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BELA E A FERA (Beauty and the Beast) EUA / Inglaterra, 2017 – Direção Bill
Condon – elenco: Emma Watson, Dan Stevens, Luke Evans, Ewan McGregor, Ian
McKellen, Emma Thompson, Josh Gad, Kevin Kline, Hattie Morahan, Stanley Tucci,
Audra McDonald, Haydn Gwynne, Gerard Horan, Ray Fearon, Nathan Mack, Gugu
Mbatha-Raw, Clive Rowe, Thomas Padden, Adrian Schiller, Gizmo, Harriet Jones,
Adam Mitchell, Daisy Duczmal, Jolyon Coy, Zoe Rainey, Dale Branston, Tom Turner – 129
minutos
UMA
VERDADEIRA VIAGEM A LEMBRANÇAS DA INFÂNCIA
"A Bela e a Fera"
é, de fato, um presente para quem cresceu com o clássico, uma forma de
aproximar novas gerações do mesmo e também uma viagem a lembranças da infância
– tanto do espectador, quanto dos personagens. Extremamente
luxuoso, o filme de imediato
salta aos olhos graças ao requinte na direção de arte e figurinos. Se por um
lado há o nítido esforço em recriar a ambientação do filme de 1991 - a primeira
animação indicada ao Oscar de melhor filme -, por outro o diretor Bill Condon entrega situações
inéditas, que exigiram uma boa dose de criatividade não apenas na criação, mas
também para adequá-las à narrativa clássica sem que houvesse perdas ou um certo
desnível. Afinal de contas, são 45 minutos de cenas extras em relação à
animação, uma quantidade considerável. Seu classicismo não é nada forçado. Assim como seu
romance não é frágil. É bonito e deixa um sabor muito bom depois do final. Muito
também pela bela escalação do elenco.
Emma
Watson é
daquelas escolhas cirúrgicas, combinando precisamente com a personagem pelo
tipo físico e o simbolismo que automaticamente traz consigo, seja pela
dedicação a frente de causas feministas ou pelo próprio passado cinematográfico
na pele de Hermione Granger, da série Harry
Potter. Entretanto, quem realmente
brilha em cena são Luke
Evans e Josh Gad, intérpretes de Gaston e LeFou. Se Evans traz ao seu
vilão a necessária mistura de egocentrismo e canastrice que tão bem combinam
com o personagem, cabe a Josh Gad uma certa revolução em cena, já que seu LeFou
traz um delicioso - e corajoso - subtexto envolvendo o desejo reprimido por
Gaston. Nada explícito (em atos), mas coerente sobre o relacionamento de ambos
e contundente em relação à representatividade, algo que a Disney vem
trabalhando já há alguns anos, em filmes como “Zootopia”, “Moana”, “Star Wars – O Despertar da Força” e “Rogue
One”. Ponto para a casa do Mickey, pela ousadia e também pela implementação
tão divertida de tal proposta. Com uma
mensagem tocante, uma heroína forte, uma história de amor, objetos inanimados
que dançam e cantam, e alguns bons números musicais, "A Bela e a
Fera" encanta novamente.
Esta versão live-action, com uma excelência de
animação, garante ao espectador uma bem-vinda dose de magia e encantamento. Em parte
impulsionada pelas lindas canções da animação, pelo apuro na elaboração da
ambientação e também pelas novidades presentes nesta versão, trazendo frescor a
uma história tão conhecida. Destaque também para o elenco de apoio formado
pelos objetos mágicos, extremamente carismáticos, pelo belo design encontrado
para o guarda-roupa e para a inserção da divertida cena do sapateado na canção
dedicada a Gaston, criada para a versão para
a Broadway. O filme inteiro é iluminado de maneira
fascinante com um brilho dourado e magnífico, e se desenvolve, em seu trilhos,
com um ótimo ritmo. A Bela não é mais apenas uma prisioneira sentimental, mas
uma aventureira feminista. Fábula tradicional sobre a relação à aparência e aos
preconceitos, o filme se enriquece com uma defesa inédita do direito à
diferença. "A Bela e a Fera"
traz ainda algumas surpresas em seu enredo que garantem sempre a atenção mesmo
de quem já tem a animação original decorada de cor e salteado na memória. Pode
não ser um filme muito corajoso ou radical, mas tem o mérito de manter a mágica
ainda muito viva. Vale o ingresso.
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