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sábado, 5 de agosto de 2017

A VIGILANTE DO AMANHÃ (Ghost in the Shell) EUA, 2017 – Direção Rupert Sanders – elenco: Scarlett Johansson, Pilou Asbaek, Takeshi Kitano, Juliette Binoche, Michael Pitt, Chin Han, Danusia Samal, Lasarus Ratuere, Yutaka Izumihara, Tawanda Manyimo, Peter Ferdinando, Anamaria Marinca, Daniel Henshall, Mana Hira Davis, Erroll Andersson, Kaori Yamamoto, Andrew Morris, Chris Obi, Bowie Chan Wing Wai – 107 minutos
 
                      O FILME É UM ÉDIPO REI NUMA TEBAS CIBERNÉTICA 


Honrando espetacularmente o espírito e a estética das adaptações animadas de Mamoru Oshii sem cair em uma repetição vazia, “A Vigilante do Amanhã” é um entretenimento inteligente. Apesar de algumas falhas e desapontamentos, o simples fato dessa adaptação existir já é uma prova de coragem da Paramount, que arriscou e conseguiu entregar um bom filme, que funciona melhor quando não comparado com a obra original. O filme é um Édipo Rei numa Tebas cibernética, de direção de arte exuberante. Major Scarlett é o Édipo. A Édipo. A esfinge foi derrotada antes de ela ser criada: a esfinge é a tecnologia que amplia os dotes físicos de mulheres e homens. Uma ficção científica vibrante, visualmente arrebatadora, permeada por questões metafísicas e estrelada por uma irresistível diva hollywoodiana. Scarlett Johansson reina como a Major. O grande mérito, sem dúvida, é o resultado visual da obra que parece ter sido tirado de um mangá pelo fiel esmero da equipe de direção de arte e efeitos visuais e logicamente também de figurinos.


"A Vigilante do Amanhã" não subestima a audiência, deixando alguns temas para interpretação após a exibição - assim como o anime de 1995. A procura pela identidade, a questão de gênero e o lugar de um ser como Major naquele mundo são discussões que o filme não responde, apenas apresenta. Há que se destacar a primorosa direção de arte, que é um mérito de um diretor praticamente desconhecido, o britânico Rupert Sanders. Nas imagens e nos sons, é um filme que utiliza de elementos de um passado próximo para constituir seu futuro, algo longe de ser inédito, mas muito interessante. Coincidência ou não, Scarlett Johansson interpretou nos últimos tempos vários personagens cuja identidade e essência humanas estão em questão. Agora, neste filme futurista, a bela atriz americana encarna uma mulher da qual só restou o cérebro. Visualmente deslumbrante e com paixão, o filme impressiona em muitas cenas, com sequências de ação incríveis, e merece uma conferida. 


Passado em 2029, o filme acompanha Major, uma mulher que após um acidente tem seu cérebro transportado para um corpo cibernético. Ela tem sentimentos humanos, mas um corpo de máquina. Enquanto busca se prender à sua humanidade, Major vê todas as pessoas à sua volta procurando ser mais robóticos, digamos assim. Ou seja, é possível ver um homem com saúde optando por um fígado aperfeiçoado apenas para poder beber mais. Major comanda um esquadrão de elite especializado em crimes cibernéticos. E terá o trabalho dificultado com o surgimento de Kuze (Michael Pitt), sujeito misterioso que parece disposto a acabar com a companhia tecnológica que criou Major e que auxilia sua equipe em missões. Ícone do cinema oriental, Takeshi Kitano rouba a cena sempre que aparece como o imponente Daisuke Aramaki, enquanto que a veterana Juliette Binoche surge na pele da Dra. Ouelet. Causou polêmica desde o início de sua produção por causa da escolha de Scarlett Johansson para viver a protagonista. Enquanto que uns atacam a opção com o selo de "whitewashing" (que é colocar um ator branco para viver um personagem não-branco originalmente), outros defendem que Major é uma robô e poderia ter qualquer cara. Contando com bons efeitos visuais, com boas sequências de ação e visualmente, conta com sequências inteiras remetendo ao japonês vale a pena conferir.



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