Content on this page requires a newer version of Adobe Flash Player.

Get Adobe Flash player

quarta-feira, 26 de julho de 2017

A PAIXÃO DE JOANA D’ARC (La Passion de Jeanne D’arc) França, 1928 – Direção Carl Theodor Dreyer – elenco: Maria Falconetti, Eugene Silvain, André Berley, Maurice Schutz, Antonin Artaud, Michel Simon, Jean d’Yd, Louis Ravet, Armand Lurville, Jacques Arnna, Alexandre Mihalesco, Léon Larive, Paul Delauzac – 110 minutos

                   “EU NÃO SEI SE DEUS AMA OU ODEIA OS INGLESES”


Um dos maiores filmes da História do Cinema e a obra máxima de Carl Theodor Dreyer. Absolutamente extraordinário e o mais importante filme de todos os tempos!! Perfeitamente simétrico, organizado e belissimamente realizado, esta obra-prima é composta quase que inteiramente de closes, com o intuito de elucidar ainda mais a impiedade dos julgadores e o sofrimento daquela que viria a ser canonizada exatamente dez anos antes da produção do filme. Toda a história, o drama humano, o heroísmo e a santidade de Joana D’Arc é contada através das expressões faciais. Acima de tudo é um filme de ator. A atriz Maria Falconetti, em uma das mais impressionantes atuações do cinema, sintetiza muitos discursos através dos seus olhos, e é talvez uma das faces mais marcantes dessa gênese cinematográfica. Essas expressões faciais trazem toda a carga poética do filme e toda genialidade do diretor, que impediu que seus atores usassem maquiagem de maneira que suas expressões faciais se sobressaíssem. O valor histórico deste filme é algo irrevogável. Realizado em 1928, teve suas poucas cópias disponíveis na França queimadas num incêndio. Na Inglaterra o filme foi banido, por mostrar cenas em que Joana é atormentada por soldados ingleses que lembravam graficamente a tortura de Cristo pelos romanos e seu negativo original dado como perdido durante décadas.
O filme detalha as últimas horas de vida de Joana e ocorre após ela ter sido capturada pelos ingleses, cobrindo a prisão, tortura, julgamento e execução dessa grande mulher. É um filme que aborda as questões de poder, a questão da perseverança e da convicção pessoal, já inerentes na biografia de Joana D’Arc. A história detalha tudo o que aconteceu nos momentos finais dessa jovem de 19 anos. Filha de camponeses e analfabeta, ela se vestiu com trajes masculinos e foi lutar com os franceses contra a ocupação britânica. O mais irônico é que os juízes que a interrogaram eram membros da própria Igreja, forçando-a a reconhecer sua heresia. Não é muito difícil reconhecer a genialidade do diretor dinamarquês. Sua proposta era fazer um trabalho em que os atores não estivessem com maquiagens, para acentuar a falha no rosto dos seus intérpretes. Os senhores da Igreja, por exemplo, com seus enormes sulcos faciais, ganham ainda mais obscuridade. Numa  época em que o Expressionismo Alemão e a Vanguarda Francesa dominavam, foi preciso que Carl Dreyer explorasse os palcos teatrais da França para descobrir a atriz ideal e conseguiu. A escolha se imortalizou para sempre e é um dos maiores e mais importantes momentos do cinema mundial. Diante de tudo isso, inquestionavelmente, é um documento histórico, que até hoje é dissecado por estudiosos e grandes entusiastas do cinema.


Nenhum comentário:

Postar um comentário