AS DUAS FACES DA
FELICIDADE (Le Bonheur) França, 1965 – Direção Agnès Varda – elenco:
Jean-Claude Druout, Claire Druout, Marie-France Boyer, Olivier Druout, Sandrine
Druout – 80 minutos.
QUANDO AMAMOS DUAS
PESSOAS, PODEMOS TER A FELICIDADE??
Um
belíssimo filme questiona o que é ser feliz, e o que nos faz feliz. Um homem
casado (e pai), pequeno burguês perfeito, se envolve com outra mulher, mas ele
não quer abandonar a esposa. Quer as duas. A impossibilidade de tê-las, lança
uma nuvem sobre a tal felicidade. Sem discursos existenciais explícitos ou
afetações comportamentais, a cineasta Agnès Varda está no auge de toda
imbricação estética e ideológica que sempre se apresentou em sua carreira.
Comprar a idéia ou não da teoria que se apresenta, fica a critério de cada um.
O que Varda possibilita é a reflexão sobre posturas e comportamentos, provocando
o pensamento não-limitado a situações cotidianas. É
um dos filmes mais estáveis na obra da diretora e também dos mais virtuosos e
de esmero estilístico. A imagem fala muito sobre si mesma, imagem esta
carregada de beleza e minuciosamente construída. Ela é criada de forma a
revelar-se distante de qualquer exatidão, assim como a exatidão está longe de
qualquer filme da obra de Varda.
Características conflitantes se cruzam, gerando um filme que se utiliza
de sua própria plasticidade para produzir uma tensão interna latente e,
conseqüentemente, para o espectador. Tamanha é a harmonia na composição gráfica
dos espaços, nas cores, nas relações, nos rostos, nos gestos. A complexidade,
aí, se dá na corporificação de uma harmonia que extrapola. Um fantástico espetáculo
para os olhos, repleto e lotado de tomadas que parecem quadros, pinturas e
belas obras de arte!! Um pequeno grande filme, raro e inesquecível, que merece
ser redescoberto!!!
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