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terça-feira, 8 de agosto de 2017

DUNKIRK (Dunkirk) Inglaterra / EUA / França / Holanda, 2017 – Direção Christopher Nolan – elenco:  Fionn Whitehead, Tom Hardy, Mark Rylance, Harry Styles, Kenneth Branagh, Damien Bonnard, Aneurin Barnard, Jack Lowden, Lee Armstrong, Barry Keoghan, James Bloor, James D’Arcy, Tom Glynn-Carney, Tom Nolan, Michael Fox, Cillian Murphy,  Johnny Gibbon, Luke Thompson, Michel Biel, Constantin Balsan, Billy Howle, Mikey Collins, Dean Ridge, Bobby Lockwood, Will Attenborough, Adam Long, Matthew Marsh, Miranda Nolan, Bradley Hall, Brett Lorenzini, Jack Cutmore-Scott, Brian Vernel, Elliott Tittensor, Kevin Guthrie, Richard Sanderson, Charley Palmer Rothwell,  John Nolan, Bill Milner, Paul Riley Fox (não creditado), Michael Caine (voz da Rádio – não creditado), Jack Gover (não creditado), Christian Janner (não creditado), Davey Jones (não creditado), Jan-Michael Rosner (não creditado), Michiel van Ieperen – 106 minutos

              É O MAIS EXATO DE TODOS OS GRANDES FILMES DE GUERRA!!


“Dunkirk” é excelente e notável, entre outras coisas, em sua proposta visual. O diretor tem plena consciência dos ângulos, lentes e movimentos de câmera adequados para provocar a máxima experiência de tensão. O cenário da guerra é captado de maneira ao mesmo tempo grandiosa, pela amplitude das praias, mares e céus, e também intimista, por se focar em dramas humanos pontuais, silenciosos, envolvendo a vida de anônimos. As cenas de Tommy (Fionn Whitehead) correndo com uma maca pela praia, agarrando um barco em movimento ou se escondendo entre as vigas de um píer são muitíssimo bem filmadas e montadas. O projeto também impressiona pela ousadia narrativa e comercial. O diretor cria uma história dividida em três vertentes, cada uma com um protagonista: o garoto Tommy tentando fugir da praia, o patriota Dawson (Mark Rylance) indo voluntariamente à batalha, e o piloto Farrier (Tom Hardy) tentando destruir aviões inimigos. A trama demora em conectá-los, e não revela imediatamente a ambiciosa relação de temporalidade entre os três segmentos. O resultado é um projeto sem protagonismo definido, com poucos atores famosos, em trajetória não linear, e que não perde tempo explicando particularidades da guerra.

Um dos grandes trunfos de “Dunkirk” está em seu diretor e roteirista não permitir que o espectador fique relaxado a qualquer momento, colocando-os lado-a-lado com os soldados aflitos pela possibilidade de jamais serem resgatados. Enquanto um raio de esperança brilha para aqueles que esperam a evacuação, outra fonte de tensão é inserida no arco narrativo do piloto, por exemplo, criando, dessa forma, inúmeras quebras de expectativas que faz a plateia sentir tão desolada quanto aqueles homens na praia, à mercê da sorte de não serem atingidos pelos constantes bombardeios de aviões alemães. O filme é efetivamente um dos maiores do gênero já rodados, cuja escala grandiosa do episódio histórico que emoldura a trama não asfixia as tragédias individuais de seus personagens. Ao contrário: o espetacular e o íntimo combinam-se na tela com harmonia e eloquência raras. As atuações são sólidas e poderosas, com atenção aos detalhes e qualidade técnica inegável. Está sendo aclamado como um dos melhores filmes do diretor e do ano, graças à forma como retrata o heroísmo, mostrado com pequenos atos aparentemente comuns. Como um todo, "Dunkirk" gera comparações com as obras de Stanley Kubrick e Steven Spielberg, apesar de não possuir uma visão tão clara e consciente da terrível aleatoriedade da guerra como "O Resgate do Soldado Ryan". Há uma excelência na parte técnica, nos excelentes e precisos efeitos visuais, na lindíssima fotografia, na arrebatadora direção de arte e nos figurinos impecáveis. Com certeza, este espetáculo ganha por ser diferente. Por ser um filme de guerra único. Por ser muito mais uma experiência do que uma história propriamente.

Christopher Nolan cria para o espectador a sensação de estar dentro dos acontecimentos, como se fosse um dos soldados acuados na praia, um dos pilotos dos caças, um dos passageiros dos barcos de salvamento. Ele coloca o espectador o mais perto possível da ação, para sentir a necessidade de sobrevivência. De certo modo, é um olhar frio e distante sobre uma operação militar, mas a urgência das cenas humaniza os personagens, mesmo que a gente não saiba o nome deles. O “espírito de Dunquerque” passou a significar a resistência a qualquer custo e os elos de aço de uma comunidade solidária. No individualismo acirrado de nossos dias, esses valores são virtualmente impensáveis. A crítica internacional colocou o cineasta no mesmo patamar de grandes mestres da Sétima Arte, como Stanley Kubrick, Martin Scorsese, Terrence Malick, Spike Lee, Steven Spielberg etc. E essa empolgação toda porque é o filme em que mais se nota o amadurecimento de Christopher Nolan. Impressionante e visceral em termos de impacto físico, o filme tem sequências marcantes que se aproximam dos laureados "O Resgate do Soldado Ryan" (1998), de Steven Spielberg e "Além da Linha Vermelha" (1998) de Terrence Malick. A beleza de “Dunkirk”, não está em contemplar o épico e sim a fragilidade humana, seja física ou emocional, fragilidade essa que já deveria ser o suficiente para evitar qualquer um desses conflitos.


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