KONG: A ILHA DA
CAVEIRA (Kong: Skull Island) EUA, 2017 – Direção Jordan Vogt-Roberts – elenco:
Tom Hiddleston, Samuel L. Jackson, Brie Larson, John C. Reilly, John Goodman,
Thomas Mann, Toby Kebbell, Corey Hawkins - 118 minutos
VIDA LONGA AO REI
Renovando a temporada de “filmes de monstros”,
"Kong: A Ilha da Caveira" recicla o bom e velho King Kong,
apresentando-o no maior tamanho até agora visto na tela (100 metros) e
adaptando sua natureza para novos tempos. Um filme
alucinante, bastante elegante, com referências a clássicos dos anos 1980 e 1990,
e com um acabamento primoroso na fotografia, montagem, direção de arte, efeitos
visuais. O diretor apresenta
uma versão light de Zack Snyder. Mistura e estetiza games, quadrinhos e temas
orientais com a cinefilia obrigatória pós-Nova Hollywood, de Steven Spielberg a
Francis Ford Coppola. O
filme não é ruim, mas também não é bom. Se a intenção então é se focar nos
elementos trash de cinema de monstro, ela é atingida com maestria, seja nos
designs das criaturas, nos excelentes efeitos especiais, ou nas empolgantes e
grandiosas cenas de ação.
“Kong: A Ilha da Caveira" é vitaminado por
doses constantes e aceleradas de muita adrenalina, orquestradas com precisa
habilidade e um interesse tão gigante quanto o protagonista em reinventar a
roda, ao mesmo tempo em que segue reverenciando-a. Este retorno muito
divertido de um dos monstros mais icônicos do cinema se movimenta loucamente e
atinge um equilíbrio entre ação insana e comédia. Nos aspectos visuais, tudo é
um grande prazer. O filme ignora as armadilhas dos blockbusters de ação,
evitando a montagem rápida e câmera tremida, para usar um estilo mais elegante
de composições e ritmos. A grande surpresa não é o fato de "Kong: A
Ilha da Caveira" ser dez vezes melhor que "Jurassic World"; é um
espetáculo de história de origem sobre um monstro que é empolgante e
inteligente. Repleto de sequências de ação em câmera lenta, é uma
verdadeira homenagem à "Apocalypse Now" (1979).
Diverte com eficácia, reservando ainda espaço
para o humor, particularmente nas cenas com o simpático capitão Marlow, e
mexendo com o saudosismo ao brincar com a tecnologia da década de 1970. Visualmente
o filme é inspirado. Os efeitos em computação gráfica são muito bem feitos.
Mas, algumas vezes, perde força, abusa dos clichês, inclusive elementos batidos
da história de Kong como sua obsessão por mulheres loiras. Felizmente a
novidade da paisagem, a ação constante, as frequentes cenas de explosões e até
a metragem não exagerada tornam o filme um passatempo bem eficiente. Não chega
a ser indicado para crianças, mas foi dinheiro mais bem gasto do que muitos
outros. Os efeitos visuais impressionam, há eficiente ambiência de
terror e o surgimento de novas criaturas. Mas nem tudo é perfeito. Entre o
grande prólogo e o saboroso epílogo, o roteiro anda em círculos, deixando a
narrativa um pouco arrastada, mas mesmo assim vale o ingresso.
A
ETERNA LUTA FILOSÓFICA ENTRE O HOMEM E A NATUREZA