domingo, 9 de outubro de 2011
63º Lugar - LADRÕES DE BICICLETA (Ladri Di Biciclette) Itália, 1948
OS 100 MELHORES FILMES DE TODOS OS TEMPOS!!
63º Lugar - LADRÕES DE BICICLETA (Ladri Di Biciclette) Itália, 1948 – Direção Vittorio De Sica – Lamberto Maggiorani, Enzo Staiola, Lianella Carell, Gino Saltamerenda, Vittorio Antonucci, Sergio Leone (seminarista) – 90 minutos.
É um dos mais belos filmes integrantes do Neo-Realismo, movimento originário na Itália no meio dos anos 1940 que contava histórias de conseqüências da guerra, ou então resistências durante a mesma; movimento que possui alguns dos melhores filmes da história do cinema. Além do filme em questão, ROMA, CIDADE ABERTA - de Roberto Rossellini, com roteiro do gênio Federico Fellini -; OBSESSÃO e A TERRA TREME - ambos de Luchino Visconti - são outros clássicos inesquecíveis presentes no movimento. Quem dirige LADRÕES DE BICICLETA é Vittorio de Sica, o poeta do Neo-Realismo, o homem das emoções, o que ia direto aos corações italianos.
Vale citar que, por causa do medo da imagem que a Itália tinha com o que os filmes mostram, os neo-realistas sofriam diversas repressões, o que levou todos os diretores a abandonar esse estilo de filmar pouco depois. Diversas pessoas são mostradas desesperadas, atrás de emprego, fazendo qualquer coisa. Mostra-se também o mercado negro, representado pelo mercado de bicicletas, e o desespero humano, até onde uma pessoa pode chegar. Aliás, é nisso que o filme se baseia, na degradação humana pela necessidade, em busca do que hoje para muitos pode ser banal. O desespero de forma crua e imprevisível, tudo com o toque sentimental inconfundível de Vittorio De Sica à obra.
Na Roma devastada do pós-guerra, um pai de família desempregado, Antonio, consegue uma vaga como colador de cartazes. Para isso, sua bicicleta é instrumento de trabalho indispensável. Em seu primeiro dia no emprego ela é roubada. Começa, então uma busca de Antonio pela preciosidade perdida. Ao acompanhar a odisséia do protagonista pelas ruas de Roma, o diretor e o roteirista realizam uma radiografia da sociedade italiana da época. Nada escapa: o desemprego, a Igreja, os sindicatos, a criminalidade, o misticismo popular e até o futebol, cuja paixão emoldura o trágico desfecho. Clássico absoluto do neo-realismo italiano, o filme soa como um libelo anti-industrial. Mas um detalhe crucial lhe dá uma dimensão moral mais elevada e, certamente, é a principal razão de seu impacto: a presença do filho de Antonio, Bruno (Enzo Staiola), o tempo todo junto ao pai, como a lembrá-lo de sua humanidade. Extraordinário!!
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