QUATRO
VIDAS DE UM CACHORRO (A Dog’s Purpose) EUA, 2017 – Direção Lasse Hallström –
elenco: Josh Gad, Dennis Quaid, Peggy Lipton, Bryce Gheisar, K. J. Apa, Juliet
Rylance, Luke Kirby, Gabrielle Rose, Michael Bofshever, Britt Robertson, Logan
Miller, John Ortiz, Nicole LaPlaca, Kirby Howell-Baptiste, Pooch Hall, Michael
Patric – 100 minutos
TODO
CACHORRO EXISTE POR UMA RAZÃO
Um filme com cara de “sessão
da tarde”, que não tem qualquer ambição fora ser um passatempo ameno até demais
e nenhuma vergonha de ser descaradamente melodramático. O sueco
Lasse Hallström, realizador de “Minha Vida de Cachorro” (Mitt Liv Sum Hund -
1985); “Gilbert Grape – Aprendiz de Sonhador” (What’s Eating Gilbert Grape –
1993); “Regras da Vida” (The Cider House Rules – 1999); “Chocolate” (Chocolat –
2000), com a Juliette Binoche e Johnny Depp; “Sempre ao Seu Lado”
(Hachi: A Dog’s Tale – 2009), entre outros, volta a
usar um cachorro como protagonista e isca para choro livre. Baseado no homônimo
best-seller de W. Bruce Cameron, “A Dog's Purpose” (título
original) é estrelado por um cão inquieto sobre o seu existir. Conforme o
título indica, ele morre e reencarna várias vezes em busca de respostas e do
reencontro com seu dono mais querido, Ethan, primeira pessoa a amá-lo. O menino entra em cena na segunda vida
do cachorro, em 1961, o batiza de Bailey e é realmente o melhor companheiro que
ele poderia sonhar. Cheio de energia, carinhoso, cúmplice e paciente, Ethan tem
sua imagem boa construída com tanto esmero que chega até a roubar o
protagonismo durante algum tempo - o que não chega a ser ruim para a história.
Bryce Gheisar, que interpreta o garoto, é puro carisma e fofura, e o
adolescente K. J. Apa mantém as características quando ocorre a passagem
de tempo.
Narrada com inocência e leveza pelo cachorro, que na versão legendada
tem a voz um tanto quanto infantil de Josh Gad (“Frozen – Uma Aventura
Congelante”), a produção começa tentando "ser" o cão, com uso e
abuso da câmera subjetiva. No início a opção é divertida, mas depois incomoda
um pouco. O diretor continua com seu estilo que funciona. Ele filma bem,
sabe contar histórias familiares, tem talento para fazer chorar e sempre
consegue. Comparando com “Sempre
ao Seu Lado”, este “Quatro
Vidas de um Cachorro” é menor pela irregularidade da narrativa e
incongruências do personagem principal, mas tem a vantagem de não buscar tão
desesperada e escancaradamente as lágrimas dos espectadores. O filme teve
problemas com as acusações de maus tratos animais, que caíram como uma bomba
pouco antes da sua estreia e o transformaram no famoso "filme do cachorro
que apanhou". Mesmo assim é um filme leve, divertido, que por muitas vezes se entrega aos
clichês, mas sempre tendo consciência da sua simplicidade, não tentando
conquistar seu espectador através das lágrimas somente. Lasse Hallström segue a
cartilha do melodrama espírita numa vertente canina. Embora manipulador de
emoções, o filme sabe como comover o espectador que tem um pet em casa.
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