NOSSO FIEL TRAIDOR (Our Kind of Traitor) Inglaterra /
França, 2016 – Direção Susanna White – elenco: Ewan McGregor, Stellan
Skarsgard, Damian Lewis, Naomie Harris, Carlos Acosta, Radivoje Bukvic,
Grigoriy Dobrigyn, Velibor Topic, Pawel Szajda, Marek Oravec, Dolya Gavanski,
Mariya Fomina, Alec Utgoff, Mihhail Sibul, Jana Perez, Tony Tennant – 108
minutos
UM SEGREDO MORTAL!!
UMA ESCOLHA
IMPOSSÍVEL!!
UM SUSPENSE ATRAENTE!!
Estreou nos cinemas de São Paulo
em 06 de outubro de 2016, este empolgante thriller de suspense, com uma notável
atuação de Ewan McGregor. Por mais de cinco décadas, o nome do escritor inglês
John Le Carré é considerado sinônimo de romances de espionagem. Parte desse
reconhecimento junto ao público se deve às inúmeras adaptações cinematográficas
de suas obras. NOSSO FIEL TRAIDOR é a mais recente transposição de um livro do
autor para o cinema, trazendo a história do professor universitário Perry (Ewan
McGregor) e de sua esposa, a advogada Gail (Naomie Harris), envolvidos por
acaso com o alto escalão da máfia russa e da espionagem britânica, mais precisamente
o personagem de Stellan Skarsgard (Dima). Eles ganham várias oportunidades de
saírem do caso perigoso, que não lhes diz respeito, mas continuam arriscando as
suas vidas por uma família de desconhecidos russos porque, como diz um
personagem, Perry é um homem bom, e Gail é uma mulher honesta. É isso que
pessoas boas fazem: elas salvam outras em perigo. Se este enredo não tem tanto
tempero quanto “O Espião Que Sabia Demais”, que rendeu um excepcional filme em
2011, também não faz feio no quesito entretenimento. O ritmo começa meio lento
na parte inicial, mas a adrenalina sobe muito a partir da sequência seguinte em
Paris, já colocando em funcionamento a negociação dos segredos de Dima, da qual
Perry e Gail terão que participar à sua revelia.
A essência da literatura de John
Le Carré permanece intacta, com o apreço pelas intrigas de bastidores, e a
tensão que estas emanam, em detrimento da ação grandiloquente. Estão lá as
conversas secretas em carros, becos e salas fechadas, bem como os inimigos
internos, os traidores etc. A diretora filma esses momentos com requinte
visual, mesmo que sem a elegância austera de um “O Espião Que Sabia Demais”
(2011). Alguns dos simbolismos do filme pecam pela literalidade – Perry e Gail
subindo escadas rolantes separadas ressaltando o distanciamento na relação –
mas, de modo geral, a direção do filme é correta. A cineasta também simplifica o acesso do
espectador às imagens. “O Espião Que Sabia Demais” (2011) e “O Homem Mais
Procurado” impressionavam pela frieza implacável de sua estética, pela elegância
no retrato da elite. Susanna White opta por um caminho radicalmente diferente.
Ela usa o widescreen para filmar de
perto os rostos, criando uma sensação de claustrofobia. Com uma fotografia
contrastada e saturada, mergulha os personagens no escuro, cobrindo-os de
flares, reflexos e filtros brilhosos. O mundo da espionagem é filmado com a
estética de um cassino ou cabaré, algo inovador, embora não necessariamente
coerente com a proposta. Vale o ingresso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário