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quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

O LOBO DO DESERTO (Theeb)  Jordânia / Qatar, 2014 – Direção Naji Abu Nowar – elenco: Jacir Eid Al-Hwietat, Hussein Salameh Al-Sweilhiyeen, Hisham Ahmand, Jack Fox, Hassan Mutlag Al-Maraiyeh, Ali Al-Awaisheh, Yaseer Al-Braji, Taha Ahmad Al-Radaideh, Saif Hamdan Al-Udwan, Mohammad Al-Ugaily, Safa Alazarat, Hmood Ali – 100 minutos

             UMA BELÍSSIMA CRUZADA SOLITÁRIA MOVIDA POR VINGANÇA!!! 


O primeiro aspecto que chama a atenção neste filme jordaniano é sua produção grandiosa. Para contar a aventura do garoto Theeb através dos perigosos desertos do país, o diretor estreante Naji Abu Nowar apresenta imagens cuidadosamente compostas, com um trabalho de câmera excepcional e uma montagem refinada, digna dos grandes trabalhos de estúdio. Não é de se espantar que tenha sido indicado na categoria de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar 2016. Desde seu lançamento, “Lawrence da Arábia” (1962) se tornou a referência absoluta para filmes sobre a vida no deserto. A relação estabelecida entre qualquer obra com esta ambientação e o clássico de David Lean é imediata, e com “O Lobo do Deserto” não é diferente. Esse primeiro filme do cineasta Naji Abu Nowar, britânico de ascendência jordaniana, possui ecos da cinebiografia de Thomas Edward Lawrence, que vão desde locações até a presença de um soldado inglês na trama. Mas diferente do escopo magnificente de “Lawrence da Arábia”, um épico por excelência, o trabalho de Nowar se utiliza das grandiosas paisagens desérticas para narrar uma história mais intimista, nos moldes do conto de formação. 


"O Lobo do Deserto" narra, a partir da perspectiva ingênua de Theeb, o contexto de eventos políticos que definiram o Oriente Médio nas décadas seguintes, o mesmo período, aliás, do já citado épico "Lawrence da Arábia". A história ocorre simultaneamente à Revolta Árabe (1916-1918), quando nacionalistas árabes lutaram contra o Império Otomano pela independência dessa região. Essas batalhas estão inseridas no âmbito da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Mas, enquanto em "Lawrence da Arábia" o protagonista era uma peça estratégica, e interessada nos eventos políticos, em "O Lobo do Deserto" o jovem Theeb é um beduíno mais preocupado com seus laços familiares e suas tradições. 


O ponto de partida é simples e diretor o desenvolve com muita segurança, apostando na economia de diálogos e explicações. Seu filme se faz entender pelas imagens e pela criação de atmosferas, que transitam por diversos gêneros. Em seu primeiro ato, o longa busca inspiração nos westerns de emboscada, quando Nowar faz com que, mesmo com a amplidão do cenário, sua narrativa se torne sufocante. Os caminhos estreitos entre as rochas, o poço abandonado, os sons que vêm do alto dos penhascos, são todos signos familiares aos westerns filmados em Monument Valley por John Ford, por exemplo, e que o filme utiliza de maneira exemplar para criar um clima crescente de suspense e tensão latente. Indicado à categoria de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar 2016, o representante da Jordânia apresenta uma trama de caráter universal sobre a necessidade compulsória de amadurecimento de uma criança, o pequeno Theeb (Jacir Eid Al-Hwietat), cujo nome significa “lobo”. Sob o olhar atento de Theeb, acompanhamos a trama que se passa em 1916, período da Primeira Guerra Mundial, no Império Otomano, onde uma tribo beduína, liderada pelo irmão mais velho do menino após a morte dos pais, recebe a visita de um oficial do Exército Britânico (Jack Fox) e seu tradutor com o pedido de que sejam guiados até um poço no meio do deserto. Hussein (Hussein Salameh Al-Sweilhiyeen), o irmão do meio, acompanha os dois até o local, sem perceber que o curioso irmão caçula os seguia. O que inicialmente era uma aventura para Theeb torna-se uma perigosa empreitada pela sobrevivência num cenário mais inóspito e violento do que ele imaginava. Uma obra imortal, atemporal e universal!!!



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