A RAINHA
MARGOT (La Reine Margot) França / Alemanha / Itália, 1994 – Direção
Patrice Chéreau – elenco: Isabelle Adjani (Margot) , Vincent Perez (La Môle), Daniel
Auteuil (Henrique de Navarra), Virna Lisi (Catarina de Médicis), Jean-Hughes
Angladé (Rei Carlos IX), Jean-Claude Brialy (Coligny), Miguel Bosé (Guise),
Pascal Greggory (Anjou / Henrique III da França), Dominique Blanc (Henriette de
Nevers), Thomas Kreschtmann (Nançay), Claudio Amendola (Coconnas), Asia Argento
(Charlotte de Sauve); Julien Rassman (Alençon), Jean-Philippe Écoffrey (Condé)
– 154 minutos.
ELA ERA A ESPOSA
DO REI E A AMANTE DO SOLDADO
Este grande filme, um verdadeiro clássico do
cinema francês, baseado na obra imortal de Alexandre Dumas (de 1844), retrata
um período histórico marcado pela violência praticada em nome da fé e do amor.
Com seu enredo emocionante e sua galeria de personagens memoráveis, A RAINHA MARGOT, é um filme fantástico e um
dos mais belos e poderosos dos anos 1990. Causou grande impacto, pelas cenas de
violência e de sexo. Lançado em 1994, foi aclamado no Festival de Cannes, dando
a Virna Lisi o prêmio de Melhor Atriz por sua performance assombrosa, uma
presença maligna e ambiciosa, que rouba todas as cenas do filme. Foi aclamada
internacionalmente entre as melhores atuações de toda a história do cinema.
Premiado também como Melhor Filme pela imprensa especializada. Ganhou cinco
César (o Oscar francês).
A história se passa em 1572, quando as guerras
de religião dilaceravam a França. Por conveniência política, uma princesa
católica de dezessete anos - bela e culta, considerada a mulher mais fascinante
de seu tempo - é obrigada a se casar com o rei protestante de Navarra, um
pequeno país ao sul. Ela é Margarida de Valois, ou Margot, simplesmente; ele, o
jovem Henrique de Navarra. Ao promover esse casamento sem amor, Catarina de
Médicis, mãe da noiva e de Carlos IX, rei da França, espera obter a paz entre
católicos e protestantes. Ocorre, porém, o contrário do esperado. Sobrevêm
episódios terríveis, como a noite de São Bartolomeu, um dos massacres religiosos
mais conhecidos de toda a História. No centro do conflito está Margot,
interpretada pela grande musa do cinema francês, Isabelle Adjani, num papel que
parece ter sido criado só para ela. Indiscutivelmente, A RAINHA MARGOT é o
melhor filme já realizado sobre a histórica “Noite de São Bartolomeu”. Absolutamente
belo e deslumbrante, é um filme histórico brilhante, com imagens delirantes e o
mais arrebatador do gênero. Não existe na história do cinema, nada mais
extraordinário sobre esse episódio sangrento da história.
O filme mostra os propósitos do casamento, as
tentativas da família real francesa de manter o trono em domínio de um rei
católico, os amores proibidos da rainha e a perseguição aos protestantes
durante a cerimônia do casamento. Este drama histórico poderoso também fala da
manipulação dos homens; as tentativas fracassadas de assassinato; palavra em
falso do outro que é dito para iludir e enganar; a lealdade a uma promessa de
amor; a quebra de uma promessa de honra em nome de salvar a própria vida; o
inusitado nascimento de um amor que pode render e salvar, mas que também pode
dar a vida pela do outro. Há uma dissecação impecável sobre a vida de um nobre,
onde muitas vezes o poder pode ser uma sentença de morte. Este épico assombroso repleto de suspense e
beleza é interpretado por alguns dos melhores atores franceses de sua geração.
Ao lado da impressionante caracterização de Virna Lisi e a estonteante atuação
de Isabelle Adjani, temos ainda Vincent Perez, no auge da sua beleza, numa
impecável composição como o amante da Rainha Margot; o excelente Jean-Hughes
Angladé brilha como o fraco Rei Carlos IX; Daniel Auteuil, como Henrique de
Navarra dá um show particular; Pascal Greggory, como Anjou / Henrique III da
França, dispensa comentários, numa magnífica representação; Miguel Bosé,
brilhante como Guise está notável. Fotografado com grande beleza e precisão
delirante por Phillipe Rousselot - que amplia a escuridão dos palácios e das
ruas de Paris para reiterar as trevas que circundam as personagens – e com uma
reconstituição de época impressionante e impecável (com ênfase no figurino
indicado ao Oscar de Moidele Bickel), o filme conquista justamente pelos
motivos que incomodaram os críticos sem abdicar dos elementos próprios de sua
cinematografia (nudez frontal masculina ainda era um tabu em Hollywood) e
absorvendo o melhor do cinema norte-americano, ele é um filme que serve tanto
como entretenimento quanto como história, ainda que disfarçada de romance. UM
DOS MELHORES FILMES DA DÉCADA!!! UM DOS MAIS IMPORTANTES DO CINEMA!!
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