A
VIGILANTE DO AMANHÃ (Ghost in the Shell) EUA, 2017 – Direção Rupert Sanders –
elenco: Scarlett Johansson, Pilou Asbaek, Takeshi Kitano, Juliette Binoche,
Michael Pitt, Chin Han, Danusia Samal, Lasarus Ratuere, Yutaka Izumihara,
Tawanda Manyimo, Peter Ferdinando, Anamaria Marinca, Daniel Henshall, Mana Hira
Davis, Erroll Andersson, Kaori Yamamoto, Andrew Morris, Chris Obi, Bowie Chan
Wing Wai – 107 minutos
O
FILME É UM ÉDIPO REI NUMA TEBAS CIBERNÉTICA
Honrando espetacularmente o
espírito e a estética das adaptações animadas de Mamoru Oshii sem cair em uma
repetição vazia, “A Vigilante do Amanhã” é um entretenimento inteligente.
Apesar de algumas falhas e desapontamentos, o simples fato dessa adaptação
existir já é uma prova de coragem da Paramount, que arriscou e conseguiu
entregar um bom filme, que funciona melhor quando não comparado com a obra
original. O filme é um Édipo Rei numa Tebas cibernética, de direção de arte
exuberante. Major Scarlett é o Édipo. A Édipo. A esfinge foi derrotada antes de
ela ser criada: a esfinge é a tecnologia que amplia os dotes físicos de
mulheres e homens. Uma ficção científica vibrante, visualmente arrebatadora,
permeada por questões metafísicas e estrelada por uma irresistível diva
hollywoodiana. Scarlett Johansson reina como a Major. O grande mérito, sem dúvida,
é o resultado visual da obra que parece ter sido tirado de um mangá pelo fiel
esmero da equipe de direção de arte e efeitos visuais e logicamente também de
figurinos.
"A Vigilante do
Amanhã" não subestima a audiência, deixando alguns temas para interpretação
após a exibição - assim como o anime de 1995. A procura pela identidade, a
questão de gênero e o lugar de um ser como Major naquele mundo são discussões
que o filme não responde, apenas apresenta. Há que se destacar a primorosa direção
de arte, que é um mérito de um diretor praticamente desconhecido, o britânico
Rupert Sanders. Nas imagens e nos sons, é um filme que utiliza de elementos de
um passado próximo para constituir seu futuro, algo longe de ser inédito, mas
muito interessante. Coincidência ou não, Scarlett Johansson interpretou nos
últimos tempos vários personagens cuja identidade e essência humanas estão em
questão. Agora, neste filme futurista, a bela atriz americana encarna uma mulher
da qual só restou o cérebro. Visualmente deslumbrante e com paixão, o filme
impressiona em muitas cenas, com sequências de ação incríveis, e merece uma
conferida.
Passado
em 2029, o filme acompanha Major, uma mulher que após um acidente tem seu
cérebro transportado para um corpo cibernético. Ela tem sentimentos humanos,
mas um corpo de máquina. Enquanto busca se prender à sua humanidade, Major vê
todas as pessoas à sua volta procurando ser mais robóticos, digamos assim. Ou
seja, é possível ver um homem com saúde optando por um fígado aperfeiçoado
apenas para poder beber mais. Major
comanda um esquadrão de elite especializado em crimes cibernéticos. E terá o
trabalho dificultado com o surgimento de Kuze (Michael Pitt), sujeito misterioso
que parece disposto a acabar com a companhia tecnológica que criou Major e que
auxilia sua equipe em missões. Ícone do cinema oriental, Takeshi Kitano rouba a cena
sempre que aparece como o imponente Daisuke Aramaki, enquanto que a
veterana Juliette Binoche surge na
pele da Dra. Ouelet. Causou polêmica desde o início de sua produção por causa
da escolha de Scarlett Johansson para viver a protagonista. Enquanto que
uns atacam a opção com o selo de "whitewashing" (que é colocar um
ator branco para viver um personagem não-branco originalmente), outros defendem
que Major é uma robô e poderia ter qualquer cara. Contando com bons efeitos
visuais, com boas sequências de ação e visualmente, conta com sequências
inteiras remetendo ao japonês vale a pena conferir.
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