CORAÇÕES
DE PEDRA (Heartstone / Hjartasteinn) Islândia / Dinamarca, 2016 – Direção
Gudmundur Arnar Gudmundsson – elenco: Baldur Einarsson, Blaer Hinriksson, Diljá
Valsdóttir, Jónína Thórdis Karlsdóttir, Rán Ragnarsdóttir, Nína Dögg
Filippusdóttir, Sveinn Ólafur Gunnarsson, Nanna Kristín Magnúsdóttir, Soren
Malling, Gunnar Jónsson, Daniel Hans Erlendsson, Theodór Pálsson – 129 minutos
SENTIMENTOS
EXPLODINDO, MAS ENCONTRAM BARREIRA NA INSEGURANÇA E INEXPERIÊNCIA DE QUEM NEM
CHEGOU AOS 14 ANOS AINDA.
Em uma remota vila de
pescadores na Islândia, os adolescentes Thor e Christian têm um verão
turbulento. Enquanto um tenta ganhar o coração de uma garota, o outro descobre
novos sentimentos pelo melhor amigo. Quando a estação termina e a natureza
hostil da Islândia reassume seu lugar, chega o momento deles enfrentarem a vida
adulta.
Teoricamente este belo filme
é sobre a descoberta da sexualidade no início da adolescência. Dois meninos e
duas meninas estão com os hormônios começando a aflorar, o que os leva a uma
jornada de experimentações afetivas e carnais. Mas essa produção tocante da
Islândia é muito mais do que isso. É uma produção sobre espaços. Mais ainda, a
respeito de como o ambiente pode influenciar as tomadas de decisões ao longo da
vida, especialmente quando tudo ainda é muito inédito. Thor
(Baldur Einarsson) e Christian (Blaer Hinriksson) aproveitam o fim da infância
no pequeno vilarejo de pesca onde moram. Entre pescas, corridas e destruições
de objetos e veículos, nas paisagens belas e desérticas, um deles tenta a todo
custo conquistar o coração de uma das garotas, que se encontram no mesmo
estágio da vida. Só que, em meio à transição do calor para o frio, Christian
começa a questionar seus sentimentos e atração pelo melhor amigo. É claro que
esse turbilhão causa uma montanha-russa de emoções numa fase em que tudo começa
a ser intenso.
O coração de pedra do
título original encontra sua metáfora no peixe-pedra, que tem um coração
realmente duro, assim como sua aparência fora do padrão. Afinal, como não ser
aquilo ao qual estamos determinados desde o nascimento? Como ser fluido, seja
social ou sexualmente, se o mundo lá fora estabelece o que devemos ser, no que
acreditar, no que se espelhar? O diferente causa medo, repulsa. É feio, não
deve ser integrado. É o pai homofóbico de Christian, que não sabe lidar com a
suposta sexualidade do filho. É a mãe de Thor, tachada de piranha e puta,
porque tem uma vida sexual ativa com diversos parceiros. Ela é separada, qual o
problema nisso? Naquele vilarejo, tudo que sai do normal causa uma resposta
violenta. E não é assim em todo o mundo?
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