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sábado, 31 de dezembro de 2016


A RAINHA MARGOT (La Reine Margot) França / Alemanha / Itália, 1994 – Direção Patrice Chéreau – elenco: Isabelle Adjani (Margot) , Vincent Perez (La Môle), Daniel Auteuil (Henrique de Navarra), Virna Lisi (Catarina de Médicis), Jean-Hughes Angladé (Rei Carlos IX), Jean-Claude Brialy (Coligny), Miguel Bosé (Guise), Pascal Greggory (Anjou / Henrique III da França), Dominique Blanc (Henriette de Nevers), Thomas Kreschtmann (Nançay), Claudio Amendola (Coconnas), Asia Argento (Charlotte de Sauve); Julien Rassman (Alençon), Jean-Philippe Écoffrey (Condé) – 154 minutos.

                  ELA ERA A ESPOSA DO REI E A AMANTE DO SOLDADO


Este grande filme, um verdadeiro clássico do cinema francês, baseado na obra imortal de Alexandre Dumas (de 1844), retrata um período histórico marcado pela violência praticada em nome da fé e do amor. Com seu enredo emocionante e sua galeria de personagens memoráveis, A RAINHA MARGOT, é um filme fantástico e um dos mais belos e poderosos dos anos 1990. Causou grande impacto, pelas cenas de violência e de sexo. Lançado em 1994, foi aclamado no Festival de Cannes, dando a Virna Lisi o prêmio de Melhor Atriz por sua performance assombrosa, uma presença maligna e ambiciosa, que rouba todas as cenas do filme. Foi aclamada internacionalmente entre as melhores atuações de toda a história do cinema. Premiado também como Melhor Filme pela imprensa especializada. Ganhou cinco César (o Oscar francês).


A história se passa em 1572, quando as guerras de religião dilaceravam a França. Por conveniência política, uma princesa católica de dezessete anos - bela e culta, considerada a mulher mais fascinante de seu tempo - é obrigada a se casar com o rei protestante de Navarra, um pequeno país ao sul. Ela é Margarida de Valois, ou Margot, simplesmente; ele, o jovem Henrique de Navarra. Ao promover esse casamento sem amor, Catarina de Médicis, mãe da noiva e de Carlos IX, rei da França, espera obter a paz entre católicos e protestantes. Ocorre, porém, o contrário do esperado. Sobrevêm episódios terríveis, como a noite de São Bartolomeu, um dos massacres religiosos mais conhecidos de toda a História. No centro do conflito está Margot, interpretada pela grande musa do cinema francês, Isabelle Adjani, num papel que parece ter sido criado só para ela. Indiscutivelmente, A RAINHA MARGOT é o melhor filme já realizado sobre a histórica “Noite de São Bartolomeu”. Absolutamente belo e deslumbrante, é um filme histórico brilhante, com imagens delirantes e o mais arrebatador do gênero. Não existe na história do cinema, nada mais extraordinário sobre esse episódio sangrento da história. 


O filme mostra os propósitos do casamento, as tentativas da família real francesa de manter o trono em domínio de um rei católico, os amores proibidos da rainha e a perseguição aos protestantes durante a cerimônia do casamento. Este drama histórico poderoso também fala da manipulação dos homens; as tentativas fracassadas de assassinato; palavra em falso do outro que é dito para iludir e enganar; a lealdade a uma promessa de amor; a quebra de uma promessa de honra em nome de salvar a própria vida; o inusitado nascimento de um amor que pode render e salvar, mas que também pode dar a vida pela do outro. Há uma dissecação impecável sobre a vida de um nobre, onde muitas vezes o poder pode ser uma sentença de morte.  Este épico assombroso repleto de suspense e beleza é interpretado por alguns dos melhores atores franceses de sua geração. Ao lado da impressionante caracterização de Virna Lisi e a estonteante atuação de Isabelle Adjani, temos ainda Vincent Perez, no auge da sua beleza, numa impecável composição como o amante da Rainha Margot; o excelente Jean-Hughes Angladé brilha como o fraco Rei Carlos IX; Daniel Auteuil, como Henrique de Navarra dá um show particular; Pascal Greggory, como Anjou / Henrique III da França, dispensa comentários, numa magnífica representação; Miguel Bosé, brilhante como Guise está notável. Fotografado com grande beleza e precisão delirante por Phillipe Rousselot - que amplia a escuridão dos palácios e das ruas de Paris para reiterar as trevas que circundam as personagens – e com uma reconstituição de época impressionante e impecável (com ênfase no figurino indicado ao Oscar de Moidele Bickel), o filme conquista justamente pelos motivos que incomodaram os críticos sem abdicar dos elementos próprios de sua cinematografia (nudez frontal masculina ainda era um tabu em Hollywood) e absorvendo o melhor do cinema norte-americano, ele é um filme que serve tanto como entretenimento quanto como história, ainda que disfarçada de romance. UM DOS MELHORES FILMES DA DÉCADA!!! UM DOS MAIS IMPORTANTES DO CINEMA!!




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