O QUARTO
DE JACK (Room) Irlanda / Canadá / Inglaterra / EUA, 2015 – Direção Lenny
Abrahamson – elenco: Brie Larson, Jacob Tremblay, Sean Bridgers, Joan Allen,
William H. Macy, Justin Mader, Wendy Crewson, Sandy McMaster, Matt Gordon,
Zarrin Darnell-Martin, Joe Pingue – 118 minutos
UM DOS MELHORES FILMES DO ANO!!!!
Uma
verdadeira aula de como o amor familiar pode vencer as barreiras mais difíceis
que a vida coloca em nossa direção. Com essa frase pode-se definir a grandeza
de “O Quarto de Jack”, um dos filmes mais emblemáticos e contundentes dos
últimos dez anos. Com impressionante interpretação dos protagonistas – a
esplêndida dupla Brie Larson e Jacob Tremblay – é uma experiência única e
impactante. Possui uma carga forte com uma mistura ímpar de sentimentos, como a
raiva, o medo, a dor e a angústia, surpreendendo como a co-produção
independente do mais alto nível do moderno cinema irlandês / canadense / inglês
e norte-americano. A primeira parte do
filme possui um contexto brilhante sobre a vida cotidiana dos personagens, que
deve servir como exemplo nas escolas de cinema, especialmente as que voltam
seus cursos para o campo independente de baixo custo.
Este
poderoso drama baseado no excelente livro “Room”, escrito por Emma Donoghue, discorre
sobre a história de Jack (Jacob Tremblay), um menino que acaba de completar 05
anos e mora com a mãe em um quarto de 10 metros quadrados. A rotina dele é ver
televisão, ler e sonhar. Conforme a curiosidade, sobre o mundo fora do quarto,
a vida da criança começa a ficar mais tensa, a mãe chamada de Ma, depois de Joy,
embarca em uma jornada de explicações sobre a situação que vivem e o que
realmente existe fora daquele quarto. Até que um dia, mãe e filho bolam um
plano de fuga para conseguir sair do lugar onde vivem. A experiência e imersão
completa do filme está justamente na tensão proporcionada, a partir daí grandes
surpresas e momentos de muita tensão explodem. O cineasta Lenny Abrahamson
consegue criar dois momentos que se correspondem a partir de divergências. Um
universo de possibilidades foi criado na convivência solitária no “quarto”,
enquanto o “mundo lá fora” sufoca, gera grandes proporções a explosões
emocionais que surgem com o trauma e a dificuldade de readaptação. O tipo de
crime abordado na história infelizmente tem aumentado muito o número de casos
nos EUA.
O filme se
inicia de forma incrível e magnífica, com uma fotografia que deixa o quarto
grande para mostrar que para o menino, aquele é o tamanho do seu mundo. O
diretor decide se apegar aos detalhes do cotidiano dos dois, e constrói a
história de forma inquietante fazendo com que realmente o espectador se importe
pelos personagens. A sutileza em como o minúsculo cenário do quarto é
explorado, bem como os personagens que ele habita, já sugere o que é preciso
saber sem que isso precise ser claramente verbalizado. Entre tantos méritos,
merece destacar o brilhantismo das interpretações dos atores centrais. O
pequeno Jacob Tremblay é quem realmente move “O Quarto de Jack”. Ele vira gente
grande, domina com uma força descomunal as consequências, e com uma atuação
impressionante. A sua vulnerabilidade, a
princípio preservada com o colo materno, os óculos escuros e as máscaras, aos
poucos dá lugar para aquela curiosidade de quem está assimilando novos códigos
e as novas figuras que o rondarão. Brie Larson, que faz o papel da mãe, em uma
incrível interpretação, vencedora do
Oscar 2016, na categoria de Melhor Atriz do ano, alterna bem entre a maturidade
que sua personagem ganha com a péssima experiência e a dor dos anos perdidos.
Saindo muito bem em suas “grandes cenas”, onde grita e chora de maneira muito
convincente, a atriz surpreende principalmente nas “pequenas cenas”, como
trocas de olhares para Jack, afeições de carinhos maternais e principalmente em
um momento que ela responde a uma pergunta com “mas ele tinha a mim”, mostrando
com apenas um olhar como o seu filho passou a ser a maior razão de sua
sobrevivência. O QUARTO DE JACK é um filme soberbo e grandioso em sua temática,
com um perfeito toque da história e dois protagonistas que se completam. Foi
indicado ao Oscar 2016, na categoria Melhor Filme do Ano e perdeu injustamente
para “Spotlight – Segredos Revelados”. Foi vencedor do Festival de Toronto
2015. Obrigatório, belo e absolutamente extraordinário, é o melhor filme do
ano!!!!