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quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

BILLY ELLIOTT (Billy Elliott) EUA, 2000 – Direção de Stephen Daldry – elenco: Jamie Bell, Julie Walters, Jean Heywood, Jamie Draven, Gary Lewis, Stuart Wells, Nicola Blackwell, Adam Cooper, Mike Elliot, Merryn Owen – 110 minutos

UMA OBRA-PRIMA QUE É UM TRIUNFO E UMA ESTÉTICA PRIMOROSA


Esta é a comovente história de um menino de família de classe média que descobre uma paixão que irá mudar para sempre a sua vida. Billy Elliott tem 11 anos de idade, tem que tomar conta da avó senil, é filho de um mineiro (que está participando de um protesto em favor da greve nas minas de carvão), está indo para sua aula de lutador de boxe, quando passa por uma escola de ballett. Em segredo, ele começa a freqüentar essas aulas, sabendo que sua família operária nunca vai aceitar. Sob a orientação de sua professora, a Sra. Wilkinson (Julie Walters), o talento em estado bruto de Billy desabrocha. Um dia o pai descobre a ambição do seu filho. A partir de então Billy vai precisar lutar muito por seus sonhos e por seu destino.  Ele terá de enfrentar o preconceito da família pobre e ignorante sobre uma arte tão restrita às mulheres, muito associada à homossexualidade e elitista; e também com o enfurecimento daqueles que não acreditam que um filho de operário possa ter talento para as artes. Billy é obrigado a decidir entre desenvolver o seu talento ou honrar sua herança e se tornar mineiro. 


O filme tem seqüências memoráveis e sensíveis, como aquela em que Billy começa a descobrir sua sexualidade com um amiguinho sutilmente efeminado e que na intimidade adora se maquiar e se vestir de mulher. É uma notável experiência no processo crescente de derrubar barreiras. Toda a história é passada nos anos 1980, em Durham County, cidade do nordeste da Inglaterra.  O elenco está primoroso, além de Julie Walters, já citada acima, destaque para Gary Lewis, que faz o pai severo do menino; e, claro, na exuberante atuação de Jamie Bell, que interpreta o próprio Billy, que, com um único olhar, consegue o equilíbrio perfeito entre angústia, emoção e liberdade. Jamie Bell foi escolhido entre outros dois mil meninos.    Ele consegue apresentar uma expressão tão natural como quem já nasceu assustado com o mundo, como quem já sabia de tudo e de tudo que iria enfrentar. É uma atuação de inigualável brilho. 


O personagem foi inspirado na infância do próprio roteirista Lee Hall, que vivenciou a greve dos mineiros entre 1984 e 1985. Em entrevista ele disse: “Queria escrever isso de maneira objetiva, observando os diferentes focos de tensão na comunidade, o que seria vital para determinar o fracasso da greve. Mas a história meio que se escreveu sozinha, uma vez que eu defini a imagem do garoto encrencado com sua família, sua comunidade e jogado contra um mundo maior e mais cruel”.  Quando lançado na Inglaterra foi um enorme sucesso e depois se expandiu por outros países, inclusive aqui no Brasil. O filme foi indicado em várias categorias para o Globo de Ouro e recebeu três indicações ao Oscar 2001: Melhor Diretor (Stephen Daldry, em seu primeiro longa-metragem); Melhor Atriz Coadjuvante (merecida indicação de Julie Walters em brilhante performance) e Melhor Roteiro Original. Injustamente não foi indicado a Melhor Filme.  O filme é um triunfo, com uma história igualmente triunfante de um menino que procura superar seus limites num mundo hostil para seguir o desejo do seu coração. Um dos melhores filmes do ano! Consegue conciliar conflitos sociais e estética primorosa. Absolutamente belo e extremamente contemporâneo!

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