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sábado, 29 de outubro de 2011

44º Lugar - JANELA INDISCRETA (Rear Window) EUA, 1954



OS 100 MELHORES FILMES DE TODOS OS TEMPOS!!

44º Lugar - JANELA INDISCRETA (Rear Window) EUA, 1954 – Direção Alfred Hitchcock – elenco: James Stewart, Grace Kelly, Wendell Corey, Thelma Ritter, Raymond Burr, Judith Evelyn, Ross Bagdasarian, Georgine Darcy, Irene Winston – 112 minutos.

Filmado entre Novembro de 1953 e Janeiro de 1954, a história gira em torno de um jornalista chamado Jeff, interpretado por James Stewart, que está de repouso em sua casa, depois de quebrar a perna arriscando-se na produção de uma matéria. Como não tem nada para fazer durante o dia, ele passa a espiar o cotidiano de seus vizinhos, até que desconfia que um deles tenha matado a própria esposa e tenta provar isso para sua mulher e um amigo detetive. Um enorme cenário foi construído nos estúdios da Paramount, contendo 31 janelas para o filme ser ambientado. Ele começa um pouco devagar justamente para apresentar aos telespectadores essa enorme vizinhança artificial, e isso não cai ao gosto de algumas pessoas, apesar de ser totalmente necessário para o entendimento do que está acontecendo ao redor.

A história de JANELA INDISCRETA é assinada por John Michael Hayes, e apesar de Hitchcock ter passado todo o tempo de produção do roteiro ao lado do escritor, ou seja, influenciando diretamente no resultado final da obra, não teve seu nome incluído nos créditos finais. É baseado em um conto de Cornell Woolrich, mas com os toques geniais que só Hitchcock sabia dar a seus filmes. Vários elementos que aproximaram humanamente a história e as pessoas não haviam no original, como todos os vizinhos que rondam Jeff. Na história de origem, era só ele e a suspeita do assassinato, mas com a inclusão de várias histórias paralelas, como a mulher solitária, o compositor e a bailarina, nos aproximamos ainda mais da idéia que Hitchcock procurou alcançar. Além do roteiro excelente que o filme se vangloria, as atuações de James Stewart, Grace Kelly, Thelma Ritter estão magníficas, contribuindo bastante para o clima proposto. Hitchcock faz sua aparição habitual e discreta (como sempre fez em todos os seus filmes). Aqui ele conserta um relógio em um dos apartamentos. A fotografia, que começa com tomadas calmas e distantes, também evolui para um ponto dramático e com planos fechados, ou seja, tudo está em uma perfeita sincronia para a obra prima final.



Uma presença forte e marcante na tela é, sem sombra de dúvidas, a de Grace Kelly. Linda, maravilhosa, dá o teor romântico (mais uma característica 'Hitchcockiana' básica no filme) à história. Seu primeiro plano, o momento em que ela se aproxima de Jeff a noite, enquanto ele está deitado na sua cama, é clássico e também um dos mais belos planos de uma mulher de todo o cinema. Reza a lenda que era impossível trabalhar em um set com ela e não se apaixonar pela pessoa doce que todos diziam ser. E isso não exclui Hitchcock, que tem como outra lenda uma paixão reclusa pela atriz. Thelma Ritter fecha as características básicas dos filmes do diretor com o humor negro que a história pede, como quando ela fala sobre uma possível mutilação do corpo da vítima enquanto Jeff tenta devorar seu jantar. Resumindo todas essas características, temos um filme que resume tudo o que Hitchcock já havia feito e faria, a partir dali, em seus filmes, de maneira bem básica, mas extremamente eficiente. O que prende o espectador em JANELA INDISCRETA não é a coerência ou clareza da história narrada, nem o significado especial ou uma qualquer observação mais sensível sobre a natureza das pessoas. Não é a história narrada. O que prende mesmo a atenção é a narração, é o fato do filme brincar com a condição do espectador de cinema, brincar com o olhar, com o modo de ver.

Explorando a visão de um fotógrafo que munido de sua teleobjetiva espiona os apartamentos vizinhos, JANELA INDISCRETA trabalha magistralmente com toda a amplidão da tela grande. Situações e personagens desfilam pelos olhos de James Stewart (e pelos nossos) de forma fragmentada e magnética. Não é raro ver um ou outro espectador - no escurinho do cinema - inclinando um pouco o corpo aqui e ali para tentar "enxergar" algum centímetro de cena que a câmera de Hitchcock não mostrou. Puro cinema interativo realizado muitos anos antes do termo sequer ter sido inventado. É o voyerismo fílmico elevado à sua máxima potência!! Um dos maiores e mais importantes filmes do cinema!!

Um comentário:

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