O LOBO DO DESERTO (Theeb) Jordânia / Qatar, 2014 – Direção Naji Abu
Nowar – elenco: Jacir Eid Al-Hwietat, Hussein Salameh Al-Sweilhiyeen, Hisham
Ahmand, Jack Fox, Hassan Mutlag Al-Maraiyeh, Ali Al-Awaisheh, Yaseer Al-Braji,
Taha Ahmad Al-Radaideh, Saif Hamdan Al-Udwan, Mohammad Al-Ugaily, Safa
Alazarat, Hmood Ali – 100 minutos
UMA BELÍSSIMA CRUZADA SOLITÁRIA
MOVIDA POR VINGANÇA!!!
O primeiro aspecto que chama a atenção neste
filme jordaniano é sua produção grandiosa. Para contar a aventura do garoto
Theeb através dos perigosos desertos do país, o diretor estreante Naji Abu Nowar apresenta imagens cuidadosamente
compostas, com um trabalho de câmera excepcional e uma montagem refinada, digna
dos grandes trabalhos de estúdio. Não é de se espantar que tenha sido indicado
na categoria de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar 2016. Desde seu lançamento, “Lawrence da
Arábia” (1962) se tornou a
referência absoluta para filmes sobre a vida no deserto. A relação estabelecida
entre qualquer obra com esta ambientação e o clássico de David Lean é imediata,
e com “O Lobo do Deserto” não é
diferente. Esse primeiro filme do cineasta Naji Abu Nowar, britânico de
ascendência jordaniana, possui ecos da cinebiografia de Thomas Edward Lawrence,
que vão desde locações até a presença de um soldado inglês na trama. Mas
diferente do escopo magnificente de “Lawrence
da Arábia”, um épico por excelência, o trabalho de Nowar se utiliza das
grandiosas paisagens desérticas para narrar uma história mais intimista, nos
moldes do conto de formação.
"O Lobo do Deserto" narra, a partir da perspectiva
ingênua de Theeb, o contexto de eventos políticos que definiram o Oriente Médio
nas décadas seguintes, o mesmo período, aliás, do já citado épico
"Lawrence da Arábia". A história ocorre simultaneamente à Revolta
Árabe (1916-1918), quando nacionalistas árabes lutaram contra o Império Otomano
pela independência dessa região. Essas batalhas estão inseridas no âmbito da
Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Mas, enquanto em "Lawrence da
Arábia" o protagonista era uma peça estratégica, e interessada nos eventos
políticos, em "O Lobo do Deserto" o jovem Theeb é um beduíno mais
preocupado com seus laços familiares e suas tradições.
O ponto de partida é simples e diretor o desenvolve com muita
segurança, apostando na economia de diálogos e explicações. Seu filme se faz
entender pelas imagens e pela criação de atmosferas, que transitam por diversos
gêneros. Em seu primeiro ato, o longa busca inspiração nos westerns de emboscada,
quando Nowar faz com que, mesmo com a amplidão do cenário, sua narrativa se
torne sufocante. Os caminhos estreitos entre as rochas, o poço abandonado, os
sons que vêm do alto dos penhascos, são todos signos familiares aos westerns filmados em Monument Valley por John Ford,
por exemplo, e que o filme utiliza de maneira exemplar para criar um clima
crescente de suspense e tensão latente. Indicado à categoria de Melhor Filme
Estrangeiro no Oscar 2016, o representante da Jordânia apresenta uma trama de
caráter universal sobre a necessidade compulsória de amadurecimento de uma
criança, o pequeno Theeb (Jacir Eid Al-Hwietat), cujo nome significa “lobo”.
Sob o olhar atento de Theeb, acompanhamos a trama que se passa em 1916, período
da Primeira Guerra Mundial, no Império Otomano, onde uma tribo beduína,
liderada pelo irmão mais velho do menino após a morte dos pais, recebe a visita
de um oficial do Exército Britânico (Jack Fox) e seu tradutor com o pedido de
que sejam guiados até um poço no meio do deserto. Hussein (Hussein Salameh Al-Sweilhiyeen),
o irmão do meio, acompanha os dois até o local, sem perceber que o curioso
irmão caçula os seguia. O que inicialmente era uma aventura para Theeb torna-se
uma perigosa empreitada pela sobrevivência num cenário mais inóspito e violento
do que ele imaginava. Uma obra imortal, atemporal e universal!!!
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