alemanha, 2015 – Direção Martin Zandvliet – elenco: Roland Moller, Louis Hofmann, Joel Basman, Mikkel Boe Folsgaard, Laura Bro, Karl Alexander Seidel, Maximilian Beck, August Carter, Tim Bülow – 100 minutos

UMA REFLEXÃO PARA LEMBRAR QUE HÁ VÍTIMAS EM TODOS OS LADOS DE UMA GUERRA


Após a rendição da Alemanha na Segunda Guerra Mundial, alguns países atribuíram missões perigosas aos prisioneiros nazistas capturados. Um dos casos que agora vem à luz é o a Dinamarca, em 1945, que engajou dois mil militares — boa parte deles em torno dos 16 anos de idade, em campo já há meses, graças a ordens cada vez mais insanas de Hitler e seu alto escalão no semestre final da Guerra — em uma missão para “limpar a costa oeste da Dinamarca” das cerca de dois milhões de minas colocadas ali pelos nazistas. Indicado a Melhor Filme Estrangeiro no OSCAR 2017, este filme singular trata do assunto Segunda Guerra Mundial. Guerras propiciam histórias das mais diversas. E aqui temos um bom exemplo de uma história interessante de um ponto de vista não tão comum assim. Em poucos minutos, o espectador já está comprometido com o filme, e nos momentos em que os garotos começam a desarmar as minas, transfere a agonia dos personagens para o espectador.
Esse efeito só é possível graças ao espetacular trabalho de edição e mixagem de som. Nas cenas onde os jovens estão desarmando tais explosivos, a trilha sonora some, criando já uma tensão pelo silêncio. Depois passamos a ouvir a respiração carregada de medo dos garotos. O silêncio é tão perturbador que também ouvimos com muita clareza (mixagem de som) os sons das minas sendo desarmadas, como sons de parafusos girando, metais se chocando levemente, mas muito levemente mesmo pois um choque maior geraria uma enorme explosão, barulhos de ferro em contato com a areia (edição de som). Tudo isso de forma lenta, e utilizando-se de planos detalhes que deixa tudo ainda mais tenso e após a primeira explosão, passamos a ter a sensação que qualquer outra mina pode explodir a qualquer momento. Outro ponto forte desse filme está no elenco juvenil. Alguns jovens se destacam como Oskar Bökelmann que é quase que um líder entre a garotada. Espontâneo, contestador e pró-ativo, ele é o que mais tem espaço em tela e aproveita bem essa liberdade. Outro garoto (no caso são dois – gêmeos) que se destaca é dupla Ernst e Werner Lessner. Os garotos dão um show de carisma e logo de cara passamos a gostar deles.

A fotógrafa Camilla Hjelm cria uma interessante dinâmica de observação e acompanhamento dos personagens, mudando a nossa perspectiva dos momentos de desarmamento de bombas para planos mais abertos e fotografados com mais luz ao mostrar a interação ente os jovens e os delicados momentos em que o ambiente natural, apesar de ameaçador — e apesar de a morte fazer parte da vida desses garotos o tempo inteiro — oferece algum nível de acolhimento. Curioso é que quase na mesma medida, vemos contrastes de comportamento na interação entre os soldados e também deles com o ambiente ao redor. Para esses momentos cruéis existem alguns detalhes fotográficos presentes, normalmente identificados por um leve filtro, sombra ou maior contraste de cor nas cenas. TERRA DE MINAS é um bom drama que abre e fecha com honestidade e simplicidade. Obras desse tipo são importantes não só como registro de acontecimentos históricos desconhecidos do grande público, mas também para nos lembrar que há vítimas em todos os lados de uma guerra. Um grande filme!!

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