DUNKIRK (Dunkirk) Inglaterra / EUA / França /
Holanda, 2017 – Direção Christopher Nolan – elenco: Fionn Whitehead, Tom Hardy, Mark Rylance,
Harry Styles, Kenneth Branagh, Damien Bonnard, Aneurin Barnard, Jack Lowden,
Lee Armstrong, Barry Keoghan, James Bloor, James D’Arcy, Tom Glynn-Carney, Tom
Nolan, Michael Fox, Cillian Murphy,
Johnny Gibbon, Luke Thompson, Michel Biel, Constantin Balsan, Billy
Howle, Mikey Collins, Dean Ridge, Bobby Lockwood, Will Attenborough, Adam Long,
Matthew Marsh, Miranda Nolan, Bradley Hall, Brett Lorenzini, Jack
Cutmore-Scott, Brian Vernel, Elliott Tittensor, Kevin Guthrie, Richard
Sanderson, Charley Palmer Rothwell, John
Nolan, Bill Milner, Paul Riley Fox (não creditado), Michael Caine (voz da Rádio
– não creditado), Jack Gover (não creditado), Christian Janner (não creditado),
Davey Jones (não creditado), Jan-Michael Rosner (não creditado), Michiel van
Ieperen – 106 minutos
É O MAIS EXATO DE TODOS OS GRANDES FILMES DE
GUERRA!!
“Dunkirk” é excelente e
notável, entre outras coisas, em sua proposta visual. O diretor tem plena
consciência dos ângulos, lentes e movimentos de câmera adequados para provocar
a máxima experiência de tensão. O cenário da guerra é captado de maneira ao
mesmo tempo grandiosa, pela amplitude das praias, mares e céus, e também
intimista, por se focar em dramas humanos pontuais, silenciosos, envolvendo a
vida de anônimos. As cenas de Tommy (Fionn Whitehead) correndo com uma maca pela praia, agarrando um barco em movimento ou
se escondendo entre as vigas de um píer são muitíssimo bem filmadas e montadas.
O projeto também impressiona pela ousadia narrativa e comercial. O diretor cria
uma história dividida em três vertentes, cada uma com um protagonista: o garoto
Tommy tentando fugir da praia, o patriota Dawson (Mark Rylance) indo voluntariamente à batalha, e o piloto Farrier (Tom Hardy) tentando destruir aviões inimigos. A
trama demora em conectá-los, e não revela imediatamente a ambiciosa relação de
temporalidade entre os três segmentos. O resultado é um projeto sem
protagonismo definido, com poucos atores famosos, em trajetória não linear, e
que não perde tempo explicando particularidades da guerra.
Um dos grandes
trunfos de “Dunkirk”
está em seu diretor e roteirista não permitir que o espectador fique relaxado a
qualquer momento, colocando-os lado-a-lado com os soldados aflitos pela
possibilidade de jamais serem resgatados. Enquanto um raio de esperança brilha
para aqueles que esperam a evacuação, outra fonte de tensão é inserida no arco
narrativo do piloto, por exemplo, criando, dessa forma, inúmeras quebras de
expectativas que faz a plateia sentir tão desolada quanto aqueles homens na
praia, à mercê da sorte de não serem atingidos pelos constantes bombardeios de
aviões alemães. O filme
é efetivamente um dos maiores do gênero já rodados, cuja escala grandiosa do
episódio histórico que emoldura a trama não asfixia as tragédias individuais de
seus personagens. Ao contrário: o espetacular e o íntimo combinam-se na tela com
harmonia e eloquência raras. As
atuações são sólidas e poderosas, com atenção aos detalhes e qualidade técnica
inegável. Está sendo aclamado como um dos melhores filmes do diretor e do ano,
graças à forma como retrata o heroísmo, mostrado com pequenos atos
aparentemente comuns. Como
um todo, "Dunkirk" gera comparações com as obras de Stanley Kubrick e
Steven Spielberg, apesar de não possuir uma visão tão clara e consciente da
terrível aleatoriedade da guerra como "O Resgate do Soldado Ryan". Há uma excelência na parte
técnica, nos excelentes e precisos efeitos visuais, na lindíssima fotografia, na
arrebatadora direção de arte e nos figurinos impecáveis. Com certeza, este espetáculo ganha por ser
diferente. Por ser um filme de guerra único. Por ser muito mais uma experiência
do que uma história propriamente.
Christopher Nolan
cria para o espectador a sensação de estar dentro dos acontecimentos, como se fosse
um dos soldados acuados na praia, um dos pilotos dos caças, um dos passageiros
dos barcos de salvamento. Ele coloca o espectador o mais perto possível da
ação, para sentir a necessidade de sobrevivência. De certo modo, é um olhar
frio e distante sobre uma operação militar, mas a urgência das cenas humaniza
os personagens, mesmo que a gente não saiba o nome deles. O “espírito de
Dunquerque” passou a significar a resistência a qualquer custo e os elos de aço
de uma comunidade solidária. No individualismo acirrado de nossos dias, esses
valores são virtualmente impensáveis. A crítica internacional colocou o
cineasta no mesmo patamar de grandes mestres da Sétima Arte, como Stanley
Kubrick, Martin Scorsese, Terrence Malick, Spike Lee, Steven Spielberg etc. E essa
empolgação toda porque é o filme em que mais se nota o amadurecimento de
Christopher Nolan. Impressionante e visceral em termos de impacto físico, o
filme tem sequências marcantes que se aproximam dos laureados "O Resgate
do Soldado Ryan" (1998), de Steven Spielberg e "Além da Linha
Vermelha" (1998) de Terrence Malick. A beleza de “Dunkirk”, não
está em contemplar o épico e sim a fragilidade humana, seja física ou
emocional, fragilidade essa que já deveria ser o suficiente para evitar
qualquer um desses conflitos.
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