120
BATIMENTOS POR MINUTO (120 Battements Par Minute) França, 2017 – Direção Robin
Campillo – elenco: Nahuel Pérez Biscayart, Arnaud Valois, Adèle Haenel, Antoine
Reinartz, Ariel Borenstein, Félix Maritaud, Aloïse Sauvage, Simon Bourgade,
Médhi Touré, Simon Guélat, Catherine Vinatier, Théophile Ray, Saadia Bentaïeb,
Jean-François Auguste, Yves Heck – 140 minutos
UM FILME QUE REVISITA
DISCUSSÕES QUE HOJE VOLTAM A SEREM VISTAS COMO IMORAIS E PROVA COMO ALGUNS
SETORES ESTÃO REGREDINDO
Este é um grande filme militante, de luta - mas também de amor -,
sobre o começo da aids. O combate aos laboratórios, ao governo do socialista
François Mittérrand, que se recusava a encarar a extensão da crise da saúde. “120
Batimentos Por Minuto” se passa na França, início dos
anos 1990. O grupo ativista Act Up está intensificando seus
esforços para que a sociedade reconheça a importância da prevenção e do
tratamento em relação a AIDS, que mata cada vez mais há uma década.
Recém-chegado, Nathan (Arnaud Valois em uma interpretação devastadora) logo
fica impressionado com a dedicação de Sean (Nahuel Pérez Biscayart, brilhante
performance) junto ao grupo, e os dois iniciam um relacionamento
sorodiscordante, apesar do estado de saúde delicado de Sean.
Esse filme muito elogiado chegou ao Brasil (lançado nos cinemas na
quinta-feira, dia 04) e provavelmente terá muito sucesso nas salas de arte. Não
pelo fato de ser um filme francês que conta a história de um relacionamento homoafetivo,
mas sim porque o filme traz a questão da militância LGBT que acontecia em Paris
há 28 anos e que volta a ser polêmica em um país no qual a onda conservadora
volta a tomar força. O diretor Robin Campillo segue no caminho
para se tornar um dos mais importantes realizadores LGBT da atualidade com esse
filme delicado. É importante perceber, no entanto, que assim como Gus van Sant ou Xavier Dolan, seu cinema
está além da orientação sexual daqueles presentes em seus enredos, impondo-se
com uma temática pertinente e relevante, que não pode ser ignorada,
independente de quem se situa no lado de cá da tela grande.
Neste mais recente longa,
o diretor não perde tempo com distrações ou amenidades, construindo uma bela e
emocionante relação amorosa, ao mesmo tempo em que ela está inserida numa
passagem crítica da história recente da nossa sociedade. A justaposição de uma
trama em meio a outra coloca em evidência não apenas as ligações inegáveis que
existem entre ambas, mas também a urgência de se olhar para uma sem esquecer da
outra. Somos somas de nossos gestos, e tanto Campillo quanto seus personagens
sabem muito bem disso. Premiado no Festival de Cannes
com o Grande Prêmio do Júri – chegou a levar o presidente do corpo de jurados
de 2017, Pedro Almodóvar, às lágrimas – e com o troféu da crítica, além da
Queer Palm como melhor filme de temática LGBT. A direção de Robin Campillo se destaca
principalmente nos momentos em que se foge da narrativa e vemos os
protagonistas dançando ou durante algum protesto, somos levados para um momento
utópico, com todos felizes, se misturando às luzes que piscam, destacando a
envolvente trilha sonora do longa e deixando claro que, apesar das diferenças,
a luta é uma só. Essa união também é trabalhada nas cenas mais íntimas, com
destaque para uma cena de sexo em que o casal conta como teve o primeiro
contato com o HIV, vemos parte da história acontecendo, mas em momento algum
saímos do cenário escuro em que os personagens se encontram. Um dos filmes mais
importantes do ano!! Obrigatório e Emblemático!!
O PRIMEIRO GRANDE FILME DO ANO!! DEVASTADOR E MAGNÍFICO!!
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