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domingo, 27 de agosto de 2017

NISE: O CORAÇÃO DA LOUCURA – Brasil, 2015 – Direção Roberto Berliner – elenco: Glória Pires, Julio Adrião, Flávio Bauraqui, Fabrício Boliveira, Fernando Eiras, Luciana Fregolente, Charles Fricks, Georgiana Góes, Claudio Jaborandy, Simone Mazzer, Zécarlos Machado, Bernardo Marinho, Augusto Madeira, Felipe Rocha, Roberta Rodrigues, Roney Villela – 106 minutos  

               ELA ESTAVA À FRENTE DO SEU TEMPO E ENFRENTOU A TODOS

Uma interpretação assombrosa de Gloria Pires - indiscutivelmente a melhor atriz do cinema brasileiro - ganha força e emoção, com interessantes intervenções musicais e muito ajudado por um excelente elenco de apoio. Com certeza, um dos melhores filmes brasileiros do ano. A dignidade humana não é fácil de ser representada, pois há sempre os riscos da condescendência e da chantagem emocional. Felizmente, estes riscos foram ultrapassados. Visivelmente seduzido pela obra de Nise, o diretor faz um belo retrato emotivo cuja visão poética sobre a loucura agrada em cheio quem procura um cinema de emoção. Com a confiança de ter uma atriz de rigor a seu lado, capaz de livrar o retrato de Nise de qualquer endeusamento prévio, Roberto Berliner faz sua épica produção sobre a guerra entre médicos com o olhar atento às consequências deste conflito para a população de internados do hospital.

"Nise - O Coração da Loucura" é uma história que poderia ser facilmente contada - mas não tão facilmente sentida. O diretor contrai tudo aquilo que forma sua protagonista e nos dosa pouco a pouco sem render-se, em nenhum momento, a um registro egocêntrico. Ele presta um serviço relevante ao trazer à tona a revolução realizada por Nise, que enfrentou preconceito como mulher num meio dominado por homens. Uma eficiente cinebiografia que serve tanto para oferecer luz a um nome nacional de destaque (porém um tanto esquecido) como também como exemplo da competência dos nossos realizadores em abordar um universo específico e torná-lo universal. Glória Pires encontra em Nise uma personagem à sua altura. Numa interpretação extraordinária, a atriz constrói uma pessoa engajada com seus pacientes e entusiasmada com os métodos que ela mesma está descobrindo. De fundo, as questões políticas da época. Tudo de forma admirável. Um filme genuinamente obrigatório!!


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