CHURCHILL
(Churchill) Inglaterra, 2017 – Direção Jonathan Teplitzky – elenco: Brian Cox,
Miranda Richardson, John Slattery, Julian Wadham, Richard Durden, Ella Purnell,
James Purefoy, Peter Ormond, Danny Webb, Jonathan Aris, George Anton, Steven
Cree, Angela Costello, Kevin Findlay, Miro Teplitzky, Penny Sharp, Jacob Topen,
Ronan Corkey – 105 minutos
PEQUENAS
ATITUDES FAZEM ENORMES DIFERENÇAS (Winston Churchill)
O filme nos situa nos dias que precederam o
importante Dia D, que marcou o início da libertação da França ocupada pelos
nazistas. Winston Churchill (Brian Cox), à época primeiro-ministro britânico,
demonstra ser contra o plano vigente da invasão à Normandia, indo de encontro
com o general Eisenhower (John Slattery) e o próprio general Montgomery (Julian Wadham). O que
vemos, a partir daí, são sucessivas tentativas do ministro em acabar ou alterar
o plano, com questionamentos sobre sua sanidade sendo levantadas por aqueles ao
seu redor.
O diretor australiano Jonathan Teplitzky, o
responsável pelo longa sobre o líder conservador, demonstra que não é todo mal-intencionado:
com o auxílio de David Higgs, o diretor de fotografia, pincela sutis quadros
enternecedores, com tons frios e fecundamente iluminados, colocando uma dose de
idealismo por detrás das imagens que não soam exageradas, desmedidas. Ele
instala com simplicidade e discrição retratos heroicos e de exaltação a partir
da fotografia, além de dar um ritmo suave e brando ao longa que reproduz bem a
angústia de um senhor exausto prestes a realizar sua operação militar mais
importante ao mesmo tempo que remete a toda sua pompa sublime. E por esta
estratégia de retratos heroicos e de exaltação das figuras grandiosas que
protagonizam o filme, fica aqui clara a carga ideologico que tem Churchill:
reverencia figuras que representam líderes conservadores, representantes-mor da
ordem das burocracias vigentes de poder e da organização social – além de
representarem ideais patrióticos. Os generais dos EUA Eisenhower (John
Slattery), Montgomery (Julian Wadham), e o rei George VI (James Purefoy) são
tão grandiosamente homenageados no longa como é o próprio primeiro-ministro.
Mas o filme, além do convincente romantismo do
seu estilo visual, tem o ponto forte que são as suas atuações. O protagonista,
Brian Cox, vai muito bem, cria um personagem carismático, espontâneo,
cativante. O elenco coadjuavnte se soma a Cox neste mérito, em especial Miranda
Richardson com sua forte personagem Clementine Churcill, a esposa do primeiro
ministro. O seu papel ativo, crítico e interferente politicamente a torna uma
figura que, para o filme, teve um comprometimento com as decisões de ordem
política para a Grã-Bretanha que desmente completamente o ideal machista de
mulher retida aos deveres domésticos. É notório, no filme, que há esta barreira
entre mulheres e homens que cerceia as ações políticas de Clementine, mas mesmo
assim esta não se intimida e acaba por ter um papel decisivo para os britânicos
na vitória aliada da II Guerra. A personagem de Clementine é certamente um
reflexo na indústria do cinema das lutas contra o machismo, por mais que ainda
possa não ser o ideal necessário.
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