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domingo, 22 de janeiro de 2017

SETE HOMENS E UM DESTINO (The Magnificent Seven) EUA, 2016 – Direção Antoine Fuqua – elenco: Denzel Washington, Chris Pratt, Ethan Hawke, Vincent D’Onofrio, Byung-hun Lee, Manuel Garcia-Rulfo, Martin Sensmeier, Haley Bennett, Peter Sarsgaard, Luke Grimes, Matt Borner, Jonathan Joss – 130 minutos

        UMA CAPRICHADA RELEITURA  DO GRANDE CLÁSSICO DO WESTERN


Em tempos de "inclusão" e "diversidade", o novo filme de Antoine Fuqua (em impecável direção) traz quatro tipos (numericamente superiores) não-caucasianos entre os sete do título, sendo um oriental (Byung-hun Lee), um descendente de indígenas (Martin Sensmeier) e um latino (Manuel Garcia-Rulfo), todos sob a tutela de um negro, Sam Chisolm (Denzel Washington). Lançado em 1960, Sete Homens e um Destino (The Magnificent Seven) transportou para o Velho Oeste a essência da trama do grande clássico japonês Os Sete Samurais (1954), dirigido por Akira Kurosawa. A nova versão é baseada em ambos os clássicos, que também já ganharam uma releitura infantil em 1998 com a animação Vida de Inseto. Trata-se basicamente da história de uma vila de camponeses que solicita a ajuda de um grupo de forasteiros para lutar contra a opressão de invasores. Diferente do clássico dos anos 1960, dessa vez, não são os mexicanos que sofrem com os ataques do vilão ganancioso (papel assumido aqui por Peter Sarsgaard), mas americanos natos. E quem tem coragem de fazer algo e dar início ao recrutamento da trupe para defender a vila é uma mulher, a personagem de Haley Bennett, que, diferente das donzelas do gênero, põe a mão na massa, ou melhor, nas armas.


O filme é uma releitura caprichada do já citado faroeste clássico homônimo dos anos 1960. No lugar de Yul Brynner, Denzel Washington, no de Steve McQueen, o carismático Chris Pratt, no de Charles Bronson, Ethan Hawke. Nesta nova versão saem os mexicanos malvados e entra um barão corporativo americano capitalista até a medula (Peter Sarsgaard). Ele oprime os mineiros da cidadezinha de Rose Creek. O filme original fantasiava a realidade, criando um universo mítico. Uma terra de Marlboro, onde até os proscritos tinham lá suas virtudes. As atuações soberbas, o vigor do diretor John Sturges para construir as cenas de ação e a trilha de Elmer Bernstein eram as razões que tornaram o filme um clássico.  Os roteiristas Nick Pizzolatto e Richard Wenk optam por uma abordagem pé no chão. Ninguém em cena é inocente. O caçador de recompensas vivido por Denzel Washington, organiza a resistência não porque ficou sensibilizado com o drama dos mineiros, mas porque é conveniente: ele já estava atrás do barão. Na versão antiga, os sete homens se interessavam pelo dinheiro, mas gradualmente a recompensa se revelava fútil, e eles acabam aderindo à causa. Não há ideologia no novo filme. Estamos num mundo de individualistas e cada um tem seu propósito pessoal para se juntar ao grupo. 


É um filme brilhante e tem como um de seus maiores trunfos o fato de respeitar a essência dos faroestes produzidos no período clássico, porém com um diferencial: a utilização de doses exatas de humor como artifício para aproximar a plateia atual, que não tem como hábito o consumo de filmes deste gênero. E parte deste alívio cômico em meio a tanta violência vem do personagem de Chris Pratt, bastante à vontade como o anti-herói Josh Faraday. Na verdade, Pratt não é o único ator a demonstrar conforto em cena, pois todo o elenco oferece ótimos desempenhos, deixando nítido ao espectador seu total entrosamento. Contudo, os grandes destaques são Denzel Washington e Ethan Hawke (Goodnight Robicheaux), que já trabalharam com o diretor em “Dia de Treinamento” (Training Day – 2001). Enquanto Washington se destaca como um cawbói clássico, o anti-herói sério e destemido, Hawke equilibra fragilidade e insanidade com precisão. É formidável a forma como é composta a movimentação dos atores criando um jogo cênico, que explora muito bem a profundidade de campo e o extracampo. E eis uma raridade: um filme de ação, em que a palavra nunca é menosprezada. Sente-se a densidade dos diálogos e as construções subitamente acidentadas que revelam verdades mais complexas. Os diferenciais da produção de 2016 são uma ênfase na diversidade étnica e uma mensagem anticapitalista, além de um número de tiros por minuto bem acima da média geral. Baseado em um material consagrado e ambientado no século 19, “Sete Homens e Um Destino” não arrisca ousadias, não força a barra para ser moderno e mantém-se como um filme heroico, essencialmente tradicional, sem ostentação, por exemplo, nos efeitos especiais digitais. Apesar da violência, o filme busca a elegância e não se rende à influência de nada e nem de ninguém. A marcante música-tema do original de 1960 é resgatada nos créditos finais. Espetacular e eletrizante, merece ser visto e revisto nos cinemas!!! Diversão de primeira!!!


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