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sexta-feira, 27 de outubro de 2017

OKJA (Okja) Coreia do Sul / EUA, 2017 – Direção Joon-ho Bong – elenco: Tilda Swinton, Jake Gyllenhaall, Paul Dano, Sheena Kamal, Michael Mitton, Colm Hill, Kathryn Kirkpatrick, Jose Carias, Giancarlo Esposito, Seo-Hyun Ahn, Hee-Bong Byun – 120 minutos

                            O CINEMA FAZENDO O ESPECTADOR  PENSAR

Com um discurso constante de defesa à natureza, OKJA paulatinamente caminha rumo a temas importantes sem jamais deixar de lado o entretenimento. Tanto que, especialmente no primeiro terço, o filme investe bastante em cenas de ação e até mesmo em um humor infantilizado, incluindo questionáveis situações escatológicas. Tudo para de imediato capturar a atenção do espectador de forma que, mais a frente, possa desvendar toda a batalha midiática até então oculta. O filme, que nunca para de se movimentar, é denso e repleto de informação e sentimentos. Pedaços de sátira pipocam e logo são varridos por ondas de fortes emoções.


Diante de tamanha excelência de roteiro e execução, deve-se também destacar a qualidade do elenco. Se a jovem Seo-Hyun Ahn desponta pelo carisma e Tilda Swinton reprisa sua excelência habitual na criação de versões exóticas, Jake Gyllenhaal e Paul Dano entregam personagens absolutamente deliciosos, seja pelo linguajar corporal ou pelo idealismo exacerbado. Quem também chama a atenção é Giancarlo Esposito, não propriamente pela atuação mas pela escalação de forma que o público imediatamente remeta seu personagem a Gus Fring, o icônico vilão da série Breaking Bad, também por ele interpretado. Uma escolha inteligente de casting, por estender o papel além do que o próprio roteiro lhe oferece.


Este é um filme de entretenimento incrivelmente bem realizado, um filme do tipo mais satisfatório, reconfortante e restaurador que há: com um coração tão grande, o filme até pode trazer bastante reflexão, mas o espectador pode simplesmente querer se aconchegar e aproveitar a jornada. Ninguém, mas ninguém mesmo, faz filmes como Bong Joon-ho, um mestre sul coreano que combina conceitos barrocos, visuais épicos, elencos internacionais e um senso de humor que pode fazer rir no meio das tramas mais obscuras. O filme aproveita para condenar a ganância desmedida e a natureza sociopata das grandes corporações, que, jamais satisfeitas com seus lucros descomunais, quebram leis e ignoram quaisquer princípios éticos em troca de uns centavos adicionais. O que torna "Okja" interessante dentro da cinematografia do coreano é que, mesmo em busca desse discurso universalizante, Bong não lima as arestas que fazem seu cinema tão particular, principalmente em relação à variação de tons e gêneros. É uma fábula muito bem construída no que tange à oposição entre a avareza do capital e a necessidade de preservar a vida.


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