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quinta-feira, 3 de agosto de 2017

TEMPESTADE DE AREIA (Sufat Chol / Sand Storm) Israel / Alemanha, 2016 – Direção Elite Zexer – elenco: Lamis Ammar, Ruba Blal, Hitham Omari, Khadija Al Akel, Jalal Masrwa, Shaden Kanboura, Omar El Nasasreh – 87 minutos

           UM FILME SOBRE O CONFRONTO ENTRE VONTADES INDIVIDUAIS E REGRAS TRIBAIS


Aclamado como o grande filme estrangeiro no Festival de Sundance 2016, “Tempestade de Areia” é um interessante mosaico etnográfico sobre culturas rígidas no sul de uma Israel beduína menos cosmopolita ou menos evoluída do que a imagem que se tem para o resto do mundo. Toda família já deve ter atravessado algum momento em que a moral aplicada à sociedade não vale para as regras domésticas: são aqueles casos nos quais tal atitude pode ser tolerada no bairro, “mas não com a minha filha”, e tal prática sexual é desejada, “mas jamais com a minha esposa”. E esse filme israelense sobre uma comunidade árabe, trata deste tipo de flexibilidade hipócrita das regras morais. Ele leva-nos a uma tribo de beduínos muçulmanos no sul de Israel para contar a história de Jalila, que prepara o casamento do marido com uma segunda mulher muito mais nova que ela, enquanto descobre o envolvimento da filha mais velha, Layla, com um colega de Universidade, uma relação que a família não aceitaria. “Tempestade de Areia” foi selecionado para representar Israel na competição pelo Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2017. A diretora Elite Zexer levou vários anos a concluir a premissa da obra, empenhada em transmitir com fidelidade uma cultura diferente da sua. 


As personagens do filme não se dividem em maus e bons. É um filme sobre as mulheres e as condições em que vivem, em particular numa comunidade de tradições patriarcais, como a beduína. Segundo a diretora, “a história mostra-nos uma fase decisiva da passagem de Layla (a personagem principal) à maturidade. Depois de ter crescido como uma menina que é muito próxima do pai, Layla descobre que afinal o pai não vai poder ajudá-la em tudo, que o pai está confrontado a limitações, que se não for ela a lutar pelo que quer não vai aparecer um pai milagroso para resolver os problemas”. As imagens do filme justificam o título “Tempestade de Areia” não apenas como metáfora para a puberdade e a rebeldia dos jovens contra as gerações anteriores em um típico rito de passagem, mas também significa que o imenso deserto bege e opressor, cuja areia cobre tudo e todos, e entra em todas as frestas, são a mesma coisa que o fardo cultural imposto ali. É uma obra de profunda reflexão e análise interior levando o espectador a um mergulho no âmago dos seus próprios questionamentos. Quando a subversão das regras aparece como única possibilidade de felicidade, toda decisão se transforma num dilema moral.

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