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PAIXÃO DE JOANA D’ARC (La Passion de Jeanne D’arc) França, 1928 – Direção Carl
Theodor Dreyer – elenco: Maria Falconetti, Eugene Silvain, André Berley, Maurice
Schutz, Antonin Artaud, Michel Simon, Jean d’Yd, Louis Ravet, Armand Lurville,
Jacques Arnna, Alexandre Mihalesco, Léon Larive, Paul Delauzac – 110 minutos
“EU
NÃO SEI SE DEUS AMA OU ODEIA OS INGLESES”
Um dos maiores filmes
da História do Cinema e a obra máxima de Carl Theodor Dreyer. Absolutamente
extraordinário e o mais importante filme de todos os tempos!! Perfeitamente
simétrico, organizado e belissimamente realizado, esta obra-prima é composta quase
que inteiramente de closes, com o intuito de elucidar ainda mais a impiedade dos julgadores e o
sofrimento daquela que viria a ser canonizada exatamente dez anos antes da
produção do filme. Toda a história, o drama humano, o heroísmo e a
santidade de Joana D’Arc é contada através das expressões faciais. Acima de
tudo é um filme de ator. A atriz Maria Falconetti, em uma das mais
impressionantes atuações do cinema, sintetiza muitos discursos através dos seus
olhos, e é talvez uma das faces
mais marcantes dessa gênese cinematográfica. Essas expressões faciais
trazem toda a carga poética do filme e toda genialidade do diretor, que impediu
que seus atores usassem maquiagem de maneira que suas expressões faciais se
sobressaíssem. O valor histórico
deste filme é algo irrevogável. Realizado em 1928, teve suas poucas cópias
disponíveis na França queimadas num incêndio. Na Inglaterra o filme foi
banido, por mostrar cenas em que Joana é atormentada por soldados ingleses que
lembravam graficamente a tortura de Cristo pelos romanos e seu negativo
original dado como perdido durante décadas.
O filme detalha as
últimas horas de vida de Joana e ocorre após ela ter sido capturada pelos
ingleses, cobrindo a prisão, tortura, julgamento e execução dessa grande mulher.
É um filme que aborda as questões de poder, a questão da perseverança e da
convicção pessoal, já inerentes na biografia de Joana D’Arc. A história detalha tudo o que
aconteceu nos momentos finais dessa jovem de 19 anos. Filha de camponeses e
analfabeta, ela se vestiu com trajes masculinos e foi lutar com os franceses
contra a ocupação britânica. O mais irônico é que os juízes que a interrogaram
eram membros da própria Igreja, forçando-a a reconhecer sua heresia. Não é
muito difícil reconhecer a genialidade do diretor dinamarquês. Sua proposta era
fazer um trabalho em que os atores não estivessem com maquiagens, para acentuar
a falha no rosto dos seus intérpretes. Os senhores da Igreja, por exemplo, com
seus enormes sulcos faciais, ganham ainda mais obscuridade. Numa época em que o Expressionismo Alemão e a
Vanguarda Francesa dominavam, foi preciso que Carl Dreyer explorasse os palcos
teatrais da França para descobrir a atriz ideal e conseguiu. A escolha se
imortalizou para sempre e é um dos maiores e mais importantes momentos do
cinema mundial. Diante de tudo isso, inquestionavelmente, é um documento
histórico, que até hoje é dissecado por estudiosos e grandes entusiastas do
cinema.
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