BILLY ELLIOTT (Billy Elliott)
EUA, 2000 – Direção de Stephen Daldry – elenco: Jamie Bell, Julie Walters, Jean
Heywood, Jamie Draven, Gary Lewis, Stuart Wells, Nicola Blackwell, Adam Cooper,
Mike Elliot, Merryn Owen – 110 minutos
UMA
OBRA-PRIMA QUE É UM TRIUNFO E UMA ESTÉTICA PRIMOROSA
Esta é a comovente história de um
menino de família de classe média que descobre uma paixão que irá mudar para
sempre a sua vida. Billy Elliott tem 11 anos de idade, tem que tomar conta da
avó senil, é filho de um mineiro (que está participando de um protesto em favor
da greve nas minas de carvão), está indo para sua aula de lutador de boxe,
quando passa por uma escola de ballett. Em segredo, ele começa a freqüentar
essas aulas, sabendo que sua família operária nunca vai aceitar. Sob a
orientação de sua professora, a Sra. Wilkinson (Julie Walters), o talento em
estado bruto de Billy desabrocha. Um dia o pai descobre a ambição do seu filho.
A partir de então Billy vai precisar lutar muito por seus sonhos e por seu
destino. Ele terá de enfrentar o
preconceito da família pobre e ignorante sobre uma arte tão restrita às
mulheres, muito associada à homossexualidade e elitista; e também com o
enfurecimento daqueles que não acreditam que um filho de operário possa ter
talento para as artes. Billy é obrigado a decidir entre desenvolver o seu
talento ou honrar sua herança e se tornar mineiro.
O filme tem seqüências memoráveis
e sensíveis, como aquela em que Billy começa a descobrir sua sexualidade com um
amiguinho sutilmente efeminado e que na intimidade adora se maquiar e se vestir
de mulher. É uma notável experiência no processo crescente de derrubar
barreiras. Toda a história é passada nos anos 1980, em Durham County, cidade do
nordeste da Inglaterra. O elenco está
primoroso, além de Julie Walters, já citada acima, destaque para Gary Lewis, que
faz o pai severo do menino; e, claro, na exuberante atuação de Jamie Bell, que
interpreta o próprio Billy, que, com um único olhar, consegue o equilíbrio perfeito
entre angústia, emoção e liberdade. Jamie Bell foi escolhido entre outros dois
mil meninos. Ele consegue apresentar
uma expressão tão natural como quem já nasceu assustado com o mundo, como quem
já sabia de tudo e de tudo que iria enfrentar. É uma atuação de inigualável
brilho.
O personagem foi inspirado na
infância do próprio roteirista Lee Hall, que vivenciou a greve dos mineiros
entre 1984 e 1985. Em entrevista ele disse: “Queria escrever isso de maneira
objetiva, observando os diferentes focos de tensão na comunidade, o que seria
vital para determinar o fracasso da greve. Mas a história meio que se escreveu
sozinha, uma vez que eu defini a imagem do garoto encrencado com sua família,
sua comunidade e jogado contra um mundo maior e mais cruel”. Quando lançado na Inglaterra foi um enorme
sucesso e depois se expandiu por outros países, inclusive aqui no Brasil. O
filme foi indicado em várias categorias para o Globo de Ouro e recebeu três
indicações ao Oscar 2001: Melhor Diretor (Stephen Daldry, em seu primeiro
longa-metragem); Melhor Atriz Coadjuvante (merecida indicação de Julie Walters
em brilhante performance) e Melhor Roteiro Original. Injustamente não foi
indicado a Melhor Filme. O filme é um
triunfo, com uma história igualmente triunfante de um menino que procura
superar seus limites num mundo hostil para seguir o desejo do seu coração. Um
dos melhores filmes do ano! Consegue conciliar conflitos sociais e estética
primorosa. Absolutamente belo e extremamente contemporâneo!
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