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sábado, 7 de janeiro de 2017

ANIMAIS NOTURNOS (Nocturnal Animals) EUA, 2016 – Direção Tom Ford – elenco: Amy Adams, Jake Gyllenhaal, Michael Shannon, Aaron Taylor-Johnson, Isla Fisher, Ellie Bamber, Armie Hammer, Karl Glusman, Robert Aramayo, Laura Linney, Andrea Riseborough, India Menuez, Michael Sheen, Imogen Waterhouse, Franco Vega – 114 minutos

          QUANDO VOCÊ AMA ALGUÉM, NÃO DEVE POR TUDO A PERDER 


Este é um filme sobre artistas e aspirantes a desistências e arrependimentos; sobre amores passados que, vistos sob a luz de dores no presente, começam a soar como oportunidades perdidas ou como boias salva-vidas quando, na realidade, provavelmente gerariam sua própria parcela de problemas caso resgatados. Assim, quando Susan Morrow (Amy Adams), uma dona de galeria casada com um sujeito bonito e bem-sucedido (Armie Hammer), começa a questionar o vazio que a cerca, é apenas natural que se sinta balançada ao receber um manuscrito enviado pelo ex-marido Edward (Jake Gyllenhaal), que, como se não bastasse, dedica o livro a ela. Enquanto lida com os problemas de seu cotidiano, Susan lê a história concebida pelo ex, que gira em torno de uma família (Gyllenhaal, Isla Fisher e Ellie Bamber) confrontada numa estrada deserta, à noite, por três jovens violentos (Aaron Taylor-Johnson, Karl Glusman e Robert Aramayo). 


Já nas primeiras cenas, o espectador é colocado diante de um impacto que prosseguirá entrelaçando diferentes sensações no decorrer da trama. Mulheres morbidamente obesas dançam como go-go girls de um bizarro show de horrores. O aparentemente grotesco, porém, surpreende o olhar transformando-se em belo. Isso é o poder da arte. Esse é o cinema de Tom Ford, que já tem uma carreira estabilizada no mundo da moda e em 2009 se aventurou também nas telonas com “Direito de Amar”, drama LGBT que gira em torno de um professor que decide tirar a própria vida após a trágica morte de seu companheiro. A estreia do diretor foi bastante aclamada pela crítica e rendeu a Colin Firth sua primeira indicação ao Oscar. Agora, ele retorna ao posto de diretor com este tenso suspense psicológico “Animais Noturnos”.  O roteiro adaptado da obra “Tony and Susan”, de Austin Wright, por Tom Ford é um exercício muito complexo e inteligente sobre perdas e traumas que alimentam nossa mente mesmo muito tempo depois de acontecidos. E ainda uma clara crítica à burguesia norte-americana que respira o capitalismo mesmo quando o assunto é o sentimento.


A direção de Tom Ford é excelente, pela elegância em que conduz a trama e pelo uso da estética a favor da narrativa, mas principalmente por conseguir hipnotizar o espectador para a história contada, rapidamente você é tomado (a) pela narrativa e isso vai até o fim, sem nunca perder o ritmo. A montagem (incrível) teve papel fundamental para tal resultado, ainda mais por se tratar de um filme que se passa em 3 camadas. A história dentro da história faz do filme algo muito envolvente. Um thriller psicológico construído com um convincente clima de tensão. Para completar, o segmento ainda conta com uma boa performance de Aaron Taylor-Johnson, um excelente trabalho de Michael Shannon, a genial atuação de Laura Linney como a mãe de Susan e uma performance extraordinária de Jake Gyllenhaal, digna de uma indicação ao Oscar 2017. É uma história de vingança - revenge, como no quadro pendurado na parede da galeria de Susan. Mas é a vingança de Jake Gyllenhaal como o marido da ficção ou o ex de Amy na realidade? 


São  personagens que arrastam pelas sombras da infelicidade o peso de decisões que, por pressão, impulso, medo ou a corajosa autoconfiança da juventude, mostram-se irreversíveis a horas tantas da vida. Tentar retomar o passo pode abrir a esperança de redenção da culpa ou o alçapão para mergulhar no precipício. Tom Ford carrega o espectador junto numa densa imersão em que drama, violência e suspense são costurados com incomum habilidade. É justa sua dupla indicação ao Globo de Ouro, em janeiro, como melhor diretor e roteirista — Aaron Taylor-Johnson concorre como ator coadjuvante. É um filme denso, melancólico, perturbador, mas de uma beleza estética e assombrosa reflexão!!


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