A
CABANA (The Shack) EUA, 2017 – Direção Stuart Hazeldine – elenco: Sam Worthington,
Octavia Spencer, Tim McGraw, Radha Mitchell, Megan Charpentier, Gage Munroe,
Amélie Eve, Avraham Aviv Alush, Alice Braga, Carson Reaume, Sumire Matsubara,
Graham Greene, Ryan Robbins, Jordyn Ashley Olson, Laura MacKillop, Emily
Holmes, Nicholas Holmes, Derek Hamilton, Tanya Hubard, David MacKay, Chris
Britton, Lane Edwards – 132 minutos
ELE
NUNCA ESTAVA TÃO SOZINHO COMO PENSAVA
A CABANA, de William
P. Young, é um best-seller lançado em 2007 que já vendeu pelo menos 18 milhões
de exemplares. Não é difícil entender o porquê: sua história edificante e
serena, apoiada em preceitos religiosos, serve como auto-ajuda em momentos de expiação,
de dor e de culpa. Diante de tais características, e tamanho sucesso, chega a
ser surpreendente que sua versão cinematográfica tenha levado uma década para
enfim acontecer, até mesmo pela simplicidade de sua história e dos recursos
necessários para que seja apresentada. O filme em vários momentos assume um tom
contemplativo de forma a construir em torno do personagem principal o conforto
emocional tão procurado. Por mais que visualmente seja agradável, pelo uso de
cores suaves e uma fotografia paisagística, há momentos em que a história trava
de forma impiedosa, provocando um certo cansaço. Além disto, as metáforas
apresentam um nítido desnível na narrativa, variando entre o didatismo extremo
(trecho da Alice Braga) e o simbolismo exagerado (caso da joaninha).
Merece destaque a performance de Octavia Spencer.
A ganhadora do Oscar por “Histórias
Cruzadas” se encaixa bem com a proposta de sua personagem.
Além disto, a escolha de uma mulher negra para interpretar Deus é uma ousadia
bem-vinda - feita pelo livro e seguida pelo filme, não apenas pela defesa da
diversidade mas também contra a imagem estereotipada pregada ao longo dos
séculos. A CABANA também
ganha pontos consideráveis na comparação com outros filmes também feitos para
louvar, no sentido de não ser ofensivo e maniqueísta perante o espectador. Se é
nítido o objetivo de apresentar preceitos religiosos, estes são inseridos na
narrativa de forma orgânica e sem a obrigação prévia de aceitá-los. Acima de
tudo, trata-se de um filme sobre a fé, sem julgar descrentes nem manipular
informações de forma a conquistar adeptos. Ou seja, trata-se de um filme
honesto, dentro do que se propõe a ser.
Apesar de ser um filme de
autoajuda, ele aborda temas, lança ideias e faz argumentos sobre temas que não
tocam só quem é religioso. O perdão, a culpa, o ressentimento, a raiva, o ódio
e, acima de tudo, o amor estão em debate. Apesar de trazer boas reflexões sobre
perdão e espiritualidade, o desfecho acaba entregando ao espectador algo do
qual o filme parecia querer fugir no começo: a igreja como necessidade de uma
espiritualidade bem resolvida. A CABANA é o exemplo mais retumbante de
projeto bem-sucedido na intenção de pregar para convertidos, mas que falha de
forma também retumbante como entretenimento para as massas. Sua
longuíssima duração é um problema, além de intermináveis e didáticos diálogos
e, sobretudo, a falta de emoção, o que é fundamental para um filme.
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